Trata-se de textos escritos a partir de experiências com pessoas, jovens e/ou adultas, para levar à reflexão sobre alguns aspectos da vida, como política, literatura, História, Felicidade. DEIXE UM COMENTÁRIO
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
NÃO TEMOS TEMPO
Nunca temos tempo pra nada. Não temos tempo pras coisas dos outros, só temos tempo pras nossas coisas (SE É QUE TEMOS ), só temos tempo pro nosso egoísmo, só temos tempo pro nosso tempo.
Nunca nos sobra tempo pra dizermos pra uma pessoa que ela é importante pra nós e que a amamos!
Muitos dizem que não tem tempo pra namorar, de sair como os amigos pra algum lugar ou simplismente de ir relachar solitariamente num bosque.
A sociedade atual está mais solitária que nunca, a tecnologia avança e nos conecta mas também nos torna cada vez mais distantes uns dos outros.
E assim o tempo corre sem nunca termos tempo pra nossa felicidade. O tempo come nossas carnes e leva nossos dias em suas asas...só temos tempo pro trabalho...pra dar nosso tempo pra alguém que só quer o lucro e pouco se importa se estamos sem tempo pra nós.
Alguém lhe pergunta: vamos viver o pouco dos dias que temos ?
Você, mais parecido a uma máquina do século 21, fala : NÃO TENHO TEMPO!
NÃO TENHO TEMPO PRA FAMÍLIA;
NÃO TENHO TEMPO PROS AMIGOS;
NÃO TENHO TEMPO PRA MINHA FELECIDADE;
NÃO TENHO TEMPO PRA TER TEMPO;
APENAS TENHO TEMPO PRA NÃO TER TEMPO E MORRER SEM TER TIDO O TEMPO QUE ME FOI DADO PRA SER FELIZ...
ENTÃO DIRÁS QUANDO O TEMPO TE DEIXAR SEM JUVENTUDE E NO FINAL DO EXISTIR:
" COMO QUERIA TER AMADO MINHA VIDA E TÊ-LA APROVEITADO MAIS, GOSTARIA DE TER ARRISCADO MAIS, TER ENCARADO OS MEUS CURTOS DIAS COMO UM RÁPIDO JOGO QUE DEVERIA SER FINALIZADO DA MELHOR FORMA POSSÍVEL, COM O MAIOR NÚMERO DE CONQUISTAS POSSÍVEIS E DA FORMA MAIS AVENTUROSA POSSÍVEL..."
APRENDA QUE O TEMPO SÓ LHE DOMINA SE VOCÊ ASSISTÍ-LO SENTADO !
NÃO PENSE QUE O TEMPO LHE DARÁ OUTRO TEMPO, POIS ELE CORRE EM ESCALA PROGRESSIVA E NÃO VOLTA ATRÁS !!!
TENHA SEMPRE TEMPO PRA VOCÊ
PRAS PESSOAS
PRA APRENDER
PRA VIVER
E ATÉ PRA COMPREENDER O SEU FIM !
Mensagem enviada via orkut por RATINHO BRANCO
domingo, 11 de setembro de 2011
INIMIGOS INSEPARÁVEIS
Chamavam-se Reinaldo e Juazeiro. Não, não formavam uma dupla sertaneja, bem sertaneja. Eram inimigos. Não se podiam ver. Eram intrigados de sangue a fôlego, como diria minha mãe se os conhecesse. Ninguém que tivesse o bom senso chamá-los-ia para a mesma mesa. Distantes, não se olhavam; próximos, impossível. Apesar de trabalharem no mesmo quarteirão. Quando e como surgiu aquela aversão, ninguém o sabia. Talvez a profissão explicasse. Ambos eram vendedores de autopeças, digo, empresários nesse ramo.
