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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

À MEIA-NOITE E O CÁLICE



À MEIA NOITE
Cheguei à meia-noite em ponto.
O caso deu-se como eu conto.
Cheio de lúgubre mistério…
Pois ela disse: “Ao cemitério
Vamos à meia-noite em ponto.”
E eu respondi-lhe: “Conto, conto
Contigo à meia-noite em ponto.”
Como eu sabia, ela outro amante
Tivera em tempo não distante.
Era já morto: eu uma esposa
Tinha também sob uma lousa.
E ela sabia desse amante.
Jaziam um do outro distante
O amante dela e a minha amante.
Bem não chegamos, os ciprestes
Agitaram as verdes vestes
Como arrojando-se de bruços…
Que ais de tristeza e que soluços
Gemeram tão verdes ciprestes.
Gemia o vento pelas vestes.
Verdes dos vírides ciprestes.
Paramos de repente à porta:
Eu era um morta, ela uma morta.
Tal foi a cena branca e nua
Que nós, clareados pela lua,
Olhamos bem ao pé da porta.
Eu era um morto, ela uma morta,
Sem movimento junto à porta.
Diante de nós, em frente, diante,
O amante dela e minha amante,
Espectros vis num mesmo quadro,
Vinham vagar, hirtos, pelo adro,
Diante de nós, em frente, diante…
O amante dela e a minha amante.
Riram, passando para diante.
(ALPHONSUS DE GUIMARÃES, O HOMEM) 
O CÁLICE
A chuva benéfica e abundante cai dos céus
Mitigando a sede da terra.
Assim também, o Amado faz chover sobre os homens
Os poderes e as bênçãos.
No entanto, choras e desesperas...
Por que não recolheste a tempo a tua parte?
– Nada vi – responderás...
É porque teus olhos estavam nevoados na atmosfera do sonho.
O Senhor passa todos os dias,
Distribuindo os dons celestiais,
Mas as ânforas do teu coração
vivem transbordando de substâncias estranhas.
Aqui, guardas o vinagre dos desenganos,
Acolá, o envenenado licor dos caprichos.
O Amado é incapaz de violentar a tua alma.
Seu carinho aguarda a confiança espontânea,
Seu coração freme de júbilo,
Na expectativa de entregar-te os tesouros eternos...
Mas, até agora,
Persegues a fantasia e alimentas curiosamente a ilusão.
Todavia, o Amado espera.
E dia virá,
Na estrada longa do destino,
Em que estenderás ao seu amor infinito
O cálice do coração lavado e vazio 

(ALPHONSUS DE GUIMARÃES, O ESPÍRITO)




segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CARIDADE, A CURA DO MAL



 
         Quando Jesus nos ensinou a perdoar, concedeu-nos o máximo de poder imunológico para frustrar o contágio do ódio e do desequlíbrio, em nosso relacionamento recíproco.
          Perdoa a quem te persegue ou calunia, no veículo do silêncio, e situarás o agressor, na cela íntima do arrependimento, na qual se lhe transformarão os sentimentos para a cura espiritual que se lhe faz precisa.
            Perdoa, sem comentários, a quem te ofende e a breve tempo, te conscientizarás dos males que evitastes e das esperanças com que renovaste muitos dos corações que te partilham a vida.
            Se alguém te feriu, perdoa e silencia. Se alguém te prejudicou, silencia e perdoa sempre.
       Quando todos nós praticarmos o perdão que o Cristo nos legou, teremos afastado do mundo as calamidades da própria guerra, que, na seeência, é a cristalização do mal que nos induz a apoiar, voluntária ou involuntariamente, o extermínio de milhões de pessoas.  

