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quinta-feira, 10 de maio de 2012

A HUMANIDADE E SUAS DIFERENÇAS



Grandes homens falam palavras de muita sapiência. Isso todo mundo sabe. Os livros e páginas da internet estão repletos deles e delas. E mesmo a nossa memória não deixa que alguns ditos fantásticos se percam com o tempo. Lembro-me de muitas dessas pérolas. A que mais me é recorrente é uma de machado de Assis, presente no romance Quincas Borba. Escrevo-a à guisa de exemplo: “Para que servem os calos, senão para aumentar a felicidade dos pedestres!”
Mas mesmos grandes homens e mulheres dizem um tanto de besteiras, de vez em quando, sem querer ou mesmo querendo, impulsionados por momentos de paixão, em que a razão pede para descansar, deixa o cérebro hibernando, enquanto o coração toma as rédeas dos atos e da boca e da pena. Só isso justificaria os versos de Vinícius de Morais:
“Se todos fossem no mundo iguais a você
Que maravilha viver!” (a exclamação é nossa)
Imaginem todos no mundo iguais à musa do Poetinha (que de inho não tinha nada)! Por mais linda, por mais faceira, por mais gentil que ela fosse seriam desnecessários todos esses adjetivos.
O que faz o mundo saboroso de viver, instigante, atraente; o que torna a vida, mesmo amarga, cheia de percalços, mesmo com suas desigualdades, preferida à morte são as diferenças de todos os naipes. Há pessoas que sonham com um mundo de igualdades. Mas é como se vivêssemos em preto e branco, viver seria sensabor, inodoro. É o arco íris humano que torna de fato o estar aqui, respirando sobre a terra, maravilhoso. Deixemos que as pessoas sejam loiras e negras, morenas e pardas, altas e baixas, magras e gordas, belas e nem tanto. Vá que a humanidade seja abastada e paupérrima, triste e feliz, crente e ateia. É o desafio de minorar o sofrimento, a tristeza, a pobreza que dignifica o viver, enobrece a luta, pois, se todos fossem iguais a mim ou a você, viver não teria nenhuma graça.   
(Professor Alves, 05/2012)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ÀS SEIS DA TARDE


Às seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.

Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução
Marina Colasanti

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

NÓS QUE AMÁVAMOS TANTO A REVOLUÇÃO


          Esses dias comemorou-se a aniversário de dois brasileiros muito importantes para nossa história, para luta pela democratização , e a luta pela educação pública. D. Paulo Evaristo e Paulo Freire. Dois Paulos. Ambos 90 anos. D. Paulo, corajosamente, rompia o silencio imposto pela ditadura para denunciar a tortura, acolher os torturados e silenciados. Teve papel fundamental para resgatar a memória desse período com o projeto “Tortura Nunca Mais”. Freire tocou as consciências. Acreditava na autonomia e não na tutela, no compromisso e chamava ao coletivo: “Nóss educamos uns aos outros. Ninguém se educa sozinho”. Acreditava na transformação e na educação como fundamental para isso. Ambos declararam sua crença nos seres humanos. No povo e no poder do povo. Por isso, a educação precisa(va) tomar lugar. Educação para a liberdade! Freire não está mais entre nós; D. Paulo, sim.

          Pensei muito nesses dois homens, enquanto assistia às cenas de violência contra os professores e professoras na Assembleia Legislativa. Outra vez, o parlamento como palco de violência contra educadores e a educação. Outra vez a violência comandada, e com a cumplicidade daqueles que, não faz tanto tempo, estavam do outro lado do front e agora tentam encontrar os argumentos que justifiquem essa violência descabida. Havia arma branca. Uma faca! Havia infiltrados entre os professores(!), estavam depredando o patrimônio público. Por isso era preciso uma aula de democracia: a policia, os cacetetes, o spray de pimenta, os murros, os chutes, cabelos puxados, o sangue escorrendo da cabeça do professor.
           O Brasil ainda possui 14 milhões de analfabetos. Dizem os especialista que, se juntamos com os analfabetos funcionais, esse número vai para 24 milhões! Os que lutam pela educação, dizem que com menos que 10% do PIB não se reverte esta realidade. Sigo pensando em Dom Paulo e Paulo Freire e me perguntando para que nos serve, os que sonham com outro mundo , estar no poder institucional , senão para transformar esta realidade! Também não posso me furtar a pensar de que matéria são feitos homens e mulheres que não se dobram, não se corrompem, não abrem mão de suas convicções e muito menos de seus sonhos?
Margarida Marques
Membro da Coordenação colegiada do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente - CEDECA/CE
Rua Deputado João Lopes, 83, Centro, Fortaleza/CE, 85- 32524202

sábado, 1 de outubro de 2011

A BAGAGEM

Amar é Viver !


