De repente dá uma vontade doida de ler. Entretanto vem a preguiça. A saída é pegar um áudiobook, ou livro para ouvir, e curtir uma boa leitura, digo, uma boa audição. O livro A Ostra e o Vento está sendo minha leitura atual. Audição atual. No carro, na caminhada, ou durante uma partida de xadrez. É muita poesia, é muito vento e muita, é claro, Marcela. Linda, Marcela se desdobra entre a ilha e perspectivas do continente, sob a ótica de Daniel. Vale a pena curtir. Quer ler, tá com preguiça. ouça A Ostra e o Vento faça uma linda viagem.
Trata-se de textos escritos a partir de experiências com pessoas, jovens e/ou adultas, para levar à reflexão sobre alguns aspectos da vida, como política, literatura, História, Felicidade. DEIXE UM COMENTÁRIO
sexta-feira, 20 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
QUE BOM SERIA
(Para
mim, no meu aniversário de quarenta e um anos)
A
vida devia ser assim,
A
gente nascer e ser, por tempo,
Bem,
mas bem pequeninim
E ir
crescendo pouco a pouco
Sem
pressa ou medo de ficar louco.
Depois
a gente crescia mais
E
após aproveitar a infância
A
gente ficava rapaz
E por
um tempo e tanto
No
namoro encontrava acalanto.
Nesse
período a gente sonhava
Olhava
o sol, a lua, as estrelas
E de
repente até chorava
Pra
de novo encontrar a paz
E ser
feliz, bem feliz demais.
Claro
que nessa primeira vez
Sem
estar bem passado no alho
Pagávamos
mico todo mês
Rilhávamos
de raiva os dentes
E
seguíamos o caminho novamente.
Mas
sem nunca precisar se esforçar,
Sem
nenhum esforço mesmo,
Sem
ser preciso mesmo estudar,
Arranjava
um trabalho a gente
E
casava-se àquela que tem na mente.
E
vinham os filhos. Que alegria
Vê-los
correr, saltar, cair:
Eles,
nós e a grande euforia.
De
repente o sarampo, catapora
Mas
logo tudo ia embora.
Até
chegar aos quarenta
Que
envelhecer muito
Ninguém
mesmo agüenta
Aí a
gente de novo voltava,
De ré
a vida descomeçava.
E
assim ficávamos jovem de novo
Ano
após ano, sem pressa
Vendo
os cabelos pretos como corvo.
Aos
trinta que felicidade
Foi
aqui que ganhei à vontade.
E a
cada ano que passava
Toda
a oportunidade
De
novo por nós passava
E não
perdíamos nenhuma,
Colhê-las-íamos
tranqüilos uma a uma.
Os
nossos netos nascendo,
Os
filhos mais velhos que nós,
E nós
mais rejuvenescendo
Mas
com toda experiência
Adquirida
em nossa existência.
Das
moças, aquele sorriso
Era
num átimo percebido,
Namorar
era um paraíso,
Sem
deslizes nem bobeiras
parecendo
adulto, sem asneiras.
Sendo
de novo menino,
Brincar
de arraia, no meio do sol
Quente,
quente e a pino
No
pião ninguém batia.
Pra
casa? Só no final do dia.
E
assim íamos remoçando
Até
tomarmos mingau,
Pra
perto da mãe de novo chegando
E
tornar para o ventre finalmente
De lá
pro céu, alegre, contente.
(Professor Alves, 09/10/2006)
sexta-feira, 29 de junho de 2012
sexta-feira, 22 de junho de 2012
O SEGREDO DA FELICiDADE
Há uma maravilhosa fábula sobre uma garotinha que está andando pelos prados, quando vê uma borboleta espetada em um espinho. Muito cuidadosamente, ela a solta e a borboleta voou para longe, para então retornar transformada numa linda fábula. "Por sua bondade", ela diz à garota, "vou conceder-lhe seu maior desejo."
A garotinha pensou um pouco e disse: "Quero ser feliz." A fada inclinou-se até ela e sussurrou algo em seu ouvido e desapareceu subitamente.
A garota crescia, e ninguém na terra era mais feliz do que ela. Sempre que alguém lhe perguntava qual era o segredo de sua felicidade, ela sorria e dizia: "Eu escutei uma fada boa."
Quando ela ficou bem velha, os vizinhos temeram que seu segredo morresse com ela. "Diga-nos, por favor, qual é o segredo de sua Felicidade, o que disse a fada", instaram todos à agora amável velhinha. Ela simplesmente sorriu e disse:
"A fada me disse que todas as pessoas, por mais seguras que pudessem parecer, precisavam de mim.
(Trecho do livro AMANDO UNS AOS OUTROS, editora Record)
segunda-feira, 11 de junho de 2012
QUATROCENTOS ANOS EM QUADRA
O poeta faz suas reflexões sobre
as comemorações dos quatrocentos
anos do seu
estado natal.
