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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A FALTA INEXPLICÁVEL

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Como a falta do que nunca tivemos?
É realmente singular! Às vezes
Me pego tonto nestes devaneios:
Onde está o maremoto jamais visto,
As folhas na noite, verdes e escuras,
O frio primitivo Neandertal?
E choro por urbes que não habitei,
Ou pelas varas no lombo do burro
Enxotado pelo velho Quasímodo,
Retrato na estranha  parede da memória!

Antes o que me falta é a tua presença,
Lembra-me o teu cheiro, madrugadinha,
As discussões por dá-cá-aquela-palha,
Os teus mornos beijos de boa-noite,                                                       
                                                                                     
E esta saudade inexplicável!
Me leva adiante, a teu passo lento,
Partes, paciente, o teu braço no meu.
Como! não tenho, nem tive! terei?

Sinto-me assim como um peixe de aquário,
Coitado, sem ter visto rio ou mar,
Carece das profundezas abissais!
                       (Professor Alves, 16/08/2005)