                                                      Emmanuel 
DO SITE:  http://missionariosdaluz.webnode.com.br/products/caridade/ 

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Reencarnar é uma lei natural


Maurício Roriz
"Antes de nascer, a criança já viveu e a morte não é o fim, A vida é um evento que passa como o dia solar que renasce". (de um papiro egípcio de 5000 anos)
Reencarnação é o retorno sucessivo de um mesmo Espírito à vida em diferentes corpos. Reencarnar é uma lei tão natural quanto nascer, viver ou morrer.
"Se é assim - poderão perguntar - por que, então, a ciência a desconhece?" O motivo é simples: como tudo o que é humano, o conhecimento científico também é progressivo. A verdade das academias é sempre provisória. Qualquer colegial de hoje considera normais inúmeros fatos que ontem eram totalmente ignorados pelos cientistas: o movimento da Terra, as partículas menores que o átomo, a composição química da água, etc. Diariamente a ciência revê suas teses da véspera. Mas o conhecimento humano só avança através de pesquisa e, em geral, os que negam a teoria da reencarnação jamais a estudaram seriamente. Entretanto, alguns cientistas de renome que a pesquisaram concluíram tratar-se de fato inegável: Thomas Edson (inventor da lâmpada elétrica), William Crookes (famoso físico e químico falecido em 1919), Charles Richet (Prêmio Nobel de Medicina de 1913), e tantos outros.
Atualmente, muitas universidades já possuem grupos de pesquisa sobre este importante tema. Certamente chegará o dia em que a reencarnação também constará daquela lista progressiva de assuntos "corriqueiros".
"De onde se origina a certeza dos Espíritas sobre esta questão? Em que se baseiam para a afirmarem com tanta convicção?"
Estas são perguntas freqüentes e cabíveis. Merecem resposta.
Cumpre esclarecer, que a reencarnação não foi inventada pelos Espíritas: é uma das idéias mais antigas da Humanidade. Um papiro egípcio de 3000 A.C. já a menciona. Outro, mais recente, denominado "Papiro Anana" (1320 A.C.), diz: "O homem retorna à vida varias vezes, mas não se recorda de suas pretéritas existências, exceto algumas vezes em sonho. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas."
Na Grécia clássica, Pitágoras (580 a 496 A.C.); já divulgava o reencarnacionismo. No diálogo Phedon, Platão cita Sócrates (469 a 399 A.C):
"É. certo que há um retorno à vida, que os vivos nascem dos mortos". Esta mesma certeza consta da maioria das religiões antigas, como o Hinduísmo, Budhismo, Druidismo, etc. "Mas estas são religiões primitivas, não merecem crédito!" - dirão alguns.
A reencarnação está também na Bíblia. Jeremias (1:4-5): "Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações." Ou, no Novo Testamento: "Digo-vos, porém, que Elias já veio e não o reconheceram." (...) "Então os discípulos compreenderam que (Cristo) lhes tinha falado de João Batista." (Mateus, XVII, 12-13). E ainda: "Não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo." (Jesus, em João, III, 3).
A convicção dos Espíritas, entretanto, decorre de outras razões: Se entendemos que não existe acaso - pois todo efeito possui uma causa - e se cremos que Deus é Justo, somente a reencarnação explicará as diferenças econômicas, sociais, físicas e morais entre os homens. Somente ela é compatível com o conceito de evolução, também evidente em toda a natureza. É ela que confere sentido à existência humana. E, também, a única explicação racional para o "deja vu", esta sensação comum de já conhecermos pessoas ou lugares que nunca vimos. Além disso, a reencarnação é confirmada universalmente por todos os Espíritos Superiores, assim chamados pela coerência e pela elevação moral e intelectual que demonstram no conjunto de suas mensagens mediúnicas.
Por outro lado, a hipótese de que tenhamos uma única vida é inteiramente incompatível com a admirável perfeição existente em todo o universo conhecido. A idéia de que, após a morte do corpo, nossas individualidades se percam em um "grande nada" é, esta sim, insustentável, pois a própria ciência já descobriu que "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Assim, se temos tantas evidências à favor da reencarnação, o que nos oferecem contra a mesma? Apenas a simples opinião dos materialistas e de algumas igrejas. Quais os seus argumentos? Ainda não os apresentaram.
Revista Espírita Allan Kardec, nº 37.

