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sexta-feira, 16 de maio de 2014

DAS COISAS E DAS MUDANÇAS


Libetas quae sera tamem!
Das coisas e das mudanças, há três tipos. Aquelas que não podem mudar; as que podem, mas não devem mudar; as que devem mudar e não mudam.
No primeiro caso, está o guarda-chuva. Imaginem um guarda-chuva com a concavidade para cima! Ia ser um destroço total. A água se acumularia, o peso aumentaria a tal ponto que o indivíduo não iria suportar. E se suportasse a água iria transbordar. Desastre total. Definitivamente o guarda-chuva não pode mudar.
No segundo caso temos os nomes de ruas, de cidades, de países. Não devem mudar porque se fixam na cultura e na memória das pessoas. Quando mudam causam transtorno. Um exemplo mais significativo aqui em Fortaleza foi a mudança do nome da Avenida Estados Unidos para Senador Virgílio Távora. Imagine o transtorno que foi para a população que conhecia a avenida com o primeiro nome! Com o tempo se acostuma. Mas não deveria ter mudado. Nome de países, então! Confundem a cabeça dos estudantes, pois dá a impressão de que há mais Estados do que existe na realidade. Lembremos a cidade de São Petersburgo, na Rússia, que passou para  Petrogrado, depois mudou para Leningrado e voltou a ser São Petersburgo. Que confusão. E quando as ruas homenageiam personalidades e depois mudam para homenagear outra. Aí a confusão é maior, pois dá a ideia de que o homenageado perdeu a personalidade.
Por último temos as que devem mudar e não mudam. A embalagem do Redoxon, aquele efervescente da Bayer recomendado para gripe ou para seu combate. Aquela embalagenzinha cilíndrica, com a mesma espessura do comprimido, que fica, coitado, comprimido, rezando para ser liberto. Coitado também do usuário, que precisamos ficar batendo o cilindro na mão até aparecer o papel prateado, onde está escondido o remédio, e o pior é que às vezes caem todos no chão. Isso deve mudar, mas não muda.
Outra coisa que deveria mudar, mas não muda é a sala de aula, a aula e a própria educação. Ninguém aguenta tanto tempo essa mesmice. Professor, alunos enfileirados, quadro, cuspe e pincel. Alguém pode dizer: “ah, mas antes era giz!”. Sim mais o cuspe é o mesmo, e o pincel faz o mesmo papel do giz, com exceção do pó. É preciso, urge que a Educação se modifique. Não apenas com parelhos eletrônicos ou informáticos, mas em toda sua essência. Professores devem se transformar realmente em orientadores, mas profundos conhecedores daquilo que orientam; estudantes, em pesquisadores, ouvintes de palestras, buscadores de conhecimentos. Os conhecimentos por sua vez devem mudar e serem utilidades em vez de meros enxertos de livro e cadernos. Estes últimos precisam se transformar em chips, pois não é mais admissível em pleno século XXI, perdão 21, cortarem-se árvores, florestas inteiras para transformá-las em material didático. Por fim as salas de aula também precisam mudar e serem transformadas em verdadeiras salas de estudo.
Infelizmente essas mudanças que devem ocorrer não serão feitas enquanto o homem, principal agente da mudança, não se transformar. Enquanto continuarem visando ao lucro, a interesses particulares e políticos, não haverá coragem para se dizer “basta de enganação, a quem estamos ensinando e o que estamos fingindo que ensinamos, sabemos por acaso que isso não funciona, vamos parar com essa farsa chamada Escola!”. É preciso essa coragem para que realmente haja transformação social, desalienação, libertação. É preciso coragem para se fazer do ato de aprender aquilo que Paulo Freire veio nos ensinar: AUTONOMIA!
(Francisco Alves, maio de 2014)

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