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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

DIGO NÃO À SEGREGAÇÃO






Desculpem-me mas eu não sou cearense...
E sou, mas de cancela aberta, de porteira escancarada
Sem limite pra ir vir
Dizer bons dias, ó meu
Bonjour, bay
Buenos dias, camará!

Não me prendam em quatro sílabas
Nem me ensinem com quantas cartas se diz São Paulo
Não sou basco nem catalão
Não pertenço a EIRE,
Nem tenho petróleo,
Não sou de Ásia,
Nem de Gibraltar.

Canto Patativa,
Lado a lado com Maiakovsk,
Pinto o sete com Picasso,
Toco pife em Caruaru
Enquanto tango-me na Finlândia,
De braços com Rosa pelos campos Gerais
Tomo chimarrão à beira do Nego.

Assim me desnortinizo,
Assim me desbrasileirizo,
Assim me mundifico e me humanizo,
Assim me torro no sol africano
Assim me queimo no gelo siberiano,
Assim choro pelo sertão que cá dentro fere.

Não quero ser poeta de uma cor,
Nem de uma nação,
Não quero cantar Nordeste,
Nem soprar o vento leste,
Não só quero comer sarapatel,
Nem só quero beber uísque com guaraná.
  
Quero me mistificar,
Com todos os ritos orar e reza,
Candomblé pular, dançar e gargalhar,
Com ou sem bíblia, corão ou apócrifos,
Medir de alto a baixo o pico sem neblina
Para encontrar Deus... tão pertinho.

Quero ser e convido-os
Ser sem limite de terras geográficas, culturais, regionais
Quero entrar no mundo sem sexo, sem credo, sem cor,
Voltar ao ventre eterno
Quero ser só da humanidade que me pariu!
(Professor Alves, 31 de outubro de 2014)