Do site: 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

PORQUE SER ESPÍRITA

 SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO

       Ser ou não ser, eis a questão! É o eterno dilema quando está em discussão as preferências por isso ou aquilo. Não sou espírita, mas estive refletindo sobre por que as pessoas são avessas à doutrina espírita. Há alguns anos comecei a ler de forma involuntária algumas resenhas a respeito dessa doutrina. Nunca li Alan Kardec, Chico Xavier ou outros autores dessa doutrina. Entretanto, pela leitura que fiz dessas resenhas, tornei-me simpatizante dela. Ser simpatizante é mais ou menos como ficar em cima do muro, observando o desenrolar dos acontecimentos. Pois é! Tornei-me simpatizante de Chico Xavier, Alan Kardec e dos espíritos de que falam as resenhas já aluzidas.
       Se sou simpatizante dessas doutrinas é porque antipatizo com outras. Necessariamente não. Mas é que durante minha estada nos templos católicos, vi sempre uma referência constante a dinheiro. A Igreja precisa de dinheiro para isso e aquilo. Recentemente estive numa missa de 7° dia e fiquei abismado com a incoerência do sacerdote. Enquanto ele lia o sermão baseado na palavra de Cristo que condena a riqueza, eu observava es-tu-pe-fac-to a suntuosidade do templo onde estávamos, com suas poltronas acolchoadas, que me lembraram salas de exibições de luxo, ou o luxo do Congresso Nacional. Os vitrais não eram menos caros, lembraram-me os encontrados nas igrejas barrocas; apesar de o espaço ser imenso, o ar, condicionado, enregelava os ossos dos menos vestidos. Para meu espanto, apesar de estarmos em um bairro cercado de favelas por todos os lados, não vi nenhum pobre por lá. Nenhuma mãe de aluno da escola pública onde trabalho fazia parte do grande público que lá se encontrava. Em contrapartida o imenso estacionamento estava repleto de carros de todas as marcas, menos fusca, é claro. O pior é que isso se repete na maioria das igrejas urbanas.
       Com certeza um bom número de miseráveis que não estavam naquela igreja estavam nas igrejas evangélicas? É bem provável que sim, mas só nas bem pequeninas, que se multiplicam feito demônios no inferno. A outra parte está gastando seus minguados trocados para enriquecer a igreja do senhor Edir Macedo e bancar seus palacetes mundo afora, em busca de uma salvação milionária ainda em vida.
Portanto vem a conclusão: por que não sermos espíritas? Não sou espírita, também não tenho no momento desejo de me tornar um adepto da doutrina de Kardec, mas me sinto simpatizante. Depois de muito ler sobre a doutrina, e ler textos advindos dela cheguei a uma conclusão, pelo menos para mim, deveras interessante. Chico Xavier, pelo que me consta, escreveu 412 livros traduzidos para mais de trinta países, mas nunca construiu castelos, nem se considerou autor, pois tudo que fazia era obra de espíritos. Sempre que leio algum texto, a palavra que mais encontro é FELICIDADE. Quando alguma pergunta é feita a respeito de futuro, de morte, sempre encontro uma resposta baseada no modo de vida. Ou seja, o que o Espiritismo prega é a vida voltada para a solidariedade. Como dizia Alan Kardec: Sem solidariedade, não há salvação. A doutrina espírita divulga a ideia de que devemos cuidar do planeta, pois iremos tornar a viver nele, quando reencarnarmos. Se alguém não acreditar em reencarnação, deverá praticar a solidariedade porque ela faz bem. Doar ao próximo é mais benéfico para quem doa do que para quem recebe. Cuidar do planeta é uma atitude que pode salvar o planeta, e se você não crer em que voltará a viver, pelo menos deve cuidar do planeta porque é nele que seus netos irão morar. Ou seja, ser espírita é uma filosofia de vida saudável, que não magoa ninguém, nem fere a terra, portanto fica a pergunta: Por que não ser Espírita?
     Abaixo seguem reflexões do espírito Maria Fidélis, transcritas da revista SER ESPÍRITA, edição número 12.
A DOUTRINA ESPÍRITA E O HOMEM
O centro espírita tem a significação crítica da vida. Tem a expressão permanente da evolução. (…) As religiões de um modo geral(...) querem que o homem se transforme numa dimensão só de espírito. E ele não pode, ele tem a potencialidade do humano.”

AUTOCONHECIMENTO
“O homem precisa repensar o seu cotidiano, precisa refazer o seu caminho, se autoconhecer corajosamente, e se reinterpretar. Nessa visão crítica, só conseguirá isso na medida em que alcance uma percepção do mundo e, consequentemente, dele.”

IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO
“É o momento de se fazer imediatamente a praça do pensamento, ela representa toda a renovação, toda a expressão da construção de um momento novo para amanhã.”

FELICIDADE
“Não se iludam com alegria fractária. Não se iludam com alguém que pisca uma luz para que lhe possa conduzir. Isso não é vida. Basta acender uma luz que imediatamente os insetos, por taxia, venham. Não é isso que o ser inteligente precisa. Ele precisa mais do que isso.”

PRESTAR ATENÇÃO EM SI MESMO
“É preciso perguntar aos senhores o que entendem por saúde? Os senhores vão ver que estão defasados. O que entendem por alegria? Vão ver que estão diminuídos. O que entendem por Felicidade? Vão ver que fizeram caminhos tortuosos (…). E o que é amor? P amor virou um coluio sexual, promessas. É preciso imediatamente conceber tudo isso.

Professor Alves, 01/04/2011

sábado, 26 de março de 2011

ESPÍRITO ANTÔNIO GRIMM: A DINÂMICA DA CONTINUIDADE DO SER


http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ


Uma criança olhando, olhando para o Universo.
Um homem olhando, olhando para uma criança.
Os dois, ligados pelo fluxo do amor, da Creação.
Quanta exclamação!
Ausência de luz em alguns momentos,
enquanto que em outros, luminosidade plena.
Homens e mulheres, num fluxo da vida,
fazendo a dinâmica da continuidade do ser, na visão da reencarnação.
Expectativas, pensamentos, indagações, medo, posse.
Muitas situações, diversos sentimentos.
Esperanças quebradas, corações destruídos.
Prantos, lágrimas, dor,
frentes de batalha, sussurros, os estertores da morte.
Mães soluçantes,
o trabalho humano destruído.
A vida em pedaços.
Sem saber, a criança aponta para o futuro.
O homem olha para o chão.
Os dois se somam e, num instante, alcançam o silêncio.
Porque percebem que, unidos, representam a paz, a continuidade, a vida.

Poema psicofonado pelo médium Maury Rodrigues da Cruz

terça-feira, 22 de março de 2011

Amor

http://1.bp.blogspot.com/_IzHWeR2Yn1o/SJxBAW9Z4

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Participe da vida ensinando e aprendendo com humildade;
Olhe o mundo com benevolência;
Não se faça de surdo aos pedintes do caminho;
Defenda os oprimidos, use a palavra;
Não deixe secar a afeição – o coração é vivo quando ama;
As mãos são instrumentos de socorro que não podem parar;
Os pés devem percorrer os caminhos da vida, do sacrifício, sustentando a missão evolutiva;
Não devemos esquecer que a vontade sedimentada na fraternidade é força universal.

(http://www.serespirita.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210:amor&catid=5:leocadio&Ite)

LEOCÁDIO JOSÉ CORREIA
Mensagem psicografada pelo médium
Maury Rodrigues da Cruz
Extraída da obra:
“NO CENÁRIO DA VIDA”

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS D REENCARNAÇÃO


“A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito(...). a vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.”
(Alan Kardec)

