Era a voz da minha mãe
Ralhando,
chamando pra almoçar
e eu, desapercebido,
olhos fitos nas letras:
“Sim...”
De que se alimenta o poeta,
Senão de sonhos e de ideias e de
sentimentos!
Sonhos irreais, memoriais, proféticos;
Ideias filosóficas, sacras,
mundanas;
Sentimentos
Niilistas: augustinianos,
Amorosos: vinicianos,
Pungentes: pessoanos.
Qual a essência da poesia
Senão o mundo, o outro, o amor!
O mundo em sua plenitude
Grande, belo, paradoxal;
O outro, bom, mau, imortal;
O amor, divino, humano, universal!
De que se alimenta o poeta?
Minha mãe sabia:
De sonhos, ideias, sentimentos.
(Alves Andrade, agosto,2020)