quarta-feira, 7 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA LUTA DA MULHER






Dia 08 de março é dia internacional da luta da mulher. Essa luta também é nossa, dos homens. Somos feitos de amor e todo esse amor adveio para nós da essência feminina. "Nós só não somos totalmente maus porque adviemos de um ventre feminino". (alguém já o disse) É por isso que se faz necessário que empreendamos esforços nessa trincheira, pois o que estamos defendendo de fato é a nossa própria essência, o nosso ego, o nosso mundo interior. às mulheres cabe a frente da batalha.

Infelizmente, vivemos num país em que mulheres são assassinadas em escala bélica. Morre mais mulheres no Brasil de assassínio do que em muitas guerras morrem homens. E o pior é que quem as está assassinando somos nós. É o nosso ego violento, ciumento, autoritário. Faz-se mister que não as presenteemos só com flores, chocolates ou coisa que o valha, mas com aquilo de que elas realmente precisam: confiança, amor, respeito.

(PROFESSOR ALVES)

terça-feira, 6 de março de 2012

AMOR E DESPEITA


SONETO I
(do anonimato)

Sabe, Senhorita, o quanto suspiro
Toda vez que teu cheiro por mim passa
Sabe que se a teus pés não me atiro
É a voz do orgulho que o meu peito enlaça.

Sabe que os meus olhos seguem teus passos,
Quando mudas de rumo a face viro,
Sem querer me olhas, sonho ter teus abraços,
Assim que partes, triste me retiro.

No entanto mal surge o dia seguinte
‘Magino sorridente  o teu semblante
E anseio logo estar perto de ti.

Vejo, então, feito um reles pedinte,
Do anonimato, o peito radiante,
Teu olhar que sempre igual nunca vi.

(Professor Alves)

SONETO II
(do enlace fatal)

Porém, Senhorita, em breve estarás
Matrimônio ao pé do altar contraindo
Como um cisne, em véu contente sorrindo,
Triste, sombrio, meu peito deixarás.

Quando pisares o degrau vermelho
E as estrelas brilharem por teu encanto
Em teu louvor derramarei meu pranto
E então sonharei ser teu espelho.

A vida seguirá seu curso normal
Entanto algo em meu ser estará vazio
Um pedaço de mim estará faltando:

É teu olhar agora inda mais formal
É teu sorriso ainda mais fugidio:
A esperança anônima enfim findando.

                    Professor Alves,  setembro de 2003
  

POST CONUBIUM
(da despeita)

Senhora, ontem casualmente a vi,
Fiquei pasmado com sua ímpar figura
Tão que no que vi, Senhora, não cri:
Há muito não via tanta feiura.

Lembra-me a beleza que antes medi:
Porte airoso, corpo esbelto, tez pura,
Sua fina mão que outrora segui,
Seu lindo sorriso, digno de mesura.

Porém, a imagem que hoje vislumbrei,
Dois cambitos, bucho proeminente,
O rosto diferia do que eu beijei.

Tão pouco tempo, meu bem, se passou
(Se não me engano, faltam-lhe dois dentes)
E o casamento com você acabou!
                  
 ( Professor Alves, janeiro de 2005 ) 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O PEIXINHO


(Para Mário Quintana)

O peixinho era tão pequenino
E eu tão desastrado
Ele tinha uma cor rosa
E eu não tinha o direito de ser desastrado
Ele rodopiava no saco  alegre como uma criança
Eu fui colocá-lo em sua casa
Ele caiu no ralo
Agora me há um vazio tão grande
"Que mesmo que eu bebesse o mar
Encheria o que eu  tenho de fundo".

