QUE VENÇA O MELHOR
Afligem-me as
expectativas com relação ao resultado do jogo entre Brasil e Alemanha, pelas
semifinais da copa do mundo de 2014. Me afligem e me deixam preocupado, se é
que as duas expressões não são sinônimas, porque eu não vi nem ouvi de nenhuma “personalidade” do mundo do futebol e/ou do
mundo da televisão, da política ou da
religiosidade brasileira, pessoas que são formadoras de opinião em nossos
brotos, uma resposta do tipo “QUE VENÇA O MELHOR”. Todos são unânimes: TEM QUE
DAR BRASIL! E eu me pergunto “como assim, tem que dar Brasil?”.
Pode ser que
alguém queira saber o porquê de meu espanto. E aí é que vem a reflexão.
Imaginemos que todos nós, pais, professores, mães, tias, pastores, padres, líderes
espíritas e até alguns políticos, queiramos um país de bem, um país em que se
respeitem as faixas de pedestres, a leis constitucionais, o pagamento de impostos de forma consciente, as leis de trânsito
e que se tenha até orgulho dos nossos velhinhos, aposentados que tanto têm para
ensinar aos nossos adolescentes inconsequentes. Se isso for verdade, não
podemos admitir que seja verdadeira a premissa de que o Brasil tem que vencer a
qualquer custo. Com gol de pênalti mal marcado aos 49 do segundo tempo, como
ouvi de comentaristas esportivo. É preciso, pois, que se pregue para nossas
crianças e adolescentes: QUE VENÇA O MELHOR.
Recentemente
assisti a uma palestra (e dela participei) cujo tema era exatamente a maior
perda de todas: a morte. E eu então faço a seguinte pergunta: como podemos
querer que nossas crianças e nossos adolescentes se preparem para perdas grandes
se não as educamos para a perda de um mínimo campeonato de futebol, quem não
vale nada? Como queremos que nossos adolescentes, grande preocupação de pais e
educadores, respeitem as leis naturais e as leis criadas pelos homens; como
podemos querer que o Brasil no futuro seja um país grande com pessoas sensatas,
honestas; como podemos querer que nossas crianças sejam, no futuro, políticos
honestos que conduzam o Brasil ao primeiro mundo, se nós adultos dizemos em
alto e bom som: temos que ganhar de qualquer maneira? Quão imbecis somos, não?
Quando escrevi
a respeito de Brasil 3 X 1 Croata e aquele pênalti mal marcado, recebi algumas
críticas. Compreendi então que me achavam tremendo idiota, imbecil. É
preferível ganhar, mesmo que seja desonestamente. Assim os políticos que
colocamos no poder eleições após eleições, estão isentos de qualquer punição,
pois somos nós que damos a eles o aval: é preciso lucrar, ganhar, não importa
como. Mas sei que não. As pessoas, coitadas, embriagadas pelo vinho
entorpecedor do materialismo, do imediatismo é que estão equivocadas, porque a
euforia da vitória passará, mas a lição de que é preferível vencer a qualquer
preço ficará na mente de nossas crianças e adolescentes, até que se tornem
adultos e achem normal, roubar, traficar, sonegar, desrespeitar. É por isso que
digo ao meu filho QUE VENÇA O MELHOR!
(Francisco
Alves de Andrade, 08 de julho de 2014, 14:24 h)