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quinta-feira, 30 de julho de 2020

DESVARIO

Ela sentia tanta saudade

Que seu ser

Não suportando mais

Se tresvariou

E  agarrada aos raios luminosos

Que lhe pendiam da cabeça ansiosa

Se arremeteu no infinito

Em busca dos fiapos de nuvens...

Agarrou-se ao primeiro

E foi  ao encontro do seu outro

Seu eu se desfez em miríades sentimentais

E o céu iluminou-se mais, mais e mais!

(Alves Andrade)


terça-feira, 27 de agosto de 2019

APERREIO DE RUBRO-NEGRO NA TORCIDA DO CEARÁ



(INFILTRADOS II)

Já contei aqui em prosa
Uma história que ocorreu,
Um destemor sem medida
Foi assim que assucedeu,
Comigo e com o Victor hugo,
Que esse fato aconteceu.

Era o ano dois mil e onze,
Jogo de campeonato,
Jogavam Ceará e Flamengo,
Um jogo de fino trato,
Eu e meu filho torcemos
Pelo Flamengo de fato.

Mas quem quiser saber disso
Leia, pois aqui não digo,
Ele está escrito num livro,
Que carrego cá comigo,
O nome do livro informo
“O homem que semeava amigos”.

Adianto que se trata
De um fato quase engraçado
Torcemos pelo Flamengo,
O caso ficou gravado,
Na torcida do Ceará,
E quase fomos surrado.

pois o mesmo aqui se deu
Nesse domingo passado,
Na arena castelão,
Vi rubro-negro caçado,
Correndo da Cearamor
Pra não ser assassinado.

Quando fui comprar o ingresso,
Havia entrada sobrando
Na torcida do Flamengo,
Mas eu logo fui comprando
Na torcida do vozão
Do passado não lembrando.



No dia do jogo saímos
Travestidos de alvinegros,
Calção e camisa escura
Não lembrava um rubro-negro,
Semblante fechado e duro
Como quem guarda um segredo.

O trajeto foi bem tenso,
Só se ouvia discussão,
Torcedor correndo atrás
De torcedor do Mengão,
Chegamos no estádio aflitos,
Era grande a comoção.

O local tava cheinho
De torcedor do Ceará
A torcida do Flamengo
Ficou do lado de lá,
Bem feliz ela torcia,
Eu medroso do de cá.

Fez uma festa medonha
A torcida do vozão,
Ela toda era risonha,
Lotou todo Castelão,
E eu balançando bandeira
Do mosaico em formação.

Do lado oposto a magnética
Gritando “vai, meu Mengão,”
Era grande a alegria
Da torcida exaltação
E eu de cá tinha que ouvir
“Pra cima deles vozão”.

Também do lado de cá,
Descobri um torcedor
Com a camisa rubro negra
No ombro sem destemor,
Gritando “vai meu Flamengo”
Demonstrando seu amor.

‘Nossa, mãe, que corajoso!’
Pensei eu aqui comigo,
‘Ou seria só loucura
Atacando nosso amigo!’
Percebi uma arrumação,
Vi ali grande perigo.

torcedores brutamontes
Do alvinegro o arrodeou,
Puxaram sua camisa,
E uma arma ele sacou,
Foi bala pra todo lado
Mas ninguém ele acertou.

Ouvindo primeiro tiro,
Saltei lances de cadeira,
No segundo e no terceiro
Já estava na carreira,
No quarto e no quinto tiro
Era grande a tremedeira.

Com muito custo voltei,
O susto tinha passado,
Era grande esta tensão
O cara foi desarmado,
Chamaram logo a polícia,
Os homens tinham chamado.

Chegaram os homens da lei
E o levaram com carinho,
O povo ficou irritado,
E ele dava era risinho
O soldado tinha calma:
“Vamos lá, capitãozinho”!

Logo vi que ele não tinha
Loucura nem um pouquinho,
Era mesmo um fuleragem,
Um possível bolsominho,
Que para matar só quer
Que lhe deem um pezinho.