Quando sua vida começa,
você tem apenas uma mala pequenina de mão.
A medida em que os anos vão passando,
a bagagem vai aumentando
porque existem muitas coisas
que você recolhe pelo caminho,
porque pensa que são importantes .
A um determinado ponto do caminho
começa a ficar insuportável
carregar tantas coisas, pesa demais,
então você pode escolher :
Ficar sentado a beira do caminho,
esperando que alguém o ajude, o que é difícil,
pois todos que passarem por ali
já terão sua própria bagagem.
Você pode ficar a vida inteira esperando,
até que seus dias acabem.
Ou você pode aliviar o peso,
esvaziar a mala.
Mas, o que tirar ?
Você começa tirando tudo para fora.
Veja o que tem dentro:
Amor, Amizade ... nossa!
Tem bastante, curioso, não pesa nada...
Tem algo pesado ... você faz força para tirar...
Era a Raiva - como ela pesa!
Aí você começa a tirar, tirar
e aparecem a Incompreensão,
Medo, Pessimismo.
Nesse momento, o Desânimo
quase te puxa pra dentro da mala.
Mas você puxa-o para fora com toda a força,
e no fundo da mala aparece um Sorriso,
que estava sufocado no fundo da sua bagagem.
Pula para fora outro sorriso e mais outro,
e aí sai a Felicidade!
Aí você coloca as mãos
dentro da mala de novo e
tira pra fora a Tristeza.
Agora, você vai ter que procurar
a Paciência dentro da mala,
pois vai precisar bastante.
Procure então o resto, a Força,
Esperança, Coragem, Entusiasmo,
Equilíbrio, Responsabilidade, Tolerância
e o Bom e Velho Humor.
Tire a Preocupação também.
Deixe de lado, depois
você pensa o que fazer com ela.
Bem, sua bagagem está pronta
para ser arrumada de novo.
Mas, pense bem o que vai
colocar lá dentro de novo, heim !
Agora é contigo.
E não esqueça de fazer isso mais vezes,
pois o caminho é MUITO, MUITO LONGO ...

Um lindo e doce dia!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

SÁBIAS PALAVRAS


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Quando você conseguir superar graves problemas de relacionamentos, não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas sim na alegria de haver atravessado mais essa prova em sua vida.

Quando sair de um longo tratamento de saúde,
não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar,
mas na bênção de Deus que permitiu a cura.

Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade, e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.

Uns queriam um emprego melhor; outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta; outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena; outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos; outros, ter pais.
Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita; outros, falar.
Uns queriam silêncio; outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo; outros, ter pés.
Uns queriam um carro; outros, andar.
Uns queriam o supérfluo; outros, apenas o necessário.

Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a 
superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a 
superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria 
superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.A sabedoria superior tolera; a inferior, julga;
superior, alivia; a inferior, culpa;
superior, perdoa; a inferior, condena.Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!
Chico Xavier

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

VIDA, crônica de rachel de queiroz

DO PRIMEIRO dia ao último, sempre essa ilusão, esse engano: você pensa que está vivendo - qual! - e todo tempo você está morrendo. Ninguém vive - todo mundo apenas morre. Acontece que o processo de morrer é lento, e a esse acabar-se devagarinho é que os homens chamam de viver. Nasce um menino, por exemplo. Veio roxo e mudo, é um pequeno defunto maltratado. O médico faz as manipulações clássicas, cabeça para baixo, palmada, ar no pulmão - o menino dá um grito agudo e dilacerante e o pai sorri deslumbrado: "Meu filho está vivendo, começou a viver!" viver nada, seu idiota, seu filho começou foi a morrer. sim desde aquele primeiro instante. Porque vida é um processo negativo, enquanto a morte é o processo positivo. Viver é andar para trás, é ceder terreno, é assim como um perde-ganha. A gente faz a conta da idade: quantos anos já viveu? Para que essa conta, senão por um único motivo: para fazer o cálculo provável do quanto ainda nos resta, antes de morrer. A cada ano, a cada dia, a cada hora e minuto, você tem menos vida dentro de si: menos coração, menos veia, menos músculo, menos reserva na fonte de energia. viver, para resumir, é usar-se. Lanterna de bolso com a pilha que não se substitui. Acabou-se a pilha, acabou-se tudo, joga fora o casco inútil, que luz não sai mais dali.
E ASSIM, portanto, não adianta ambição. Você trabalhando por um lado, a morte trabalhando pelo outro, são como duas cobras que se mordem pela cauda. você se agitando, cuidando que está construindo, enquanto ela, silenciosa, rói sem parar a  estrutura interna, deixando apenas a ilusão da superestrutura: mas é oca, já não tem nada dentro. você compra, vende, aprende alemão, constrói casa nova e faz ginástica. Tudo isso a serviço de quem se supões vivo - pelo menos por um prazo: como se o relógio parasse para você gozar um momento a paisagem e o ar bom! Porém na verdade você desde o começo é um meio morto, que aos pouco vai se entregando - todo dia um pedacinho, até à entrega definitiva.
E DEPOIS não adianta orgulho. você ergue a voz - mas sabe por acaso com  o que conta para apoiar a sua arrogância? Talvez na sua caixa do peito só reste um fole vazio. Seu passo é firme, agora, mas pode estar cambaleante dentro de dez minutos. Sabe, talvez você há anos esteja se mantendo de pé apenas por auto-sugestão.
E ESCUTE MAIS: nem o pudor adianta. Esse ciúme de si mesmo que muitos pensam que é virtude, essa valorização da carne-viva, esse mistério, que nem aos olhos amantes se devenda total, essa fração de corpo secreta e triste que todos escondemos até de nossa própria vista - talvez hoje, talvez daqui a pouco, seja tirada ao seu controle, entregue às mãos dos outros, exposta, manipulada, discutida, retratada. E aí de que serviram tantos anos de recato? para chegar a tal exibição?
E ENTÃO para que todo esse esforço? Para que glorificar o que é apenas um simples processo de desgaste e enfeitá-lo com paixões, conquistas e esperanças? Se viver é a própria negação da vida, ou  a sua destruição - para que sofrer e lutar, enfrentando esse duro caminho que não leva a lugar nenhum? É como nadar de terra para o mar alto. Adiante não há mais nada, só água funda, comedeira. Então que loucura é essa de oferecer o peito à vaga, furar a rebentação, cortar a água com os braços? Por mais que se esforce o nadador, mais hora menos hora, terá que parar, exausto, mergulhando de vez na onda amarga. Digam, digam: - para que deixar a praia, se há a certeza de que nada espera o nadador, nada, senão a asfixia final?

           (Rachel de Queiroz, in 100 Crônicas Escolhidas, josé Olimpo Editora, 3a edição, Rio 1973) 

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...