As aulas na faculdade se iniciaram no começo de fevereiro, portanto nesse mês não tive tempo para nada. Era mais ou menos pelo dia vinte quando Ernani me telefonou para dizer que o tal psiquiatra americano já estava em Fortaleza e que marcara o início das sessões de regressão para o sábado. Nos dois dias que antecederam a essa data eu me desdobrei para não deixar nenhuma atividade acadêmica para esse final de semana. Dessa forma sábado chegou, e nos reunimos na casa de Ernani para a já famigerada sessão. O médico explicou os procedimentos a serem executados e os problemas que poderiam ocorrer. Disse que mesmo nunca tendo presenciado ou tido notícias de efeitos negativos nos pacientes, era possível que eles ocorressem. Por isso o marido de Aliel teve de assinar um termo de compromisso, que foi guardado metodicamente pelo homem que se chamava Bob, apelido de Robert. Ele ainda perguntou a Aliel sobre seus traumas, suas fobias. Ela fez referência ao medo de tomar comprimido, “pois eles sempre ficam atravessados na garganta.” E colocou as duas mãos no pescoço e pôs a língua pra fora, fingindo estar sendo enforcada. Todos riram de sua atitude. Disse por fim um pouco séria sobre o principal motivo de estarmos ali, que era sua obsessão em achar que muitas pessoas as quais nunca vira parecerem-lhe familiares.
Depois dessa conversa que se deu de forma bem descontraída, o homem ligou o gravador e, em seguida, levou Aliel ao estado de hipnose. Aos poucos ela foi relatando o que via. Como se assistisse a um filme de trás pra frente. Chegou a idade de cinco anos e nos relatou alguns maus tratos infligidos pela mãe, que numa tentativa de mostrar às pessoas que a filha era normal, dava-lhe beliscões por baixo das mesas ou bicava suas pernas com a ponta da sandália. Nesses momentos Aliel parecia estar consciente e não hipnotizada, demonstrou bastante tristeza ao se referir aos fatos. Depois ela encolheu-se toda e ficou em posição fetal e pôs o dedo médio na boca. Aos poucos foi-se estirando novamente e em seus lábios apareceu um breve sorriso, que desapareceu dando lugar a uma expressão séria. E começou a falar:
“Eu ando por uma rua estreita, iluminada à luz de lampiões. Eu sou um homem, estou vestindo um terno azul, trago um chapéu na cabeça e tenho uma enorme barba. Entro por uma porta estreita e vejo meus camaradas, que me esperam. Estão todos taciturnos, preocupados. Todos me chamam de “o Escolhido” e também atendem por pseudônimos análogos. Há o Redentor, o Pensador e outros. O lugar onde me encontro é um espécie de bar e alguns gritam alto em espanhol “ ¿En este bar no hay nadie para servirnos?” E riem sem muita explicação. Do interior aparece uma mulher atarracada com algumas garrafas de vinho que distribui pelas mesas. Ao passar por nós ela diz algo como “Éste es vino de la medianoche”. É um código secreto. Agora eu me lembro, somos todos seguidores de Simon Bolívar e temos um plano de nos unirmos ao seu exército em Caracas. Entretanto há um mal estar, entre o grupo. Temos que esperar a meia-noite. Temos que aguardar com naturalidade para não despertar suspeitas nos outros frequentadores do ambiente. Um dos camaradas retira do paletó um jogo de cartas e jogamos, outros bebem, mas pouco, mesmo assim a tensão não passa. Agora a porta se abre com violência e homens fardados e armados com carabinas entram no salão. Todos vamos presos. Fomos traídos pela taberneira que vai mostrando ao chefe dos fardados quem faz parte do grupo e quem não faz. Ficamos então sabendo que Simon já está refugiado em um país vizinho. Os soldados se aproximam de nós e com suas adagas cortam-nos a garganta. É grande o transtorno dos outros colegas vendo nossos corpos estrebucharem pelo chão coberto de sangue...”
Nesse instante Aliel tornou-se ofegante, com grande dificuldade de respirar. Ela por algumas vezes levou a mão em direção ao pescoço, mas seu ofego foi diminuindo, seu rosto se iluminando. Ela nos contou que fora levada por uma luz e que permaneceu nela um tempo que julgava infinito. Depois começou a espernear como fazem os bebês e nos narrou mais uma de suas vidas. Nesta ela era uma religiosa em missão de caridade numa comunidade pobre no sul da áfrica. Lá sua grande inimiga era a fome que consigo trazia toda sorte de moléstias físicas e morais, narrou-nos seu sofrimento ao ver o semblante da miséria estampada nos olhos e corpos daquelas criaturas desgraçadas. Contou-nos também de sua morte aos oitenta anos rodeada pelas pessoas que tanto ajudara, uma morte, como ela mesma descreveu, feliz.