Depois de tudo acabado,
Depois que o susto passou
A tensão foi só do jogo,
No campo o fogo pegou,
Flamengo fez um a zero
E a Cearamor se calou.






Por dentro eu era feliz,
Por fora grande tristeza,
Pois não podia vibrar,
Aclamar a realeza,
Mexia com a cabeça,
Para ator tenho destreza.

Mas o urubu rubro-negro
Foi pra cima do vovô,
Achando que tava morto
E as garras lhe enfiou,
Meteu dois e meteu três,
Sua carne descarnou.

Quando a partida acabou,
Voltamos pra casa inteiro,
Além da pisa que deu,
O Flamengo era o primeiro
Do sério campeonato
Do certame brasileiro.

Mas esse ano ainda tem
Flamengo contra o Leão,
Vou torcer no lado certo,
Não vou ter preocupação
Vou ser feliz e gritar
“Pra cima deles Mengão!”
(Alves Andrade, agosto de 19)

terça-feira, 7 de maio de 2019

31 DE MARZO

POEMA DE JUAN GELMAN











Ha terminado el mes
y el hijo sin venir
y mi hermano sin volver.
Ha terminado el mes y no te amé las piernas
y no escribí ese poema del otoño en Ontario
y pienso pienso pienso
se fue otro mes
y no hicimos la revolución todavía.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

ABORTO: UMA PÉSSIMA IDEIA



(Apresentado em palestra no GEPE , Grupo Espírita Paulo e Estevão, Praia do Futuro)

Peço licença às senhoras
Pra falar neste salão,
Sobre um tema espinhoso
Que dá muita discussão,
Essa conversa é a respeito
De aborto e evolução

O aborto é um grande crime
Nunca uma divina ação
Pois vimos aqui pra carne,
Na dita reencarnação,
Não só para passear,
Mas pra nossa evolução.

Acreditamos em Deus,
Somos reencarnacionistas,
Somos espíritos antigos,
Orgulhosos e egoístas,
Precisamos reencarnar
Para sermos altruístas.

Dizem por aí que um feto
Não é ainda uma vida.
Mas que coisa equivocada,
Já que o começo da lida
Está já na concepção,
E sua sorte impelida!
  
Naquele ato o perispírito,
Com a carne já se aliou,
Um bonito ser vivente
Daquele elo se formou.
Decisão de evoluir,
Lá na pátria ele tomou.

“Mas se não tiver saúde
O que devemos fazer
Deixar aquele ser inútil
Vir ao mundo pra sofrer?”
Perguntam os abortistas
E eu vou lhes responder:

Tudo tem seu propósito
Coincidência existe não
Se um bebê nascer doente
Tem aí grande razão.
Entra em cena a grande lei
Lei da ação e reação.

Muito espírito se encontra
Em uma forma deletéria,
Precisa então aqui vir
Resolver uma coisa séria,
Vem aqui por pouco tempo
Dar um choque na matéria.

É grande oportunidade
Que não devemos perder.
Com aquele ser doentinho
A amar vamos aprender,
Pois cuidando delezinho
Nossa alma vai crescer.

“E em caso de violência,
Podemos então abortar,
Já que aquele ser nascente
Nunca vai nos agradar?”
Pergunta assim muita gente
E a resposta vou lhes dar:
  
Eis aí uma boa prova
Desse amor, que o Pai nos dá
Pois com aquela caridade,
Vamos assim realizar,
A vontade que é de Deus,
Que lá do alto ajudará.

Logo vamos esquecer
De pensar nessa ação,
Já que o nosso lema diz
Que não existe salvação
Sem caridade, e é dever nosso
À  vida dar proteção.

Vamos pois deixar nascer
Criancinhas de montão,
Para enfeitar o planeta
E ter sua evolução,
Para as contas acertar
E ganhar a salvação.

(Alves Andrade, Poeta e cordelista)