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quarta-feira, 5 de abril de 2023

O ABSURDO NÃO TEM COMPARATIVO




(Por Alves Andrade, 05 de abril de 2023)

Uma quarta feira como outra qualquer. Trabalho, escola, almoço, café, risos, boatos e tudo que acontece todos os dias, inclusive numa quarta feira como outra qualquer. Mas não para as famílias das 4 crianças que foram violentamente assassinadas por um homem de 25 anos. Segundo Testemunhas, o indivíduo pulou o muro da creche, situada em Blumenau, Santa Catarina, com uma machadinha, dirigiu-se ao parquinho e praticou o ato violento.

Quando meu filho era pequeno, só íamos a lugares que tivesse um parquinho. Restaurantes, churrascarias, barraca de praia. Ele sempre perguntava, quando o aprontávamos para sair, se tinha parquinho. Diante da resposta positiva, exclamava um OBA! pleno de alegria. Ainda hoje, quando vamos a algum lugar que tem um parquinho, fico observando a felicidade das crianças descendo no escorregador, indo e vindo nos balancinhos, subindo e descendo nas gangorras e/ou andando de gatinhas nos brinquedos que têm túneis.

Fico imaginando na surpresa boa daquelas crianças da creche de Blumenau, quando a Tia lhes disse que iriam para o parquinho, ter uma aula ao ar livre. Mesmo que não fossem para ali brincar, mas a ideia de estarem lá deve ter-lhes causado imensa euforia. Mal sabiam eles, mal sabíamos nós, que um antiserhumano conduzido por pensamentos de destruição, ódio, vingança iria deslocar-se até ali e perpetrar um genocídio, que deixaria quatro corpinhos inertes, sem vida e outros cinco feridos com dores, em desesperos. Além de quatro famílias enlutadas pelo resto de sua existência e outras em frangalhos, temendo pelas vidas de seus filhotes.

Não há nada tão absurdo como o acontecimento de hoje, pelo menos para hoje. Aconteceram entre 2011 até hoje 10 ataques a escolas que deixaram mortos e feridos. E nunca houve nada tão absurdo quanto cada um deles para o dia em que aconteceram. Em 2011, 07 de abril, (coincidência?) Wellington de Oliveira invadiu uma escola em Realengo e matou 12 crianças. Há uma semana , um aluno de treze anos assassinou a professora em São Paulo. E hoje, a tragédia de Blumenau.

E os nossos governantes nada fazem de efetivo que transforme a ESCOLA, a rua, a praça, digo, o país em um lugar seguro de se estudar, de se andar, de se encontrar, de se viver. Mais uma vez a ESCOLA está de luto. É este sentimento que abraça com garras de torniquete a todos nós. E, infelizmente, ficamos na expectativa de quando ocorrerá algo tão absurdo que não haverá comparativo.