Nos dias que se seguiram, as sessões se repetiram. Esse trabalho durou exatamente dez meses e aliel regrediu a mais de cinquenta encarnações. Umas sem grande importância, outras contribuíram de forma decisiva para que ela e nós entendêssemos todos os males que a afligiam, todas suas angústias e temores foram desvendados nessas regressões. Entretanto para mim a mais significativa foi quando ela regrediu há aproximadamente mil anos e se viu como Ranjicniami. Nesse período eu estudava fora de horário e até de madrugada para não perder essas sessões, que depois eram cuidadosamente analisadas por nós e pelo psiquiatra, e das fitas eram tiradas, com o consentimento do casal, cópias, para, segundo ele, quando tivesse coragem, publicar um livro com essas experiências e assim enfrentar a comunidade cientifica.
Foi possivelmente, não lembro bem, na décima quinta sessão que Aliel lembrou pela primeira sua vida como Ranjicniami. Falou do nascimento, da infância, das ameaças do pai, das angústias, do medo que todos na ilha tinham das ondas gigantes. Na segunda vez ela relatou o nosso encontro e novamente lembrou seu nascimento e as ameaças do pai. Foi com grande aflição que, em uma outra sessão, relatou nossa morte causada pelas ondas gigantes que nos arremessaram contra as pedras. Às vezes ela passava inúmeras sessões sem lembrar dessa encarnação, seu ser se voltava para momentos sem grande importância como brincadeiras de infância ou simples discussões familiares. Depois ela voltava a lembrar-se de quando era Miciane e eu Daniel. E já nas últimas reuniões ela só regredia a duas vidas: como Ranjicniami e como Miciane. Essas duas existências de aliel eram os elos que nos ligavam, formavam aquilo que antes era o mistério de nossas vidas. Nós nos amávamos de duas formas diferentes, mas que se completavam. Eu a amava e a protegia enquanto ela era Miciane, e a amava, queria-lhe como um louco enquanto Ranjicniami. Entretanto não pude concluir aquilo que poderíamos chamar de nossa missão. Há mil anos fomos arrebatados pelas águas do oceano e tivemos nosso destino interrompido. Como seu irmão, coincidentemente com o mesmo nome que tenho agora, Daniel, não pude protegê-la das maldades perpetradas pela nossa tia, pois morri precocemente em um acidente de trem. Agora era diferente. Nesta vida tínhamos toda a oportunidade de nos realizarmos, de concluirmos aquilo que talvez seja o motivo de nossa estada aqui na terra: amarmos um ao outro em toda sua plenitude. Somos almas gêmeas que precisamos nos completar, somos as metades da laranja separadas pelo fio da faca do destino e que precisamos nos unir para que nossas almas tenham finalmente paz.
No mês de novembro, encerraram-se as reuniões. O americano deu seu trabalho por concluído. As vidas de Aliel haviam sido dissecadas, se havia uma ou outra que não vieram à tona eram sem grande importância. O próprio médico fez referência ao fato de o mistério de nossas existências estar na análise dessas duas vidas. Ernani sabia disso, mas sabia também que seu destino não o havia colocado diante de aliel por acaso, inclusive ele aparecia mais em suas outras vidas do que eu, era sempre seu pai, amigo, avô, confidente. Ele sabia da importância de seu papel na consecução do destino da esposa. Ele a amava e não abriria mão de seu amor. Ela compreendia agora todo o carinho que nutria pelo marido, com quem se dava muito bem. E isso é amor. Além do mais, conhecia seus compromissos como pessoa socialmente comprometida, não podia abdicar de seu matrimônio. Além de tudo isso, havia entre todos nós o Destino como mediador, diante do que foi visto durante todo esse tempo, nós sabíamos que infringir as suas leis era quebrar uma corrente que fora elada há milhões de anos e que, portanto, não havia nada que pudesse ser feito. Tudo devia continuar como estava: Aliel casada e amando seu marido; eu amando-a e respeitando sua condição; Ernani amando a mulher e sendo amada por ela, sendo meu amigo e crendo na minha fidelidade. Só uma coisa mudara, aliás duas: a cura definitiva de todos os males que acometiam Aliel e a nossa compreensão de tudo o que nos cercava. E só uma coisa não sabíamos: em que teias o futuro, que enreda destinos silenciosamente, nos iria jogar. 
(Professor Alves, De Vida, de sonhos e de Encontros