Hoje eu compreendo a fragilidade das coisas pequenas
E eu compreendo a fragilidade da infância
Por que devemos cuidar dela
Para que ela não escape de nossos dedos
Para que não caia no ralo da vida
Para que não entre pelo cano.
               (Professor Alves,   Janeiro de 2004)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A ÚLTIMA NOTA





Quando chegamos ao apartamento dele, nada mais restava do que fora em vida. Apenas uma massa putrefata jazia estendida no assoalho. A mão esquerda crispada como se procurasse uma nota silenciosa no violão, que tantas vezes nos alegrava no ritmo de sua voz.
Foi tudo muito rápido. Do telefonema à entrada no apartamento com a ajuda da polícia. Era como se a realidade se invertesse, perdesse o sentido a nos amedrontar com suas armadilhas infelizes. O show mais uma vez tinha sido maravilhoso, encerrado como sempre com uma performance de The Wall, em que o violão quase falava. Depois sentou-se à mesa conosco, e elogiamos o repertório e falamos de mulheres e de sua solidão.
     Didi Nascimento tinha entre trinta e dois e trinta e seis anos. Era um moço bonito além de talentoso. Sabíamos vagamente que havia sido casado e que a separação tinha sido por motivos levianos, não de sua parte, mas da companheira. Decidira-se morar só. O corpo do violão seria sua eterna companhia. Fortuitamente saía com algumas mulheres, sempre diversa, para se proteger de armadilhas do coração. A melancolia, entretanto, não era o forte de seu repertório. O romantismo no máximo chegava a Chico Buarque, Mil perdões e coisas do gênero. Não foi por acaso que instamos com ele, quando recebeu o diagnóstico de arritmia cardíaca, para que casasse ou mesmo encontrasse alguém para dividir o apartamento, podia ser um amigo. Para nos acalmar disse que iria pensar no caso. Não deu tempo.
       Naquela noite, estávamos a fim de ficar em casa. Não iríamos como de costume à Praia de Iracema onde ficam os “barzinhos” da cidade onde podemos, ainda, ouvir uma boa música. Quando o telefone tocou, não sei por que senti um frio na espinha. Bobagem! Ao atender, ouvi do outro lado a voz embargada de nossa amiga Albetiza. Ela instava para que fôssemos à casa de Didi. Ele não havia ligado nos últimos dias e não havia aparecido no The Wall Bar, onde deveria estar trabalhando. Chegamos ao condomínio e fomos informados de que depois que chegara naquela quinta-feira ele não havia saído de casa. Ligamos para a polícia e constamos o óbvio. Sozinho, nosso amigo foi acometido de uma crise de arritmia, tentou desesperadamente chegar até o telefone, no outro lado do quarto, sobre um criado-mudo, onde conservava ainda a foto da ex-esposa, perto do amigo violão. Tentou em vão chegar ali, talvez com a finalidade de ligar para alguém, mas morreu com as mãos crispadas entre a esperança de alcançar o aparelho ou de tocar a foto da amada ou mesmo a última nota de sua vida.
(Professor Alves)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A VIAGEM MAIS INTERESSANTE


‎- Mamãe, preciso fazer uma redação para a escola sobre uma viagem. Qual foi a melhor viagem que você já fez? - perguntou a menina. A mãe fechou os olhos e as lembranças invadiram sua mente. A mulher sentou-se ao lado da filha no sofá.
- Eu recebi uma carta um dia, mas não era uma carta qualquer. Nem todos podem receber essa carta. E essa carta me dizia para pegar o trem na plataforma 9 3/4, e assi...m eu fiz. Eu pensei que seria só uma viagem qualquer, mas lá no fundo eu sabia que seria mais que isso, eu sabia que havia coisas grandes por trás dessa viagem, e eu estava certa. Nessa viagem, conheci meus três melhores amigos: Ronald Weasley, Hermione Granger e Harry Potter. Quando o trem parou, eu me encantei pelo que vi. Era um lugar mágico, era único, havia um enorme castelo, bruxos com suas varinhas, e havia magia por todo lado. A partir do momento em que vi aquele castelo, eu sabia que minha vida jamais seria a mesma, e eu estava certa. Sabe que castelo era aquele? Era A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Acredita que havia uma professora que virava um gato? Havia um chapéu, e esse chapéu falava. Quando colocado na sua cabeça, ele dizia a qual casa você iria pertencer. Eu conheci pessoas maravilhosas, aprendi coisas que jamais irei esquecer, aquela foi a melhor viagem da minha vida, e eu já fui pra lá várias vezes, e sempre que sentir saudades posso voltar pra lá.
- Parece incrível, mamãe. Você pode me contar mais? - perguntou a menina.
- Infelizmente não, você tem que descobrir sozinha. - responder a mãe.
- Mas como? Eu posso fazer essa viagem também? 
- É claro que pode. - a mãe se levantou, pegando 7 livros empoeirados na estante e os mostrou para a menina. - Está aqui. 
- São apenas livros!
- Não, minha filha, não são. Dentro desses livros está a minha vida, a melhor viagem que eu já fiz. Se quiser conhecer mais, pegue-os e vá para Hogwarts, vá para o melhor lugar que já existiu. Você vai aprender muitas coisas, vai amar muitas pessoas, vai rir, vai chorar, e acredite: sua vida nunca mais será a mesma.
DE UMA POSTAGEM NO FACEBOOK POR @Seitudosobre_HP

