Ontem
fui à barbearia. Costume que tenho desde vidas pregressas. Inclusive, salvo
engano, já fui barbeiro numa das estadas por aqui. Pois bem, estava lá nesse
espaço mais que democrático, onde as pessoas podem torcer livremente e manter
uma saudável discussão futebolística. Estava juntamente com meu filho, que é para ele
também criar gosto.
O
assunto não podia ser outro. Ceará e Fortaleza na final da copa Nordeste.
Intrometi-me algumas vezes para lembrar que os dois tinham que passar pelos seus
adversários desse domingo, Asa e Campinense, respectivamente. Mas o otimismo
travava a racionalidade de alguns, torcedores dos dois principais times da
capital cearense. Fiz-lhes lembrar do episódio ocorrido ano passado, quando o
Fortaleza sucumbiu diante do Oeste de São Paulo, em pleno PV. “Mas isso já está
superado” dizia uns. “O mesmo raio não cai sobre a mesma cabeça duas vezes”,
retrucava outros. E assim saí da barbearia de cabeça feita, literalmente, e
derrotado no debate.
Pena
que à noite a barbearia estava fechada. O certo é que o raio não caiu sobre a
cabeça do Fortaleza pela segunda vez, mas na cabeça do Ceará. Não quero o mal
dos dois times. Até queria que os dois fizessem a final dessa copa, para adiar
a participação das onzenas principais na segunda fase do campeonato cearense. Mas quis o deus do futebol que se repetisse
pela zilionésima vez o ditado que diz “o futebol é uma caixinha de surpresas”.
E que caixinha, hem! No Rio os torcedores do Flamengo também pagaram o pato. A
caixinha também se abriu para nós rubro-negros.