A primeira vez que tomei conhecimento da existência deles foi quando precisei “fazer” o motor do meu Voyage, que havia "batido" depois que esqueci de por água no radiador. Quando cheguei à loja do Reinaldo, alguém pilheriando perguntou se eu já tinha ido no Juazeiro. Não entendi de pronto, mas depois das rizadas, compreendi que se tratava de uma rixa pessoal. Com efeito, no próximo conserto que precisei fazer, fui comprar as peças no Juazeiro. E ri quando alguém me fez aquela pergunta, pelo verso. Juazeiro, assim como Reinaldo, deitou um olhar de desprezo ao infeliz que havia testado sua ira para com o rival.
Com o tempo, passei a apreciar aquela contenda. Se falavam de Reinaldo ao Juazeiro este escarrava e se dirigia ao banheiro, e vice-versa. Se alguém dizia que a filha de Juazeiro ia casar-se, Reinaldo ria e dizia, coitado do pobre genro e saía cantarolando uma bossa baixinho. Se alguém, de propósito, dissesse a Juazeiro que tal peça no Reinaldo estava mais em conta, este jogava o dinheiro do cliente aos seus pés e não lhe vendia mais a peça nem Cristo descendo à terra. Entretanto as duas casas estavam sempre cheias de clientes, digo, abarrotadas. E em ambas o assunto era sempre o mesmo: a ira, o ódio, a contenda envolvendo aqueles dois.
Certa vez, em um feriado prolongado, deixei a cidade, como sempre o faço nesses casos, e me dirigi a Majorlândia. Uma simpática praia que dista cento e cinquenta quilômetros de Fortaleza. Lá a presença de fortalezenses, fora do período de carnaval, praticamente não existe. E alguém encontrar ali moradores do seu bairro é mais difícil ainda. A maioria dos frequentantes são do vale do Jaguaribe ou do estado vizinho, Rio Grande do Norte. Já devidamente hospedado, resolvi almoçar em uma barraca, cujos preços expostos eram convidativos. Sentei-me à mesa com minha esposa e meu filho e, antes de chamar o garçom, dei uma olhada em volta para fazer o reconhecimento da área. De repente, tomei um susto. O que vi não está escrito em nenhuns anais aerolandense, ou seja, do bairro Aerolândia. Reinaldo e Juazeiro, sentados à mesma mesa, diante de dois copos de uísque caro e de uma bandeja contendo enormes lagostas, davam risadas de alguma piada lembrada e batiam nas costas um do outro. Ao lado de cada um deles duas senhoras, provavelmente esposas conversavam como grandes amigas, enquanto dois pequerruchos, de seis ou sete anos, jogavam trunfo ao lado. Puxei o boné para os olhos e pus os óculos escuros para melhor observara a cena sem ser reconhecido. Realmente eram amicíssimos os dois inimigos. Quando o garçom se aproximou, perguntei-lhe discretamente sobre eles, e o garçom me garantiu que sempre frequentaram aquele estabelecimento. E mais, que eram irmãos gêmeos, bivitelinos, mas gêmeos.
Só aí é que percebi a semelhança!
(Professor Alves)
terça-feira, 6 de setembro de 2011
PARA VICTOR HUGO, NO SEU ANIVERSÁRIO DE DEZ ANOS
Muito bem, filho, chegaste aos dez anos de idade. De todos os momentos da minha vida o de que mais me lembro é quando tive essa idade. Não era criança, não era adolescente, não era rapaz (como se dizia à época), não era nada. Era um ser em ebulição, era menino de recado, era um recado para os outros: “olha eu estou crescendo!”. Via tudo da portinhola dos meus dez anos sem ter certeza de nada, a não ser das dúvidas: dúvidas do que eu era e do que viria a ser. Era o caçula de uma grande família, digo, de uma família grande, e talvez daí adviesse esse meu tormento. Ninguém ligava para mim, estavam muito ocupados para isso. Porque se aos oito anos, estamos cônscios de nossa responsabilidade como criança, aos dez perdemos essa prerrogativa e devemos nos preparar para o futuro que está ali em frente.
