Grandes homens falam palavras de muita sapiência. Isso todo mundo sabe.
Os livros e páginas da internet estão repletos deles e delas. E mesmo a nossa
memória não deixa que alguns ditos fantásticos se percam com o tempo. Lembro-me
de muitas dessas pérolas. A que mais me é recorrente é uma de machado de Assis,
presente no romance Quincas Borba. Escrevo-a à guisa de exemplo: “Para que
servem os calos, senão para aumentar a felicidade dos pedestres!”
Mas mesmos grandes homens e mulheres dizem um tanto de besteiras, de vez
em quando, sem querer ou mesmo querendo, impulsionados por momentos de paixão,
em que a razão pede para descansar, deixa o cérebro hibernando, enquanto o
coração toma as rédeas dos atos e da boca e da pena. Só isso justificaria os
versos de Vinícius de Morais:
“Se todos fossem no mundo iguais a
você
Imaginem todos
no mundo iguais à musa do Poetinha (que de inho não tinha nada)! Por mais
linda, por mais faceira, por mais gentil que ela fosse seriam desnecessários
todos esses adjetivos.
O que faz o mundo saboroso de viver, instigante, atraente; o que torna a
vida, mesmo amarga, cheia de percalços, mesmo com suas desigualdades, preferida
à morte são as diferenças de todos os naipes. Há pessoas que sonham com um
mundo de igualdades. Mas é como se vivêssemos em preto e branco, viver seria sensabor,
inodoro. É o arco íris humano que torna de fato o estar aqui, respirando sobre
a terra, maravilhoso. Deixemos que as pessoas sejam loiras e negras, morenas e
pardas, altas e baixas, magras e gordas, belas e nem tanto. Vá que a humanidade
seja abastada e paupérrima, triste e feliz, crente e ateia. É o desafio de
minorar o sofrimento, a tristeza, a pobreza que dignifica o viver, enobrece a
luta, pois, se todos fossem iguais a mim ou a você, viver não teria nenhuma graça.
(Professor Alves, 05/2012)