POETAS NORTE-RIO-GRANDENSES
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Lourival Açucena: Pseudônimo de Joaquim
eduwirges de Melo Açucena, nasceu em 1827 e faleceu em 1907, conhecido como
culturalmente eclético, Lourival cantava, representava, declamava e tocavam
instrumentos. É um dos poetas da fase pós romântica, assim descrito por Câmara
cascudo: “Homem do século XIX, durante sessenta anos dominou as serenatas, as
festas e as ceias íntimas de natal”. Teve sua obra publicada apenas em 1927,
por Luiz da Câmara Cascudo. Sua poesia não possuía uma temática ou estilo
únicos, embora se perceba uma penetração no universo árcade.
Soneto
sob o mote: hei de mártir de amor, morrer te amando.
Inda cabe rigor neste teu peito?!
Anália, de afligir-me inda não cansas?!
Cruel, não sentes, ímpia, não alcanças
De tua ingratidão o triste efeito?!
Teu duro coração já satisfeito
Acaso não estará dessas provanças
Que me dão caprichosas esquivanças,
Com que pisas de amor doce preceito?!
Entre surdos arquejos de agonia
Vou a Vida de angústias acabando,
Que um ai! Um só sorriso salvaria.
Mas, embora ferina vais matando
Meu firme coração com tirania,
"Ei de mártir de amor, morrer te amando."
sob o mote: hei de mártir de amor, morrer te amando.
Inda cabe rigor neste teu peito?!
Anália, de afligir-me inda não cansas?!
Cruel, não sentes, ímpia, não alcanças
De tua ingratidão o triste efeito?!
Teu duro coração já satisfeito
Acaso não estará dessas provanças
Que me dão caprichosas esquivanças,
Com que pisas de amor doce preceito?!
Entre surdos arquejos de agonia
Vou a Vida de angústias acabando,
Que um ai! Um só sorriso salvaria.
Mas, embora ferina vais matando
Meu firme coração com tirania,
"Ei de mártir de amor, morrer te amando."
(Lourival
Açucena)
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Auta de Sousa nasceu em 1876 e faleceu em
1901. Vivendo apenas 25 anos incompletos, é considerada a principal poetisa
romântica-simbolista do Rio Grande do Norte. Sua poesia, lírico-religiosa por
natureza traz na sua essência as tragédias que marcaram a vida da poetisa:
morte do pai e da mãe, pela mesma doença que a levaria, a morte do irmão mais
novo em um incêndio e a morte do ex-namorado, de quem fora afastada para cuidar
da saúde, além da sua vivência religiosa na escola onde estudara. Sua obra foi
compilada no livro Horto, levado pelo irmão Henrique Castriciano para o crivo de Olavo Bilac, que o prefaciou.
Vejamos neste fragmento que segue a espiritualidade aflorada de Auta de Sousa
HORTO (fragmento)
“ Oro de joelhos, Senhor, na terra
Purificada pelo teu pranto ...
Minh’alma triste que a dor aterra
Beija os teus passos, Cordeiro Santo!
Eu tenho medo de tanto horror
...
Reza comigo, doce Senhor!
Reza comigo, doce Senhor!
Que noite negra, cheia de
sombras.
Não foi a noite que aqui passaste?
Não foi a noite que aqui passaste?
Ó noite imensa ... porque me assombras.
Tu que nas trevas me sepultaste?
Jesus amado, reza comigo
...
Afasta a noite, divino amigo! ”
Afasta a noite, divino amigo! ”
Eu disse ... e as sombras se
dissiparam.
Jesus descia sobre o meu Horto ...
Estrelas lindas no céu brilharam,
Voltou-me o riso, já quase morto.
Jesus descia sobre o meu Horto ...
Estrelas lindas no céu brilharam,
Voltou-me o riso, já quase morto.
E a sua boca falou tão
doce,
Como se a corda de um’harpa fosse:
Como se a corda de um’harpa fosse:
“Filha adorava que o teu
gemido
Ergueste n’asa de uma oração,
Ergueste n’asa de uma oração,
Na treva escura sempre envolvido,
Por que soluça teu coração?
Levanta os olhos para o meu
rosto,
Que a vista d’ele foge o desgosto.
Que a vista d’ele foge o desgosto.
Não tenhas medo do
sofrimento,
Ele é a escada do paraíso ...
Contempla os astros do firmamento,
Doces reflexos de meu sorriso.
Ele é a escada do paraíso ...
Contempla os astros do firmamento,
Doces reflexos de meu sorriso.
(...)
(http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/auta_de_souza.html)
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Henrique Castriciano (1874 – 1947), irmão
de Auta de Sousa, considerado simbolista
pela sua poesia plena de espiritualidade, nas lides parnasianas, produzindo
sonetos bem metrificados, como Cruz e Sousa, esvai sua obsessão pela cor
branca. Alguns de seus versos nos fazem lembrar seu contemporâneo Augusto dos
Anjos, principalmente os versos de Monólogo de um bisturi.
