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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O AÇÚCAR



O AÇÚCAR



O branco açucar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açucar
não foi feito por mim.

Este açucar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açucar veio
de uma usina de açucar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açucar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açucar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açucar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.


Colaboração do companheiro Roberval Holanda. Colabore você também, com uma poesia de sua autoria ou de sua profunda admiração. É só enviar para o e_mail: francisandradealves@hotmail.com

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