Por isso, filho, quero desejar a você, além de feliz aniversário, muitas felicidades, muita sorte, pois todos precisamos, principalmente quando chegamos aonde você está agora. Mas para sua sorte, ser feliz é mais fácil do que podemos imaginar. É como chegarmos a um destino utilizando o caminho mais fácil em vez de buscarmos novas trilhas. Freud dizia que a felicidade é como uma borboleta. Se a perseguimos de forma atabalhoada, ela foge de nós. Mas se a esperamos, no cumprimento do dever, logo ela vem pousar em nossos ombros. É necessário que não percamos de vista a expressão “no cumprimento do dever”. Pois não estamos falando em esperar que nos caia mel porque estamos com a boca escancarada.Assim talvez nos entre pela boca uma perversa abelha, E sei que você as detesta. Ou seja, a felicidade, que trará nosso sorriso sempre bailando, depende de pequenas atitudes constantes que realizamos em prol de nós mesmos.
Mas aí vem uma pergunta: que atitudes são essas? São atitudes que devem nos colocar em sintonia com nós mesmos e com os outros. Nunca podemos ser felizes sozinhos. O outro deve ter seu sorriso à fresca também para que o nosso saia ao seu encontro. Quem ri só ou é maluco ou está lembrando de uma piada muito interessante. O egoísmo é uma das piores qualidades de uma pessoa. E ser feliz sem se incomodar com o sofrimento do seu irmão, que padece ao seu lado, é a maior das atitudes egoístas.
Não se esqueça das atitudes representadas por ações, sejam elas urgentes ou apenas necessárias. Explico-me. É que das nossas atitudes urgentes depende que as pessoas percebam que existimos ou que somos importantes. Tomar uma atitude necessária nos faz cônscios de que é preciso sempre estar alerta para as surpresas inesperadas.
Outrossim, não somos uma ilha, portanto precisamos de pessoas boas, pessoas que estejam prontas para nos apoiar quando estivermos corretas ou para nos corrigir quando apenas pensamos que estamos na linha. A essas pessoas chamamos amigos. Não importa nível de escolaridade, religião, cor ou condição física ou financeira. Amigo é um substantivo sobrecomum e bota sobrecomum nisso. Não confunda com colega. Colegas são aqueles que fazem as mesmas coisas com você, como estudar na mesma sala, brincar na mesma quadra, treinar no mesmo clube. Amigos são aqueles que sentem o mundo mais ou menos como você. Isso não quer dizer que precisam ter as mesmas ideias. As diferenças fazem parte de uma amizade duradoura. Mas que precisamos ter os mesmos sonhos, construirmos os mesmos castelos. E não se esqueça de que seus amigos mais importantes somos eu e sua mãe. Depois virão os outras e as outras.
O respeito aos outros, assim como queremos e exigimos que nos respeitem! Eis mais uma forma de levar a vida de bem com ela. Às vezes nos deparamos com pessoas que nos levam a ter vontade de rir, ou apenas de corrigir. Mas, como dizia meu pai, cada qual com seu cada qual. Esse respeito de que falo tem a ver com amor. Pois “é preciso mar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Reflita sobre o seguinte: você vai viver a vida toda entre pessoas. De bicho você cuida, os filhos você educa e as pessoas você ama.
Para finalizar, não se esqueça de trazer Deus sempre vivo em sua vida. Não o deus que as igrejas de um modo geral proclamam. Mas Deus de verdade, aquele que não anda nem na igreja católica nem nas evangélicas. Aquele sem o qual não haveria universo e que rege a nossa vida com sabedoria e amor, sempre pregando o bem àqueles que de fato O tem no coração e que se lembram dEle na amargura e na alegria, na saúde e na doença.
Assim, filho, deixarás os dez anos e seguirás teu caminho forte e bondoso, tranquilo e infalível. Assim serás homem, cidadão, profissional, amigo, companheiro, esposo, pai.
(Professor Alves, 2011)
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
OS MALES POR SI SE DESTROEM
Guarde-se do mal e defenda-se dele com a realização do bem operante. O mal não merece consideração.
Há muito que fazer, valorizando a oportunidade de serviço que surge inesperada.
