quarta-feira, 22 de julho de 2020

QUEM SÃO OS VERDADEIROS APOIADORES DE JAIR BOLSONARO




Analisando imagens de pessoas que participam de protestos a favor do presidente, não vi ninguém que conheço pessoalmente, ninguém do meu círculo de amizade, nenhum aluno ou ex-aluno, nenhum amigo professor! Por que será?
A resposta é simples. Não sou militar (detesto armas). Sou professor, não ando em carro importado, não vou aos EUA ou à Europa todo ano, não moro em áreas nobres de Fortaleza,  como Beira Mar,  Cocó, Meireles, Alphaville, ou coisa que os valha. Mas essas características estão registradas nos rostos e atitudes daqueles verdadeiros apoiadores do presidente do Brasil, que se reúnem principalmente na Praça Portugal, quartel general da burguesia fortalezense.
Digo “dos verdadeiros  apoiadores” porque aquela gente que não faz parte do supracitado grupo foi iludido e pensa que apoia Jair Bolsonaro. Um estudante da escola pública, um professor, um indivíduo que precisa da assistência social, um morador da desassistida periferia daqui e do resto do país, mas que defendem em suas redes sociais o atual presidente na verdade não passa de um iludido que pensa está fazendo história no país, ou não pensa. Possivelmente achava que teria direito a uma arma para “se defender”, que se tornaria um empreendedor com o fim da CLT, que veria o fim da corrupção no país, que teria a redução da violência na sua rua. Não conhece o significado da palavra milícia ou seu derivado miliciano, assim como desconhece pra que serve o FUNDEB, não entende por que a polícia age de forma tão ostensiva na periferia, não conhece o motivo pelo qual a violência contra negros, índios e mulheres aumentou tanto em 2019 e 2020. Não sabe o porquê da necessidade da manutenção da floresta amazônica, das reservas indígenas, ou mesmo aqui das dunas do Parque Municipal da Sabiaguaba ou do Parque do Cocó. Talvez não compreenda por que a Fortaleza burguesa cresce tanto para os lados do Eusébio e a Fortaleza pobre crese para as bandas do Jangurussu até a Barra do Ceará.
A partir do momento em que essa consciência despontar, os apoiadores de Jair Bolsonaro resumir-se-ão àqueles empresários que querem reduzir direitos dos trabalhadores, para se locupletarem mais ainda; às socialaites que se incomodam com filho de pobre estudando em universidades ou com o motorista indo a Miami; aos militares que estão muito felizes com os aumentos de salários concedidos pelo pseudo capitão, assim como a manutenção de prerrogativas na hora de aposentarem-se com cinquenta anos; aos empresários da área de educação que se encontram exultantes com a perspectiva de sucateamento da Escola Pública, o que levará os filhos da classe média para suas salas de aula, cada vez mais superlotadas; a todos aqueles que, de certa forma, se comprazem com um governo homofóbico, ginófobo e machista, americanizado (na pior acepção) e genocida!
(Professor Alves Andrade, Julho de 2020)

A BURGUESIA CONTRA A EDUCAÇÃO PÚBLICA



Essa frase da imagem não é fake News, mas a frase que Bolsonaro dirá, mesmo que dentro do banheiro, ou num telefonema para um de seus apoiadores, caso o FUNDEB seja aprovado como ele e seus amigos empresários querem. Pois trata-se do fim da Educação Básica, conforme conhecemos hoje.
Quando comecei a trabalhar como professor da escola pública, por opção, a situação era bem difícil. Salários muito baixos, não havia material didático, tampouco merenda para alunos do Ensino Médio. Hoje, aqui no Ceará, temos livros didáticos para alunos do Ensino Médio, implementos, como projetores e computadores, salas com ar condicionado em grande número das escolas, além de salários melhorados (não o ideal ainda) e em dia. Além disso as escolas em tempo integral são uma realidade, escolas profissionalizantes colocam no mercado de trabalhos alunos aptos a ingressarem nele. Além de projetos que colocam um bom número de alunos nas Universidades públicas, o que não havia anteriormente. E tudo isso graças ao FUNDEB, conforme é hoje. Ainda sobre o estado do Ceará, as nossas escolas estão entre as melhores do país, tanto a nível médio como fundamental.
Entretanto, às vésperas da votação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), o famigerado (não na acepção de conhecido, mas de desprezível) presidente Jair Bolsonaro e seus amigos inimigos da Educação Pública (pra eles é preciso valorizar a educação privada, para favorecer a burguesia, nunca tão burguesa como hoje), enviou uma proposta que desidrata financeiramente o FUNDEB, consequentemente declara o sucateamento e o futuro fim da Educação Básica.
Fico pensando em quantas famílias, tão dependentes da Educação para a fuga da pobreza e até da miséria absoluta, estão se sentido traídas por esse governo que busca o assassinato, seja à bala, pela falta de Saúde, ou pela falta estudo, da maioria da população, que são exatamente aquelas pessoas que mais precisam de apoio do Governo Federal.
Faz tempo que não escrevo um texto dessa extensão, e gostaria de estar aqui falando com alegria de atitudes governamentais que apontassem uma saída para as famílias menos abastadas desse país. Mas não. É isso que temos a dizer. Não há como esconder o que está por vir: o fim da Educação Básica, tão valorizada em governos anteriores.
(Julho de 2020, Professor Alves Andrade)