"Vai começar a guerra!" Assim começava a chamada de uma rede de televisão para um campeonato de futebol.
Deparei-me então, mais uma vez, com minhas reflexões a respeito de afirmações dessa natureza, pois, para muitos, pode até parecer tolice, porém, para mim, trata-se de um incentivo ao sentimento, mesmo que inconsciente, da batalha entre inimigos, e não um incentivo a uma prática sadia e prazerosa como é o caso do futebol.
Infelizmente a mídia vem transformando o esporte e consequentemente os atletas, através dos tempos, devido ao fato de, cada vez mais, entrarem em campo os anúncios de marcas e produtos, o poder da exclusividade sobre transmissões e o mundo da fama e dinheiro, para quem chegar primeiro, juntamente com todo o poder dos que conduzem o "marketing" do esporte.
Os atletas fazem o que for preciso para chegar ao topo e virar "fenômenos". Os garotos-propaganda de tênis, roupas, celulares e até cervejas, vejam só, levam as pessoas ao confuso mundo dos bens de consumo e a uma ilusão da vida cheia de "glamour" de um astro do esporte.
As pessoas assistem passivas nas arquibancadas ou em seus sofás a este incrível espetáculo, enquanto bebem a cerveja ou o refrigerante que seu ídolo "toma", sem perceberem que a vida saudável que um atleta deve ter não lhes permite tais hábitos.
E assim a mídia vai conduzindo os rumos do nosso esporte, põe homens e mulheres nas arenas televisivas, e que vença o melhor, o mais forte, seja lá a que custo, de preferência a baixos custos e com margem de lucros certa.
Nossos dois heróis, "o amor pela camisa e o jogar com o coração", vão tentando sobreviver a todos esses holofotes que cegam e mostram somente o caminho do tapete vermelho, talvez por isso tanto gosto por ele, já que os gladiadores, heróis do passado, sobreviviam pisando no tapete vermelho do sangue de seus rivais.
Enquanto isso, durante os comerciais, os pais sonham com seus filhos virando "fenômenos", e os filhos sonham o mesmo sonho. Espera-se que entre um sonho e outro, o sonho de um homem melhor possa fazer um mundo melhor.
(Professor Joni, professor de Educação Física da EEFM Prof. Paulo Ayrton Araújo e do Colégio 7 de setembro)