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

REENCARNAR É UMA LEI NATURAL

Reencarnar é uma lei natural

Maurício Roriz
"Antes de nascer, a criança já viveu, e a morte não é o fim, A vida é um evento que passa como o dia solar que renasce". (de um papiro egípcio de 5000 anos)
Reencarnação é o retorno sucessivo de um mesmo Espírito à vida em diferentes corpos. Reencarnar é uma lei tão natural quanto nascer, viver ou morrer.
"Se é assim - poderão perguntar - por quê, então, a ciência a desconhece?" O motivo é simples: como tudo o que é humano, o conhecimento científico também é progressivo. A verdade das academias é sempre provisória. Qualquer colegial de hoje considera normais inúmeros fatos que ontem eram totalmente ignorados pelos cientistas: o movimento da Terra, as partículas menores que o átomo, a composição química da água, etc. Diariamente a ciência revê suas teses da véspera. Mas o conhecimento humano só avança através de pesquisa e, em geral, os que negam a teoria da reencarnação jamais a estudaram seriamente. Entretanto, alguns cientistas de renome que a pesquisaram concluíram tratar-se de fato inegável: Thomas Edson (inventor da lâmpada elétrica), William Crookes (famoso físico e químico falecido em 1919), Charles Richet (Prêmio Nobel de Medicina de 1913), e tantos outros.
Atualmente, muitas universidades já possuem grupos de pesquisa sobre este importante tema. Certamente chegará o dia em que a reencarnação também constará daquela lista progressiva de assuntos "corriqueiros".
"De onde se origina a certeza dos Espíritas sobre esta questão? Em que se baseiam para a afirmarem com tanta convicção?"
Estas são perguntas frequentes e cabíveis. Merecem resposta.
Cumpre esclarecer, que a reencarnação não foi inventada pelos Espíritas: é uma das ideias mais antigas da Humanidade. Um papiro egípcio de 3000 A.C. já a menciona. Outro, mais recente, denominado "Papiro Anana" (1320 A.C.), diz: "O homem retorna à vida várias vezes, mas não se recorda de suas pretéritas existências, exceto algumas vezes em sonho. No fim, todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas."
Na Grécia clássica, Pitágoras (580 a 496 A.C.); já divulgava o reencarnacionismo. No diálogo Phedon, Platão cita Sócrates (469 a 399 A.C):
"É certo que há um retorno à vida, que os vivos nascem dos mortos". Esta mesma certeza consta da maioria das religiões antigas, como o Hinduísmo, Budhismo, Druidismo, etc. "Mas estas são religiões primitivas, não merecem crédito!" - dirão alguns.
A reencarnação está também na Bíblia. Jeremias (1:4-5): "Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos: Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações." Ou, no Novo Testamento: "Digo-vos, porém, que Elias já veio e não o reconheceram." (...) "Então os discípulos compreenderam que (Cristo) lhes tinha falado de João Batista." (Mateus, XVII, 12-13). E ainda: "Não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo." (Jesus, em João, III, 3).
A convicção dos Espíritas, entretanto, decorre de outras razões: Se entendemos que não existe acaso - pois todo efeito possui uma causa - e se cremos que Deus é Justo, somente a reencarnação explicará as diferenças econômicas, sociais, físicas e morais entre os homens. Somente ela é compatível com o conceito de evolução, também evidente em toda a natureza. É ela que confere sentido à existência humana. E, também, a única explicação racional para o "deja vu", esta sensação comum de já conhecermos pessoas ou lugares que nunca vimos. Além disso, a reencarnação é confirmada universalmente por todos os Espíritos Superiores, assim chamados pela coerência e pela elevação moral e intelectual que demonstram no conjunto de suas mensagens mediúnicas.
Por outro lado, a hipótese de que tenhamos uma única vida é inteiramente incompatível com a admirável perfeição existente em todo o universo conhecido. A ideia de que, após a morte do corpo, nossas individualidades se percam em um "grande nada" é, esta sim, insustentável, pois a própria ciência já descobriu que "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Assim, se temos tantas evidências à favor da reencarnação, o que nos oferecem contra a mesma? Apenas a simples opinião dos materialistas e de algumas igrejas. Quais os seus argumentos? Ainda não os apresentaram.
Revista Espírita Allan Kardec, nº 37.


Do site: www.espirito.org.br