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sexta-feira, 11 de março de 2011

ESTUDANTES ACHAM "NORMAL" QUESTÕES DE MATEMÁTICA COM MOTIVOS CRIMINAIS

Há uma semana, os alunos do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual João Octávio dos Santos, no Morro do São Bento, em Santos, receberam uma avaliação de matemática inusitada. O professor Lívio aplicou problemas matemáticos com contextos de atividades ilícitas, como venda de drogas, roubo de carros, assassinato, armas e prostituição. Apesar de os pais de uma aluna terem denunciado o caso à Polícia e do docente ter sido afastado do cargo, o conteúdo não assustou os estudantes.
As questões que perguntavam sobre a quantidade de tiros que uma AK-47 pode dar sem ser recarregada e sobre o lucro da venda de heroína “batizada” com pó de giz não causaram espanto para os alunos entrevistados pela reportagem do iG. “Não vi nada de errado na hora que ele aplicou a prova. Só depois é que virou polêmica”, afirma Luan, de 14 anos. Marcelo, 15, e Kaiq, 14, também afirmam não ter encontrado problemas nas questões. “Achei normal”, declara Marcelo.

Foto: Marina Morena CostaAmpliar
Entrada da Escola Estadual João Octávio dos Santos
Para Talita, de 15 anos, o professor foi mal interpretado. “Ele queria mostrar que o crime não compensa. Acho que ele não tem relação nenhuma com criminosos”, diz a estudante. A colega Alice acredita que o professor queria chamar a atenção da turma. “E ele conseguiu, porque os meninos ficaram bem mais interessados”, conta a aluna de 15 anos.
Silvia Colello, professora doutora da Universidade de São Paulo (USP), avalia que foi o professor de matemática quem mal interpretou o principio de trazer a realidade para a escola. “A prova tem uma ideologia implícita, porque mostra sempre o ponto de vista do bandido. É ele quem lucra, quem vende, quem faz a ação. Não há nenhuma questão educativa, que abra espaço para a discussão, para o debate”, analisa a especialista em Psicologia da Educação.
Silvia avalia que a troca de bolinhas de gude, frutas e figurinhas – objetos costumeiramente usados em problemas matemáticos – por armas e drogas foi uma tentativa mal sucedida de deixar a prova “engraçada” e atrativa aos estudantes.
Em casa, a reação dos pais foi diferente da dos alunos. Quando souberam do teor da prova, muitos ficaram furiosos. “Minha mãe não entendeu o que ele (professor) fez”, diz Jéssica, 15 anos. Raquel da Silva Xavier, mãe de um aluno da 9ª série, achou a prova “um tremendo absurdo”. “A gente tenta com muito custo deixar nossos filhos fora disso e os problemas que ele deu eram todos parte desse mundo do crime”, reclama.
Segundo relatos de estudantes que preferiram não se identificar, o tráfico de drogas é uma realidade presente no cotidiano do bairro. As gírias e expressões utilizadas pelo professor Lívio na prova estão nas rodinhas de estudantes. A escola fica localizada no alto do Morro São Bento, bairro de classe média baixa de Santos. Em frente à instituição, há uma base da Polícia Militar.
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