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segunda-feira, 20 de julho de 2020

A ATRIZ E O POETA








“O ciúme é a véspera do fracasso
O LOUCO AMOR DE CASTRO ALVES- Notas Biográficas
E o fracasso provoca o desamor.”


A atriz chegando ao Brasil
Fez sucesso de repente,
Deixando besta a plateia,
Deixando os homens contentes,
Viu a cidade a seus pés,
Via o mundo sorridente.

Ele imberbe, mas já arauto
Do amor e da liberdade,
Ascendeu então na vida
Com lisura sem maldade,
Verso de encantar a todos
O moço, o velho a beldade.

Se a fama arrastava os dois,
O Amor do alto os mirava,
O plano, juntar a ambos,
Assim Ele então tramava,
Sem mesmo eles saberem
Um só caminho trilhavam.

Nos palcos, encanto dela,
Tal qual o Condor voava
O eco das palavras dele,
Bem distante já vibrava,
Ele a mirava em sonhos,
Ela com ele sonhava.

De repente se encontraram
E ocorreu o inexorável,
Ele prostrou-se a seus pés
Beijou-lhe a mão, amável,
Recitou então seus versos,
Com a sua voz adorável.

Embora sendo casada,
Nos seus braços se jogou,
A língua da hipocrisia
Logo logo os difamou,
Não viram nem ouviram
Que Eros os consagrou.

Sumiram por algum tempos,
Naquele idílio afogados.
Quando reapareceram,
Eram seres enlevados,
A terra de flor se encheu,
E o Amor foi mais amado.

O sent’mento se fez carne
Por sobre a terra andou,
Até as pedras se amavam,
O Ódio o mundo deixou.
Vitória do Bem ao Mal,
O Bem na terra reinou.

Fez-se a união perfeita
Verso com dramaturgia,
Se ele escreveu Gonzaga
E enquanto pra ela lia,
Ela na tela do tempo
Representando se via.

Se ele na praça cantava,
Ela enlevada assistia;
Se ela então representava,
Ele sentia alegria
Enquanto um só via o outro
O outro somente um via.

Mas como Céfalo e Prócris,
Inveja ao mundo causavam,
E toda aquela alegria,
Que as pessoas admiravam,
Em alguns corações torpes
Vis emoções despertava.

As emoções negativas
Turvaram-lhes o caminho
E o alfinete do ciúme
Penetrou bem de mansinho,
Tilintou em seus ouvidos
O seu trágico sininho.

E onde existia cuidado,
Somente agora desídia;
Os olhares um do outro
Via só o que não havia
Nos sonhos sempre a discórdia,
Traição, descuido, perfídia.

E eles, que eram tão próximos,
Tornaram-se tão distantes,
Fizeram-se indiferentes
Ele e ela, tão amantes.
Vivendo ela no Rio,
Ele, aventureiro errante.

Pouco tempo depois,
A doença logo o levou
Ela, mulher do tempo,
Com outro se casou,
Pra grande tristeza do mundo
O ciúme assim triunfou.

Mas nas lides celestiais
Seu ser o dela encontrou
Ele, apenas metade,
Com ela se completou,
Somente nessa esfera
A corda do amor vibrou.
(Alves Andrade)












terça-feira, 3 de dezembro de 2019

INCÊNDIO, PISA E PISOTEIO


(Alves Andrade)
Em um depoimento à Rádio Bandeirantes, um professor de Direito disse que muitas vezes se sente um professor incompetente ao dar aulas para alunos que não leem, não vão ao cinema ou ao teatro, não viajam. E que em outros momentos se sente o melhor professor do mundo, quando está diante de alunos que têm acesso à leitura, ao cinema, ao teatro, a viagens etc. Com  poucas palavras, se faz entender e o tempo rende, e o aprendizado é quase imediato.
Lembrei-me dessa entrevista devido aos resultados do PISA, exame internacional de proficiência básica em Leitura, Matemática e em Ciência. O Brasil mais uma vez fica atrás de cinquenta  países, ocupando a posição 57ª entre setenta países examinados. O máximo que se conseguiu foi a compreensão de uma ideia explícita. Interpretar uma letra de Caetano Veloso, impossível. Apesar de o novo presidente da Biblioteca Nacional, Rafael Nogueira, ter associado o poeta, músico e pensador baiano ao analfabetismo de nossos jovens. Segundo ele, os livros didáticos têm muitos textos de Caetano, Chico, Gabriel (o Pensador) etc, por isso nossos jovens não conseguem tirar boa nota no PISA (grifo nosso)*.
Voltando às palavras do professor de direito supracitadas, lembro-me de que tenho colegas na rede pública de ensino que também trabalham na rede particular, em grandes escolas, cujos alunos são bem alimentados, possuem padrão de vida confortável, viajam, vão ao cinema (nunca ao teatro), mas não leem. Por esse último motivo, continuam analfabetos e, se um dia se formarem em universidades particulares, continuarão analfabetos. Esses colegas, pelo que me consta, realizam o mesmo trabalho, com o mesmo denodo com que o fazem na rede privada.
O professor de Direito está certo. Se trabalhamos com alunos mais predispostos ao entendimento, eles vão brilhar mais rápido. O problema é que nem lá (na privada) nem cá (na pública) existem leitores, logo não haverá entendimento. E se aqueles vão se formar e continuar o legado de seus pais, estes não irão, mas o legado será continuado por motivos óbvios.
Aqui, a fome, a falta de oportunidade de leitura e o a falta de empenho do estado são os grandes culpados pela derrota do menino. Lá, eles nunca serão vitoriosos, porque diploma não resgata dignidade. Continuarão obnubilados pela incerteza da existência. Terão dinheiro, filhos na mesma escola, quiçá fama, mas não serão livres das amarras da ignorância, que os prendem nas teias do preconceito ou da boçalidade mesmo.
Aqui, a polícia, a serviço do Estado, continuará a mandar para o cemitério milhares de jovens, como aqueles pisoteados em Paraisópolis, ou aqueles que são chacinados todos os dias nos morros cariocas e nas ruas de Fortaleza, Teresina, São Luiz, como os onze que foram violentamente assassinados pela polícia do Sr. Camilo Santana, em 2015. A truculência do estado não tem partido, não tem ideologia. Quando não for a polícia, serão as péssimas condições de vida que os empurrarão para a vala comum, como as duas crianças que morreram hoje, pela madrugada, queimadas em barracos Brasil a fora. Seja no jangurussu, em Fortaleza, ou num barraco na zona sul de são Paulo, conforme a que estampou o portal G1, deste 03/12.
No entanto o capitão manda a manobra,  E após fitando o céu que se desdobra,  Tão puro sobre o mar,   Diz do fumo entre os densos nevoeiros:   "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!  Fazei-os mais dançar!..." E o chicote estala. O mesmo chicote citado por Castro Alves (não tem metáfora, não tem figuras, é tudo verdade) foi o que encurralou os jovens num beco sem saída lavando-os ao pisoteio, lá em Paraisópolis. O Capitão dos navios negreiros continuam em ação, seja no Planalto seja nos camburões. Lembremos que todo camburão tem um pouco de navio negreiro.
E os ídices do Pisa? Que ídice? Precisamos primeiro lutar para que os índices de assassinatos de jovens diminuam para que pensemos em crescimento nos índices da Educação.
*(https://www.cartacapital.com.br/educacao/pisa-metade-dos-estudantes-brasileiros-ainda-nao-consegue-compreender-um-texto/)

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...