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quarta-feira, 3 de abril de 2013

CIDADANIA





















Que palavra é essa
sem efeito
que efeito é esse sem causa
que causa é essa
que não se entende.

Existe um homem pobre
existe um filho sumido
existe um filho vivo
existe só descaso.

Que nome é esse
sem sentido
sentido sem razão
razão sem História
História com eco.

Eco de tristeza
eco de medo
eco de fome
eco sem nome.

(Professor Alves)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DIGNIDADE

            Pensando hoje sobre dignidade, lembrei-me da história de um amigo. Chamo de amigos àqueles com os quais convivo e mantenho uma relação a mais que dar e receber bom-dia. Àqueles com quem interajo, e falo, e ouço sobre sonhos, sobre passado, presente e futuro; com quem não me refuto em comentar, quando há comentários a se fazerem, sem me intrometer, pois meu pai me ensinou que "cada qual com seu cada-qual". Mas são meus amigos, por isso me alegro e me entristeço, quando a situação é pra alegria ou pra tristeza.
           Com esse, tinha longas e longas conversas. Lembro-me de que me falava de cavalos, de fazendas, de liberdade. Eu lhes contava minhas agruras, minhas risadas, os ossos do ofício com os quais convivo. Sorríamos entre um copo e outro, enquanto os carros passavam velozes em frente ao bar que não era seu, mas com o qual ganhava a vida.
         Sumi, sumiu, sumimos. Cada um seu rumo, cada rumo distante. Sempre lembrava: "por onde anda meu amigo, quando o verei novamente, será que já tem cavalos, fazenda?"   
        Dia desses tomei um susto. Num jornal diário, lá estava sua foto. Mãos algemadas, cabeça baixa, sorriso desaparecido. O roubo de um banco. Cavando buraco. Imagino seu sorriso, amarelo, "estava só cavando buraco, não sabia pra que era". Sabia. Recebeu quatro milhões pelo tal buraco. Comprou fazenda, comprou cavalo. Tornou-se patrão à custa da liberdade. Ciquenta e sete anos! como é que sai?
Dia desses pensei em visitá-lo. Imaginei sua cabeça baixa, olhos fitos no chão, quase pedindo para eu ir embora. Compreendi. Não fui. Mas ficou a pergunta: por quê?

terça-feira, 23 de março de 2010

DIGNIDADE


REFLEXÕES SOBRE DIGNIDADE
Quando nascemos, Deus nos dá algo tão valioso como uma barra de ouro: nossa dignidade. Ela é nossa riqueza espiritual e individual, com a qual, se soubermos utilizá-la, conseguiremos todas as riquezas materiais. Claro que não precisamos de tanta, pois corremos o risco de perder o mais importante.

O mais importante para qualquer ser humano é a dignidade, sem ela não temos força moral para conquistar nossos objetivos. Se não a mantivermos íntegra, com o tempo, ela se tornará em algo semelhante a uma barra de ferro, que não vale 0,5 centavos de real.

Mas como perdemos nossa dignidade? Perguntam uns. Outros responderão de pronto: “quem trabalha colhendo lixo para sobreviver, não tem dignidade”. Ledo engano. Conheço muitas pessoas que trabalham no lixão dia após dia, mas cuja dignidade está inalterada. Apesar da condição sub-humana em que labutam, erguem a cabeça para qualquer um sem vergonha do que fazem, pois compram com seu trabalho o pouco que têm. Numa matéria sobre essas pessoas exibida por uma emissora de tevê, pessoas após esse rude trabalho, continuavam felizes, criando filhos felizes, pois são dignos da felicidade, possuem dignidade.

Perdemos nossa dignidade quando, pouco a pouco vamos nos expondo a situações constrangedoras. Na escola, quando somos chamados à atenção, na rua quando faltamos com desrespeito com pessoas mais velhas, no trabalho, quando não cumprimos com nossos deveres. Aos poucos vamos nos tornando cínicos, pois já não temos amor próprio. Nossa barra de ouro vai se gastando e o ferro do nosso caráter vai aparecendo, até o dia em que não valemos 0,5 centavos de real.

O pior é que há pessoas cuja dignidade se mantém inalterada até certa idade, algumas até à velhice. Súbito, sucumbem a tentações várias e perdem seu tesouro maior. Aparecem na frente das câmaras ou dos amigos de cabeça baixa, com a boca amarga pelo gosto do fel que elas mesmas criaram. Eu já conheci pessoas nessa situação, coitadas, não sabem o que de fato perderam. Mas agora é tarde.

Portanto não deixemos que nossa barra de ouro se transforme em algo sem valor, como um carro invejado, cujo destino, se não cuidarmos, será ferro velho.
PROFESSOR ALVES, 25 DE NOVEMBRO