A intriga não merece a atenção dos seus ouvidos.
A injúria não merece o respeito da sua preocupação.
A ingratidão não merece o zelo da sua aflição.
O ultraje não merece o seu revide verbalista.
A mentira não merece a interrupção das suas nobres tarefas.
A exasperação não merece o seu sofrimento.
A perseguição gratuita não merece a sua solicitude.
A maledicência não merece o alto-falante da sua garganta.
A inveja não merece o tempo de que você necessita para o trabalho nobre.
Os maus não merecem a sua inquietação.
Entregue-os ao tempo benfazejo.
(...)
Você sabe que em toda seara existem abelhas diligentes e marimbondos destruidores. Também, não ignora “que os maus por si mesmos se destroem”, como afirma a sabedoria popular.
Identifique no obstáculo o ensejo iluminativo e não se detenha.
Por essa razão, enquanto a ventania açoita, guarde a sua fé robusta e, sem dar atenção ao mal, esteja acautelado, porque, não descendo às ondas mentais dos maus, você paira inatingível nas vibrações superiores das Altas Potências da Vida. Doe amor e, assim, faça o bem, para que não venha “a responder por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem”.
Boa Semana!
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
A DIGNIDADE DOCENTE
“A DIGNIDADE DOCENTE: UM PRINCÍPIO DE JUSTIÇA SOCIAL E DE CIVILIZAÇÃO HUMANA”
Isorlanda Caracristi
Presidente do Sindicato dos Docentes da
O governo do estado vem impondo sumariamente uma política de desvalorização docente de maneira desrespeitosamente escancarada.
Os baixos salários dos professores da rede estadual de ensino fundamental e médio; as destituições dos direitos adquiridos; o aumento da carga horária de trabalho; a morosidade no sistema oficial que delega sobre os direitos funcionais; a negligência em relação às necessidades básicas de funcionamento das universidades estaduais, contratando professores temporários (colaboradores e substitutos) e pessoal técnico-administrativo terceirizado em detrimento da formação de um quadro efetivo de professores e funcionários através de concurso público associados às más condições materiais de trabalho e a falta de assistência estudantil, não só denunciam o doloroso processo de precarização do magistério como, também, revela gritantemente o esforço da política estadual em inviabilizar um projeto de uma universidade/escola pública e gratuita de qualidade, com condições de cumprir plenamente com sua real função social.
A recente postura arrogante e despótica do “ame-o ou deixe-o” (mera coincidência?!) do representante maior do governo estadual diante do movimento reivindicatório dos professores, me faz evocar o pensamento de Nicholas Roerich, que em um momento de seu trabalho “O prazer de servir” diz o seguinte:
“É uma vergonha, quando em um país os professores vivem na pobreza e na necessidade. É uma vergonha para aqueles que sabem que seus filhos estão sendo ensinados por alguém que passa pela dificuldade. E não é somente vergonhoso, quando a nação não cuida dos mestres de sua futura geração: é um sinal de ignorância. Pode-se confiar crianças e jovens a um professor que esteja em depressão? Pode-se esquecer que emanação se cria pelo sofrimento? Pode-se ignorar que o espírito deprimido não evocará o entusiasmo? Pode-se esperar das crianças e jovens a iluminação do espírito, se uma escola for lugar de humilhação e ofensa? As pessoas que esqueceram do professor esqueceram do seu próprio futuro. O professor deveria ser a pessoa mais valiosa nas instituições da nação”.
Faço das palavras de Roerich as minhas, e digo: que ignorância vergonhosa! Que soberba medíocre! Que insensatez vexatória? E acrescento mais, que estamos vivendo um momento em que a palavra “crise” tornou-se o mais “novo clichê” para a dissimulação dessa política globalizante neoliberal ditado pelos grandes especuladores financeiros. E os governantes e administradores institucionais, beneficiários que são e, portanto, eficazes porta-vozes executores dessa política, reproduzem com rigor essa cínica falácia.
