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terça-feira, 16 de julho de 2013

O HOMEM QUE SEMEAVA AMIGOS E OUTRAS CRÔNICAS


Publicação do livro "O Homem que Semeava Amigos e Outras Crônicas", de minha autoria, Professor Alves.
Quem quiser adquirir a obra, pode fazê-lo através do depósito/transferência para Francisco Alves de Andrade, Bradesco, Ag 0741 ; CC 17893, Valor R$ 22,00. Em seguida enviar endereço para minha caixa de mensagem e boa leitura.

APRESENTAÇÃO
              
               Quando se é o caçula de uma grande família, não se tem muito o que fazer a não ser observar os adultos em seus inquietantes conflitos. Foi assim que aprendi a olhar o mundo, sentir, ouvir e falar pouco. Desta forma foram nascendo, crescendo e morrendo na mente textos. Alguns eu os escrevia, para depois descartá-los. Com o advento da “internet” e consequentemente dos “blogs”, pude compilá-los e divulgá-los. Surgiu assim o desejo de publicar este livro de crônicas.
               O leitor irá notar que se trata de textos diversos, narrativos ou dissertativos; memoriais ou contemporâneos; uns emotivos outros nem tanto. Mas todos vieram do íntimo deste ser que sou eu. Nada foi escrito por acaso. Tudo é catarse, exposição daquilo que muitas vezes não se diz com palavras. Sei que algumas frases parecerão ininteligíveis. É que a linguagem do inconsciente às vezes se obnubila para não revelar sentimentos inclaros. Confesso que alguns deles me trazem lágrimas todas às vezes que os leio, e não são poucas essas vezes.
               Foram escritos numa linguagem simples, direta. Com frases curtas, aprendidas com o Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, mestre de todos os que se impelem nesta dura lida de escrever. Alguns textos são breves outros muito breves. É que não sei inventar. Quando o prato está pronto está pronto, não adiantar pôr mais tempero. É que o soneto só pode ter quatorze versos, e não adianta tentar emendá-lo. Assim ficou um livrinho com poucas páginas. Dos males o menor, pois livro grosso afasta  leitores incipientes.

               Desejo a todos uma boa leitura, mas peço complacência com este amigo que inventou de ser escritor e poeta.  

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O HOMEM QUE SEMEAVA AMIGOS


(Para Gonçalino Saboia, no dia da sua passagem)

Seu Gonçalo era um homem que semeava amigos. Por onde passava, onde quer que estivesse, com seu sorriso, sua generosidade e sua honestidade ia semeando novos amigos. Quando o conheci, fiquei surpreso ao ouvi-lo dizer:
─ E aí, meu amigo!
Fiquei surpreso porque nunca o havia visto antes. Mas na sua simplicidade ele nada me disse sobre isso. Só tempos depois é que viria a compreender o significado dessas palavras.
O homem que semeava amigos não via estranhos, só amigos a serem apresentados. Ele não tinha irmãos nem irmãs, não tinha genros, cunhados; sequer filhos tinha. Tinha amigos, pois até estes eram seus amigos. Era assim que ele via a vida, uma imensa  fábrica de amigos. Amigos sem cor, sem religião, sem idade, sem status. Apenas amigos e amigas.
Certa vez andando ao seu lado fiquei estonteado com o número de pessoas de todos os naipes que o cumprimentavam, e ele retribuía o carinho com o mesmo carinho. Quase compreendi sua filosofia, quase, porque não havia filosofia.  Na sua infinita simplicidade de seu sorriso infinito sabia que amor se ganha amando.
Quando um amigo se ia deste mundo, ele não dizia “adeus”, mas “até breve, amigo, logo terminaremos a nossa conversa”. Porque o homem que plantava a amizade adorava conversar. Passava horas e horas dando e recebendo ouvidos.


Até que chegou para ele o magno dia de também se ir. Aqui na terra, multidões vieram dizer “até breve”. As coroas de flores em sua homenagem tomaram três caminhões e muitas outras tiveram de ficar aqui. Seu féretro congestionou toda uma Br, até sua cidade natal, cujas ruas não comportaram tantos automóveis. O padre teve que fazer um apelo para que as pessoas parassem de chorar pelo homem que sabia fazer amigos, pois havia perigo de uma enchente...


Quando chegou ao céu, o homem que semeava amigos foi recebido por uma multidão que veio abraçá-lo e cobrar que se botassem as conversas em dia. Por trás da multidão, São Pedro, bonachão, balançava a cabeça, enquanto o homem que semeava amigos abria caminho entre a multidão, sussurrando a um, sorrindo ante o comentário de outro. Só horas depois transpôs aquele mar de amigos.  Ao ver São Pedro, foi logo dizendo num largo sorriso:
─ E aí, meu amigo... 
                                        (Professor Alves)