Mostrando postagens com marcador Ai que saudades da chuva!. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ai que saudades da chuva!. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

AI QUE SAUDADES DAS CHUVAS!


Por que nunca chove mais?
Todos queremos saber
Se sem a bendita chuva
Não se pode aqui viver!


O asfalto tremeluzindo,
Dá pena as ruas se ver,
Calçamento tem calor,
Cacto sua a se benzer.

As paredes verde sol,
O telhado ressecado,
A calçada é só poeira,
Parapeito desolado.

Seus galhos defolhados,
As árvores erguem ao céu
São braços pedindo água,
Corpos nus, gosto de fel.

Aves que fogem do ardor
Os lagos todos secando
Galinhas, que antes, eram d’água
Vendo seu mundo acabando.

Florinhas sem existirem,
Peixinhos quase sem ar,
Sapinhos que não tem charcos,
Não sabem mais coaxar.

E o sertanejo vendo isso,
Dá vontade de chorar!
“Porque não chove mais
Aqui no meu Ceará?"

***

São bem grandes as lembranças
De um passado não distante
Quando aqui chovia sempre
Em todos quatro quadrantes.

Chovia aqui na cidade,
Chovia bem no sertão,
Chovia chuva fininha,
Chuva de raio e trovão.

A chuva bem benfazeja
Enchia lago e açude
Enchia rio e lagoa
Enchia tudo amiúde.

O mato ficava verde,
Muy bela, a plantação.
As moçoilas se alegravam
Pintavam seu coração.

As pessoas eram felizes
Sem medo da profecia
“cuidado o racionamento”
Isso não carecia.

Às vezes não chovia
Era tempo de estiagem,
Porque era tempo de seca,
Tempo de muita coragem.

No sertão e na cidade
Pessoas, joelho no chão,
Por todos seus pecados,
Rezavam, quero perdão.

Mas pouco tempo depois,
Asfalto e terra molhados,
Flores florindo a paisagem,
Olhos de fé marejados.

***

Mas agora ninguém sabe
O que de fato aconteceu
Só se sabe de uma coisa
É que nunca mais choveu.

Não chove no sertão
Na cidade também não
Não chove nos açudes
Não chove no ribeirão.

Porque não chove mais
Todos querem saber
Se sem a bendita chuva
Não se pode aqui viver!

(Professor Alves,
com saudades do tempo que chovia)

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...