Sempre haverá “crise” onde há injustiça social, e a destruição da dignidade docente é uma das piores injustiças, pois possui caráter amplificador de um perverso “efeito dominó”, indo desde a humilhação cotidiana individual da desvalorização profissional ecoando, incessantemente, até às relações históricas hodiernas e futuras de nossa nação que perde, cada vez mais, o respeito pelo professor e pela escola, e o apreço pelo conhecimento como emancipação social. É por isso que as reivindicações docentes não podem ser reduzidas à classificação de “corporativistas”. Toda reivindicação que alce a dignidade do professor é, antes de mais nada, uma luta pela cidadania das gerações atual e futura, um passo a mais na civilidade e na civilização humana.
Lembro que no II Fórum Social Mundial – FSM, realizado em fevereiro de 2002, na cidade de Porto Alegre, o tema da Educação foi amplamente debatido, deliberando-se várias propostas, dentre elas a do professor e, então, presidente do Sindicato Nacional de Ensino Superior da França, Jean-Paul Lainé, que propôs a criação de uma frente internacional de professores para resistir à intervenção do Fundo Monetário Internacional – FMI, nas políticas educacionais dos países, pois esse fenômeno vem acontecendo não apenas na América Latina e nos países pobres, mas também em nações ricas com tradição em educação pública de qualidade. E o saudoso romancista português, José Saramago (Prêmio Nobel de literatura de 1998), encerrou o referido Fórum afirmando que “Hoje, os movimentos de resistência e a ação social são os sinos que pugnam pelo estabelecimento de uma nova justiça”. Afirmação essa, há tempos atrás antecipada por Dom Pedro Casaldáliga, que disse: “É o momento de dar valor ao sindicato, aos movimentos populares, às ações associativas. São essas as instâncias capazes de superar não apenas a crise, mas todo um modo de vida que não corresponde às expectativas reais dos seres humanos de verdade”.
Nós professores, trabalhadores da educação, que fazemos por meio do ensino a construção-transformação da sociedade em que vivemos, apesar das dificuldades institucionais e organizativas, estamos lutando contra essa crescente desqualificação do magistério. Um Ensino Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade é a vontade maior que aciona a nossa força de resistência e legitima a imprescindibilidade das nossas demandas trabalhistas.
Toda vontade consciente é a crença assimilada em si mesmo, não é à toa que comumente falamos “a força de vontade”, pois dela emana capacidade de transformação ...
“O homem que emancipa completamente a sua vontade consegue daí por diante criar a si mesmo, dominando as suas faculdades e seu futuro, apesar das limitações históricas de sua época. Já o homem que não consegue realizar essa grande obra dentro de si nunca conhecerá o espírito da vida ... a crise atual é política e individual, não dá para solucioná-la só de um dos lados da balança ... A capacidade renovadora desse duplo esforço da vontade, no plano individual e no plano coletivo, para mim é uma verdade não dogmática, e eu creio plenamente nela.” (historiador Victor Leonardi, em seu livro “Jazz em Jerusalém”).
O SINDIUVA (SS ANDES) se solidariza e coparticipa ativamente das lutas travadas pelos(as) companheiros(as)/colegas professores(as) da rede estadual de ensino fundamental e médio, professores(as) e funcionários(as) dos institutos federais e da UFC (Campus de Sobral), pois fazem parte do mesmo contexto político de lutas empreendidas pelos(as) professores(as) e estudantes da UVA e, por isso, compartilhamos da mesma força de vontade consciente e organizada que batalha por INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO, DEMOCRÁTICAS, GRATUITAS E DE QUALIDADE!
Isorlanda Caracristi
Presidente do Sindicato dos Docentes da
Universidade Estadual Vale do Acaraú – SINDIUVA (SS ANDES)
domingo, 28 de agosto de 2011
RECEITA DE VIDA FELIZ
Ingredientes:
DEUS :sem ele nada vai adiantar;
FAMÍLIA: é aqui que tudo começa;
AMIGOS: nunca deixe faltar;
RAIVA: se acontecer que seja pouca;
DESESPERO: pra quê?
