(A
história de 2019, por Alves Andrade)
PARTE I
CHACINA
SEM SANGUE NO RIO
Cidade de
belos pontos,
Cantada em
versos e prosas,
Diz-se muito
violenta,
Mas de
plagas bem formosas,
É o que melhor define
A cidade maravilhosa.
Ocorreram
muitos casos
De horror e
iniquidade,
Mas também
coisas felizes
Se deram
nesta cidade,
Coisas de
fazer sorrir
Velha guarda
e mocidade.
Porém nunca
houve um caso
Como o visto
na semana,
Uma chacina
sem sangue
Que
deixou a gente insana,
Foi uma
chuva de gol
Nos gaúchos
da savana.
O fato foi o
seguinte,
Vou narrar
para vocês,
E pra gente
que não quer
Lembrar-se
mais uma vez,
Como foi o
tal massacre
Mais
pungente que se fez.
O Flamengo, Urubu,
Contra o
Grêmio, Mosqueteiro,
Peleando no
Maraca,
Parando o país inteiro,
Por u’a vaga
na final,
Pra tentar
ser o primeiro.
Flamengo tem
Gabigol,
Grêmio tem o
Cebolinha,
Grêmio vinha
com Cortez,
Mengo tinha era
o Rafinha,
Grêmio
escalou André,
Mengo, toda
sua linha.
“É jogo pra
mais de metro”
O mineiro
assim falou,
“Ô que joguim
véi paidégua!” –
O cearense confirmou
–
“Vô assistir
é na rede”,
O baiano então
deitou.
Dessa forma
começou
O grande
jogo do ano,
O Flamengo
defendendo,
O
mosqueteiro atacando,
O Urubu se protegendo,
O Cebolinha
assustando.
Mas pouco
logo depois,
Flamengo as
cartas deu,
Três ataques
perigosos
Paulo Vítor
defendeu,
Mas no
quarto, Bruno Henrique,
Pro fundo da
rede meteu.
Primeiro
tempo findou.
Torcida a
unha roía.
Início do
outro tempo,
Gabigol o
gol fazia.
Quatro
minutos depois,
Casa de novo
caía.
A partir daquele
instante,
Sem forças o
Moqueteiro,
O Urubu
deitou e rolou
Roeu-lhe os
ossos inteiro,
Fez o quarto
Pablo Mari,
Rodrigo Caio
o derradeiro.
O Grêmio
saiu de campo
Com Renato
enfurecido,
A magnética
então cantava,
Todo povo
ensandecido,
E todos
lembrando sempre
Zico o herói
inesquecido.
Que venha
River, o Galo,
Representante
da Argentina
Que
Flamengo, O Urubu,
Vai comê-lo
na neblina
Em Santiago
do Chile,
Na cidade
Valdivina!
PARTE II
TENSÃO,
INFARTO E EMOÇÃO
Chegou então
o grande dia,
Dia da grande
final.
O jogo não
foi no Chile,
Mas do Peru
capital,
Estava super
lotado
O estádio
Monumental.
Era a
Libertadores
Que em campo
decidia,
Havia trinta
oito anos,
Que o Flamengo
não vencia,
“Era preciso
oração”,
O torcedor
assim dizia.
Para ver o
grande jogo,
O Brasil
inteiro parou,
Para ver o
grande espetáculo,
A tevê a
nação ligou,
Mas a grande
maioria
Queria era
gritar gol.
A partida
era bem tensa,
Bicudo e
bola pro mato,
Não tinha
pra brincadeira,
Era jogo de
campeonato,
Os times
River e Flamengo
Jogando bola
de fato.
Mas a equipe
do River
Tomou foi conta
da bola,
Aos quinze de
bola em jogo,
A nossa zaga
se enrola,
Borré sem
ter nada com isso
Para o gol a
esfera rola.
O River
jogando bola,
Mengo
jogando ruim,
A zaga sem
se encontrar,
Perigo de
gol sem fim.
Começa o
segundo tempo,
E segue a partida assim.
As torcidas
antimengo
Zombavam de
nossa dor,
Viam nosso
sofrimento
E mostravam
o secador,
A torcida do
Flamengo
Via tudo com
torpor.
O Urubu
melhorou,
Jogou um
pouco melhor,
Mas o gol
não acertava,
Mas podia
ser pior,
O Galo
contra atacava.
Corria em
bica o suor.
Quando olhei
para o relógio,
Quis logo
desanimar,
Já estava
perto do fim
E de gol eu
sem gritar,
Gabigol tava
apagado,
Fui com o
filho comentar.
Mas quem
torce pro Flamengo
Não consegue
desistir,
Está sempre
com esperança,
Sabe que é
difícil rir,
Sabe que é
preciso chuva
Pra que o
sol possa surgir.
Então, já quase
sem unhas,
Vi Arrasca
passar a bola,
Com a leveza
vulturina,
Gabigol pra
dentro rola,
O abutre
preso ao chão,
Finalmente
se descola.
Mas era o
final do jogo,
Quase na
prorrogação,
Flamengo
muito cansado,
Teste para o
coração,
A tensão só
aumentava,
Levava-se ao
rosto a mão.
Porém quem
tem Gabriel,
Sabe que
pode sorrir,
Mesmo sem
ter muito tempo,
Sabe que vai
decidir,
Pois num
pestanejar de olhos,
A nação pode
explodir.
E foi desse
mesmo jeito,
Foi assim
que aconteceu,
Já quase
dentro da área,
Ele a bola
recebeu,
E com a
força do urubu
Pra virar o
jogo bateu.
A torcida
enlouquecida,
Se esbaldava
de alegria,
Não
conseguia deter,
Tanto amor e
euforia
Já quem
secava, coitado,
Chorava de
nostalgia.
Na capital
Fortaleza,
Homem morre
de emoção!
Na capital
Cuiabá,
Vendo mengo
campeão,
Outro torcedor
infartou,
Morreu,
pois, do coração.
O Flamengo
fechou o ano
Sendo o
maior campeão,
Dentre os
sulamericanos,
Não houve
maior emoção
Que a plenos
pulmões gritar:
“MENGO,
RAÇA, AMOR E PAIXÃO”.
FIM (que
venha 2020)