Por favor,
amada gente,
não me venha
convencer
com palavras
ou sem elas
que gente
que tem poder,
não me venha
com balelas,
(desculpe
até se sou grosso)
Mas cachorro
que o tem
Nunca quer
largar o osso.
Pode ser um poderzinho
Nua pequena
repartição,
Pode ser
algo bem grande,
Pode ser um
poderzão,
Por ele
qualquer de nós
Chega no
fundo do poço,
Porque
cachorro que tem
Nunca quer
largar o osso
É assim
desde os primórdios,
Quando o homem
aqui surgiu
Lépido
desceu das árvores,
Nômade, assim
prosseguiu,
Habitando em cavernas,
Montou bando
e sem esforço,
Mostrou que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso.
Depois
vieram os hunos,
Vieram gregos
e romanos;
No século
dezesseis,
Quem mandava
era os baianos,
Gregório é
quem nos diz,
Todos do
poder no dorso,
Provando que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso
Aqui no nosso
estado,
Era o poder
dos coronéis,
Mandavam e
remandavam
Na rua, bar
e bordéis,
Deixando o
povo oprimido,
roeram tudo
até o caroço,
Porque cachorro
que tem
Nunca quer
largar o osso!
Veio Tasso e
sua récua,
Mostrando
benevolência,
Tomaram conta
do estado,
Sem mostrar
condescendência,
Está no
poder até hoje,
Causando grande
destroço
Mostrando que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso
Já vi muitos
proclamarem,
Dizendo em
alto e bom som:
“ISSO PRA
MIM NUNCA MAIS”
Dizem aumentando
o tom,
Mas quando sozinho
estão,
Vão com ele
até o pescoço,
Provando que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso.
Mesmo ua
direçãozinha,
Numa pequena
escola,
Ou mesmo
numa cozinha,
Onde pouca
grana rola,
O vício por
mando é monstro,
E mentem sem
grande esforço,
Porque
cachorro que tem
Nunca quer
largar o osso.
É uma
comichão intensa,
Que chega as
feições mudam,
Quando veem
o tal assento,
Estranho
líquido exudam,
Vergonha
desaparece,
Grande apelo
faz o dorso,
Provando que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso.
Se avizinham
de inimigos,
Beija quem o
apedreja,
É assaz
grande pelo trono
Essa estúpida
peleja,
Esquecem-se até
da vida
Esquecem até
se são moços,
Provando que
cão que tem
Nunca quer
largar o osso.
Despeço-me
por aqui,
Pois já tô
tomando gosto,
Me apossando
do fazer,
De querer
tomar o posto
De diretor
da poesia
Tornando o
viver insosso,
É a sina do
cão que tem
E não quer
largar o osso.
(Professor
Alves Andrade, refletindo sobre o poder)