PACIÊNCIA: o máximo possível;
LÁGRIMAS: enxugue todas;
SORRISOS: os mais variados;
PAZ: em grande quantidade;
PERDÃO: à vontade;
ESPERANÇA: não perca jamais;
CORAÇÃO: quanto maior melhor;
AMOR: pode abusar;CARINHO: essencial;
Modo de Preparo:
Reúna sua FAMÍLIA e seus AMIGOS.
Esqueça os momentos de RAIVA e DESESPERO.
Use toda sua PACIÊNCIA; substitua as LÁGRIMAS por SORRISOS.
Junte a PAZ e o PERDÃO, depois ofereça aos seus desafetos.
Deixe a ESPERANÇA crescer em seu CORAÇÃO.
Viva sempre com muito AMOR e CARINHO!
Prof.Túlio Holanda.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
ROSÁLIA
Dia desses escrevi sobre o ciúme, que me assolou na adolescência, e prometi falar sobre o primeiro amor. Promessas são dívidas, e aí vai como se deu minha primeira história.
Ela chegava em minha casa sempre pela noitinha. Tinha atividades na escola e só podia chegar por aí. Era linda! Assim dizia minha infantil criatura de apenas dez anos de idade. E foi aí que me apaixonei. Ela tinha quatorze anos e fumava. Era época em que o o hábito de fumar era “glamour”. Atrizes e atores nas novelas ostentavam grandes piteiras e baforavam pelas milhares de telas Brasil a fora. Era apenas mais um motivo para admirar a minha deusa e seu sorriso que me deixava sempre feliz.
Chegou ao bairro por volta de 1973. A família vinda de Monsenhor Tabosa se instalara a um quarteirão onde morávamos. Para nós era novidade, pois havia poucas casas por perto. Havia um monte de gente nessa casa, marido, mulher, filhas (umas quatro), filhos (uns três). Mas eu só vira a ela, Rosália. Enquanto os trabalhadores do caminhão desbastavam os móveis, depois de quase duas horas de atoleiro no areal, ela apareceu. Sorriso franco, mascando um chiclete eterno, cujo cheiro me habituei a sentir misturado ao do cigarro.
Logo, estavam minhas irmãs de amizade com a família recém-chegada. E eu a tiracolo, vendo-a, sorrindo, como se seu sorriso fosse eteno, pregado aos lábios. Todos falavam de tudo, principalmente da vida alheia, ela falava de nada, mascava e, às escondidas, fumava. E eu, sempre que possível, ao seu lado. Acho que foi numa quinta feira, era 7 de setembro, numa época em que a comemoração da semana da pátria era obrigatória, quando ela disse que “gosto de ti, Quim”. Apesar da sonoridade, foi a frase mais bela que já ouvi. Mas o gostar dela era gostar fraterno. Eu desconfiara, mas preferia não. Ela me levou à escola, pagava meu lanche, comprava revistinhas e às vezes me levava à Samasa, onde tomávamos “milkshake”.
Era feliz, eu, até aquele dia negro, ruim, lúgubre em que a vi beijando outro garoto, da mesma idade dela. Foi quando percebi a tal fraternidade. Mas não sem antes subir num pé de árvore e ficar triste, com vontade de virar éter, abandonar o frasco físico e me mandar céu a fora. Não fiz nada compreendi e continuei a amá-la. Já um amor meio frouxo, esgaçado pelo vexame...
Quando me formei em 1994, ela já não estava entre nós. Fora vítima, aos trinta e quatro anos, do seu amigo inseparável, o cigarro. Na formatura não compareci, pois havia decidido muito antes que ela seria minha madrinha de formatura. Mesmo casada, eu sempre soube onde ela estava. Um de seus irmão é meu amigo até hoje, os demais não sei do paradeiro. Quanto à formatura, só dias depois, ao pé do reitor recebi o canudo tão almejado, cujo maior responsável foi ela.
(Professor Alves)
(Professor Alves)
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