O CÃO E A LEBRE

http://4.bp.blogspot.com


 
            A lebre, que saíra em busca de alimento, entretinha-se na degustação de algumas ervas que apreciava, e tão distraída se entregava a esse prazer que descuidou da própria segurança e não percebeu que um cão de caça se aproximava sorrateiro pela sua retaguarda, beneficiado pelo vento que soprava contra ele. Quando a coitada se deu conta do perigo que corria, aí já era tarde, porque o caçador saltou sobre ela, mordeu-a na altura do pescoço, derrubou-a e deitou-se com as patas dianteiras sobre seu corpo, apertando-a firmemente contra o solo.  
 
            Feito isso, passou a mordiscá-la levemente com os seus afiados dentes caninos, para logo em seguida lamber-lhe o pelo sedoso como se estivesse mergulhado em êxtase profundo. E fez isso duas, três e mais vezes, enquanto a pobre lebre permanecia subjugada, com o coração aos saltos, aguardando o desenlace de sua tragédia sem ter consigo a menor esperança de salvação. Até que, em dado momento, não suportando mais a angústia que a dominava por inteiro, ela sussurrou:
 
- Decida de uma vez o que vai fazer comigo, cachorro sem entranhas. Para de me morder, como se eu fosse o seu almoço, ou de me lamber, como se nós dois fôssemos amigos, porque para mim essa indefinição é muito pior do que qualquer outra coisa que possa me acontecer.    

   Moral: O amigo falso é sempre mais perigoso que o inimigo declarado.

http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=1164714  

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

AS MULHERES NÃO ENVELHECEM MAIS



    As mulheres não envelhecem mais. Cada vez mais mulheres moças estão sendo acometidas por males irremediáveis. Recentemente uma vizinha, bem jovem, apresentou um desses diagnósticos para em pouco tempo desencarnar, morrer, ir para junto do pai celestial. Não importa o que dizem as crenças. Ela não está mais no meio de nós. Queria ainda lembrar que essa jovem tinha 73 anos.
    Observando uma colega de trabalho ajeitando seus belos cabelos loiros (Vaidade, teu nome ainda é mulher!) enquanto comentava a respeito das peripécias do neto, fui assolado por essa furtiva idéia: As mulheres não envelhecem mais. Uma nostalgia aprisionou-me subitamente e descortinou-me o tempo das vovozinhas de outrora, gordas ou mirradas, mas de cabelos brancos, engelhadinhas, trajando chita e bonachonas, arrastando pela cozinha seus passinhos de giz, ou sentadas numa cadeira de balanço, lendo para os netos ou tricotando um suéter.
    Hoje até seus nomes parecem jovens modernos. São Alices, Anas, Ãngelas, Claudetes, Dianas, Iaras, Leilas, Luzias, Marias, Renatas e uma infinidade de sons abertos ou fechados, agudos ou graves transbordantes de viço e juventude. Dessa feita tomou-me uma indiscreta alegria. Elas são sempre belas, interessantes, charmosas, cortejáveis, amantes. Mesmo que sejam frágeis e efêmeras como as rosas, de pétalas sensíveis parecem ter a fortaleza e a perenidade das árvores, cheias de vigor, frondosas, dando abrigo e alento ao caminheiro fatigado. São mais belas que as moças belas pela experiência de alegrias e tristezas, que encaliçam a alma mas destroem  a volubilidade, essas mulheres que não envelhecem mais.  

(Professor Alves, fevereiro, de 2012)