MONOLOGO DE UM BISTURI
« Primeiro o
coração. Rasguemol-o. Supponho
Que esta
mulher amou : tudo está indicando
Que morreu por
alguém este ser miserando,
Mixto de Treva
e Sol, de Maldade e de Sonho
Isso não me
coinmove : adiante! Risonho
Fere, nevado
gume! e ferindo e cortando,
Aço, mostra
que tudo é lama e nada, quando
Sobre os
homens desaba o Destino medonho...
Fere este
braço grego! E as pomas cor de neve!
E as linhas
senhoris que a penna não descrevei
Ë as delicadas
mãos que o pó vae dissolver!
Mas poupa o
ventre nu, onde um feto gerou-se
Porque hás de
macular o somno casto e doce
Desse verme
feliz que morreu sem nascer?”
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/henrique_castriciano.html
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Ferreira Itajubá tinha como nome de
batismo Manuel Virgílio Ferreira,
(Natal, 21 de Agosto
de 1876 – Rio de Janeiro, 30 de Junho
de 1912)
Sua poesia
era ligada ao Romantismo, mas com influência do Parnasianismo
e do Simbolismo.
É emblemático do seu estilo estes versos de No Campo Santo, composto em
homenagem póstuma ao seu contemporâneo Lourival Assucena:
Morreste e não soubeste, ó grande veterano,
Que, quando por Natal, a rosa todo ano
Floresce alegremente, entre as demais roseiras,
O prado embalsamando, ao lado das primeiras,
Esta alma não rebenta em rosas de ilusão
Como quando cantaste ao som do violão.
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Jorge Fernandes (1887 a 1953) é outro
poeta prefaciado por Câmara Cascudo em 1927, que, à maneira de Lourival Açucena
não se enquadra em nenhuma escola ou estilo. Porém seu estilo pode ser
identificado como poesia de tensão, em que se tem a impressão de que há um
eterno embate que se renova a cada poema, como afirmou Câmara Cascudo. Essa
tensão bem representa a convulsão intelectual que se espalhava pelo Brasil, o
que confere a Fernandes o pioneirismo do Modernismo no Rio Grande do Norte.
Entretanto sua poesia está plena de elementos telúricos, bucólicos e até
inserções na poesia concreta, de que é
exemplo o poema Rede.
REDE
Emboladora do sono...
Balanço dos alpendres e dos ranchos...
Vai e vem nas modinhas langorosas...
Vai e vem de embalos e canções...
Professora de violões...
Tipóia dos amores clandestinos...
Grande... larga e forte... pra casais...
Berço de grande raça.
S
A
U
S
S
N
P
E
Guardadora de sonhos
Pra madona ao meio-dia
Grande... côncava...
Lá no fundo dorme um bichinho...
— Balança o punho da rede pro menino dormir.
(http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/jorge_fernandes.html)
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José Bezerra Gomes (1911 – 1982) é outro nome
festejado na Literatura rio grandense, e dado, por Moacir Cirne, poeta e
crítico literário daquele estado, como
sequenciador, nos anos 40 e 50, dos trabalhos poéticos no século vinte
iniciados por Jorge Fernandes. Poeta de síntese, é reconhecido por sua
objetividade à Oswald de Andrade. Segundo o crítico mencionado Moacir Cirne. Como o poema
DIÁLOGO “José/Maria”.
CIRCO
Hoje Hoje
grande
estréia
do grande
Circo
Tom Mix
Adiado o
espetáculo...
O palhaço
fugiu...
Aviso ao
público... (http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/jose_bezerra.html)
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Zilá Mamede (1928 – 1985), poetisa
professora e crítica literária, segundo ainda Moacir Cirne é a grande
representante na década de sessenta, com seu livro O Arado. Com sua poesia de
lirismo tímido mas às vezes caminhando em direção ao social, como em Procissão,
gostava de invenções linguísticas, como SSMOS, presente no citado poema. Foi bastante festejada por Carlos Drumond,
que afirmou, de modo ufanista, que em sua geração “ninguém fez nada tão
importante quanto Zilá Mamede”.
ARADO
Arado cultivadeira
rompe
veios, morde chão
Ai uns
olhos afiados
rasgando
meu coração.
Arado
dentes enxadas
Lavancando
capoeiras
Mil
prometimentos, juras
Faladas,
reverdadeiras?
Arado ara
picoteira
sega
relha amanhamento,
me desata
desse amor
ternura
torturamento.
(http://www.antoniomiranda.com.br/brasilsempre/zila_mamede.html)
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Moacy da Costa Cirne (São José do Seridó, 1943 — Natal, 11 de janeiro
de 2014)
foi um poeta,
teórico da poesia, artista visual, iniciou em 1967 o movimento que ficou
conhecido como Poema Processo, que buscou revolucionar o conceito de poesia,
casando, não só a palavra com a imagem como queriam os concretistas, mas
colocando a imagem acima da palavra.
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