A História tem suas terríveis
coincidências. Esse é o motivo pelo qual se deve conhecê-la, para que não se
cometam erros de passados remotos ou de passados recentes. Uma data que se
repete, pode trazer as mesmas consequências, senão piores. Assim foi o 11 de
setembro de 2001, hoje, lembrada como a data em que ocorreu o maior ataque
terrorista da história.
Eram quase nove da manhã daquele fatídico dia,
quando dois aviões se projetaram sobre as duas tores gêmeas em Manhatta,
símbolo da hegemonia capitalista norte americana. Eram aviões sequestrados por integrantes
da organização terrorista islâmica Al Qaeda, comandada por Osama bin Laden, que
declaravam peremptoriamente seu ódio aos americanos e sua imposição no mundo. Era
um recado que deve ter ecoado como vingança nas mentes de muitas pessoas que
padecem também dessa horrível mania de imperar que os Estados Unidos da América
tanto impõem às suas “colônias”, sobremaneira, da América Latina. Esse ataque
deixou exatamente 2.996 (duas mil novecentas e noventa e seis) vítimas. Sem
dúvida uma tragédia de grandes proporções. Mas nada se comparada ao ataque
terrorista imposto pelos americanos quando...
Eram quase nove horas da manhã de
11 de setembro 1973, ou seja, exatamente 38 anos antes da tragédia do World Trade Center.
Naquele momento, Salvador Allende, presidente eleito pelo povo Chileno, com o
objetivo de realizar as reformas populares que tanto incomodavam os americanos, arautos da democracia, discursava
ao seu povo, na Rádio Magallanes. Era o seu último discurso, antes de ser
bombardeado pelos aviões da força aérea chilena, sob as ordens do futuro
ditador Augusto Pinochet. São palavras dele, às 9:10 da manhã: “Seguramente esta será a última oportunidade em que eu
possa me dirigir a vocês. A Força Aérea bombardeou as torres da Rádio Postales
e da Rádio Corporación...” Sabia ele que logo a rádio em que estava também
seria bombardeada e ele morreria, e consigo os sonhos do povo chileno. O que,
como todos já sabem, aconteceu.
Qual tragédia foi
a maior, qual teve as maiores proporções? A resposta é simples: aquela cujo
número de vítimas foi maior; aquela cujos prejuízos para população foram desencorajadores; aquela cuja
cultura foi vilipendiadas, massacrada; aquela cuja liberdade foi cerceada até a
exaustão. A tragédia do Chile, imposta pelos americanos. Tragédia que se
ramificara desde o início dos anos sessenta, por quase todos os países da
América Latina. Só no Chile, foram mais de 40.000 (quarenta mil vítimas), quase
20 vezes mais do que os americanos mortos na tragédia das torres gêmeas.
A história nos
conta episódios maravilhosos de descobertas fabulosas, grandes avanços tecnológicos,
impressionantes superações científicas. Já nos contou histórias terríveis de
genocídios, de invasões bárbaras, de holocaustos e de coincidências. Mas
coincidências não existem. Podem até haver coincidências de datas, como essa em
questão. Mas coincidências de eventos não. Na verdade, é a história que se
repete, é o ciclo das decisões coletivas, as quais, se não forem bem analisadas,
trarão consequências desastrosas.
(Professor
Alves Andrade)