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terça-feira, 6 de setembro de 2011

PARA VICTOR HUGO, NO SEU ANIVERSÁRIO DE DEZ ANOS








          Muito bem, filho, chegaste aos dez anos de idade. De todos os momentos da minha vida o de que mais me lembro é quando tive essa idade. Não era criança, não era adolescente, não era rapaz (como se dizia à época), não era nada. Era um ser em ebulição, era menino de recado, era um recado para os outros: “olha eu estou crescendo!”. Via tudo da portinhola dos meus dez anos sem ter certeza de nada, a não ser das dúvidas: dúvidas do que eu era e do que viria a ser. Era o caçula de uma grande família, digo, de uma família grande, e talvez daí adviesse esse meu tormento. Ninguém ligava para mim, estavam muito ocupados para isso. Porque se aos  oito anos, estamos cônscios de nossa responsabilidade como criança, aos dez perdemos essa prerrogativa e devemos nos preparar para o futuro que está ali em frente.
        Por isso, filho,  quero desejar a você, além de feliz aniversário, muitas felicidades, muita sorte, pois todos precisamos, principalmente quando chegamos aonde você está agora. Mas para sua sorte, ser feliz é mais fácil do que podemos imaginar. É como chegarmos a um destino utilizando o caminho mais fácil em vez de buscarmos novas trilhas. Freud dizia que a felicidade é como uma borboleta. Se a perseguimos de forma atabalhoada, ela foge de nós. Mas se a esperamos, no cumprimento do dever, logo ela vem pousar em nossos ombros. É necessário que não percamos de vista a expressão no cumprimento do dever.  Pois não estamos falando em esperar que nos caia mel porque estamos com a boca escancarada.Assim talvez nos entre pela boca uma perversa abelha, E sei que você as detesta. Ou seja, a felicidade, que trará nosso sorriso sempre bailando, depende de pequenas atitudes constantes que realizamos em prol de nós mesmos.
         Mas aí vem uma pergunta: que atitudes são essas?  São atitudes que devem nos colocar em sintonia com nós mesmos e com os outros. Nunca podemos ser felizes sozinhos. O outro deve ter seu sorriso à fresca também para que o nosso saia ao seu encontro. Quem ri só ou é maluco ou está lembrando de uma piada muito interessante. O egoísmo é uma das piores qualidades de uma pessoa. E ser feliz sem se incomodar com o sofrimento do seu irmão, que padece ao seu lado, é a maior das atitudes egoístas.
         Não se esqueça das atitudes representadas por ações, sejam elas urgentes ou apenas necessárias. Explico-me. É que das nossas atitudes urgentes depende que as pessoas percebam que existimos ou que somos importantes. Tomar uma atitude necessária nos faz cônscios de que é preciso sempre estar alerta para as surpresas inesperadas.
       Outrossim, não somos uma ilha, portanto precisamos de pessoas boas, pessoas que estejam prontas para nos apoiar quando estivermos corretas ou para nos corrigir quando apenas pensamos que estamos na linha. A essas pessoas chamamos amigos. Não importa  nível de escolaridade, religião, cor ou condição física ou financeira. Amigo é um substantivo sobrecomum e bota sobrecomum nisso. Não confunda com colega. Colegas são aqueles que fazem as mesmas coisas com você, como estudar na mesma sala, brincar na mesma quadra, treinar no mesmo clube. Amigos são aqueles que sentem o mundo mais ou menos como você. Isso não quer dizer que precisam ter as mesmas ideias. As diferenças fazem parte de uma amizade duradoura. Mas que precisamos ter os mesmos sonhos, construirmos os mesmos castelos. E não se esqueça de que seus amigos mais importantes somos eu e sua mãe. Depois virão os outras e as outras.
        O respeito aos outros, assim como queremos e exigimos que nos respeitem! Eis mais uma forma de levar a vida de bem com ela. Às vezes nos deparamos com pessoas que nos levam a ter vontade de rir, ou apenas de corrigir. Mas, como dizia meu pai, cada qual com seu cada qual. Esse respeito de que falo tem a ver com amor. Pois “é preciso mar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Reflita sobre o seguinte: você vai viver a vida toda entre pessoas. De bicho você cuida, os filhos você educa e as pessoas você ama.
        Para finalizar, não se esqueça de trazer Deus sempre vivo em sua vida. Não o deus que as igrejas de um modo geral proclamam. Mas Deus de verdade, aquele que não anda nem na igreja católica nem nas evangélicas. Aquele sem o qual não haveria universo e que rege a nossa vida com sabedoria e amor, sempre pregando o bem àqueles que de fato O tem no coração e que se lembram dEle na amargura e na alegria, na saúde e na doença.
      Assim, filho, deixarás os dez anos e seguirás teu caminho forte e bondoso, tranquilo e infalível. Assim serás homem, cidadão, profissional, amigo, companheiro, esposo, pai.
(Professor Alves, 2011)