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terça-feira, 1 de novembro de 2011

A PROFESSORA NOVA


          
      Trinta anos de profissão, sala de aula, dura lida com aqueles meninos e meninas, mais aqueles que estas, esculpindo-a paulatinamente. Chegou então o grande dia, já fora de hora: a aposentadoria. Os meninos estavam tão risonhos e felizes que até contrariavam a velha mestra. Mas essa ideia contrastava com a festa de despedida. Durante dias os meninos e as meninas se revezaram num esforço contínuo, às escondidas, segredo de lesa-turma. Ninguém podia saber da festa. A despedida. Pediram discurso, os pequenos. Ela com lágrimas nos olhos quase desistiu de vestir a camisola. Mas foi. Abraçou um a uma, e eles o fizeram, como nunca tinham feito.
            Havia, porém, uma incógnita: quem substituiria Professora Maria, na árdua tarefa de ensinar a ler e escrever àqueles pestinha? Logo que se iniciou a semana seguinte ao afastamento, os pequenos, e principalmente os pequenos, exigiram uma professora nova. A ponto de irem até o gabinete da diretora para falar a ela que queriam uma professora nova. A diretora, durante o intervalo, comentou com os professores e as professoras sobre os meninos:
          — Ora vejam só, a gente pensa que esses pestinhas não gostam de estudar! Mas foi só a Maria se aposentar, já vieram à minha sala exigir uma professora nova. Bem ajuizados são eles. Benza-os, Deus!

          A semana se prolongou com dona Fátima solicitando à Secretaria de Educação uma professora nova para substituir Maria, alegando que, além de estarem com o aprendizado prejudicado, os pequenos gostavam muito de estudar e não podiam perder o gosto pelas aulas. O dilema, felizmente, durou pouco. Duas semanas após os acontecimentos narrados, chegou à escola dona Lúcia. Vinha da própria Secretaria. Além de exímia professora era considerada uma das mais experientes técnicas em educação infantil. Faltava a ela cinco anos para a aposentadoria, e era seu desejo terminar sua carreira em sala de aula. Quando dona Fátima recebeu essa notícia, um sorriso lhe alargou a boca de orelha a orelha. “nossa! como os meninos vão ficar felizes”. E foi ela pessoalmente apresentar a nova mesta aos pequenos estudiosos. Entretanto, para sua surpresa, não houve nenhuma atitude que denotasse a alegria dos pequenos, sobretudo dos pequenos. E o sobressalto foi maior quando um dos bem pequenos levantou-se em protesto para dizer em nome da turma:
             — Diretora, nós queremos é uma professora nova, novinha estralando!

(Professor Alves, baseado em um fato ocorrido na EEFM Gonzaga Mota, em Messejana)

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