(BREVE RESUMO)
A fome é uma
das mais contundentes obras de ficção produzidas no século XIX. Narra as
mazelas geradas pela famigerada seca de 1877 a 1879, que vitimou
aproximadamente quinhentas mil pessoas. Realista por convicção e cientista por
profissão, Rodolfo Teófilo não poupou nas tintas e descreveu a história de uma
família de retirantes comandada por Manuel de Freitas, rico fazendeiro que vê
morrer seu gado e secar seu chão. Não tendo mais nada para fazer, vem para
Fortaleza em busca da propalada ajuda do governo.
No caminho
presencia todos os males que a seca pode causar: pessoas sendo devoradas por
aves de rapina, retirantes atacando comboios de mantimentos, e até uma cena de
autofagia presencia. Nela, um homem esfomeado sendo impedido de se alimentar da
carne fresca de Carolina, filha de Freitas, come as próprias carnes do braço
até cair desfalecido para não mais levantar.
Chegando a
Fortaleza, as mazelas começam a desfilar na frente de Freitas de outra maneira.
O indivíduo responsável pelos abarracamentos usa de todas as artimanhas para seduzir garotas, para se
aproveitar do sofrimento dos retirantes e realizar seus ímpetos libidinosos.
Capitão Freitas precisa de muita fé em Deus e muita coragem para não deixar sua
família sucumbir. Felizmente consegue manter sua família a salvo de abutres do
sertão e da cidade.
Freitas é
apenas uma personagem criada por Rodolfo Teófilo para narrar as imagens reais
de uma seca que foi o maior flagelo do século XIX. Todas as cenas chocantes
narradas, sejam as do sertão durante a viagem, sejam as da capital,
descortinaram-se de fato aos olhos do escritor cearense, nascido na Bahia.
(Por Professor
Alves)