Seara, Siará Grande, Ceará!
Nome, forma e métrica pouco
importam,
porque doravante o que
importará
é rimar tudo que o denigre e
exorta.
Nesses quatrocentos anos de
existência,
desde que Martim Soares esteve
aqui
e amou Iracema com grã
decência
E tiveram um filho de nome
Moacir
esta terra de opulência e
imensidão
tem crescido e se desenvolvido
sendo portanto o mais sublime
torrão,
assim diz quem aqui já tem
vivido.
É claro que essa história não
é só de alegria,
temos secas em ciclos e muita
miséria,
era morte o que naquele ano se
via
naquela famigerada seca
deletéria.
(Neste momento me foge a
inspiração,
ao lembrar o flagelo que
Rodolfo narrou
em seu livro que me despertou
paixão,
o qual de Fome ele o
denominou.)
Mas deixemos disso, que sejam
sutis
esses versos que nesse papel caírem
sobre este Ceará de céus de
anis
e praias que entontecem aos
que as virem.
Falemos desse povo gentil e
hospitaleiro,
que não tem pejo de ser
cabra-da-peste
que muito respeita os demais
brasileiros
mas ama sua terra de leste a
oeste.
É certo que os do poder são
interesseiros.
Seu Tasso combateu uma
oligarquia
e implantou outra, e isso é
verdadeiro,
hoje mandam os capitalistas,
todavia.
A Educação por isso não anda
bem,
a Saúde bem outrossim não está
mas a fortuna deles cresce e
ninguém
sabe aonde o Iguatemi parará.
Mas voltemos a falar de beleza
que não faltam no meu Ceará,
terra que não sabe o que é
tristeza,
se alguém duvida, é só vir para
cá.
Falando em cultura, somos
imbatíveis,
exportamos de todas as áreas
talentos,
que na arte de inventar são
infalíveis
e estão na tevê em todos os
momentos.
Citemos o grande Fágner,
Raimundo
Ednardo, Belchior e Raquel de
Queirós
e os humoristas que daqui
ganham o mundo
todos eles dando imensa
alegria a nós.
Numa estrofe vamos homenagear
o nosso maior poeta e
passarinho,
Patativa que com Deus deve
estar,
fazendo versos e alegrando
anjinhos.
Mas nós não podemos nos
esquecer
dos dragões que maculam nosso
estado:
políticos corruptos, ai, é de
doer,
analfabetismo e fome de todo
lado.
Em cada sinal é muita tristeza,
criança e velho pedindo
esmola,
e isso não é só em Fortaleza,
de norte a sul a indigência
assola.
A grana do povo isso não
combate.
com ele se faz metrô e
Castanhão,
ou se gasta tudo comprando
iate
e a gente, essa, fica sempre
na mão.
Há deles que roubam merenda
escolar,
esses têm coragem de na mãe dar
fim,
se Deus pra essa terra não
olhar
os larápios hão de dar
descaminho.
Mesmo assim somos orgulhosos
de termos nascido neste
torrão,
apesar de eles, os ambiciosos,
minarem um pouco nossa paixão.
Pois o grande herói é o nosso
Povo,
que luta e ri sempre com força
e raça
se cai, levanta e segue a lida
de novo,
sem nunca perder a sedução e a
graça.
Aqui termino esse trabalho
lírico
e ao Ceará quero parabenizar,
mesmo em tom um pouco
satírico,
é a verve do artista que às
vezes dá.
(Professor Alves,
agosto de 2003)
sexta-feira, 8 de junho de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
O MELHOR DO SONHO
O melhor do
sonho não foi quando menino Jesus tocou-me o braço
Me olhou nos
olhos e me segredou sobre o paraíso
O melhor do
sonho não foi quando avistei as naus que vinham em visita
Trazer novas
do velho mundo e construir um mundo novo
O melhor do
sonho não foi quando retornado ao imponente mundo grego
Vi Milo
carregando às costas, em exercício, um touro fabuloso
O melhor do
sonho não foi quando chorei de alegria
Ao ouvir Jessier
Quirino e seu Bolero de Isabel
O melhor do
sonho não foi quando tremi ao ouvir cascos potentes
Dos cavalos
de Átila e dos hunos com suas narinas famélicas de aventuras
O melhor do
sonho não foi ver as pernas tortas de Garrincha
E acordar
assistindo a um gol de Neymar
O melhor do
sonho não foi me ver já velho, moribundo
Excitado
pela possibilidade do mistério
O melhor do sonho
não foi entrar na tela de cinema
Assistir ao
vivo o cheiro de sangue dos Jogos Mortais
O melhor do
sonho não foi ver Madre Tereza sorrindo
limpando-me,
as feridas e amenizando a fome
Tudo isso foi
maravilhoso, fantástico
Mas o melhor
do sonho foi quando me vi adolescente
Assistindo
ao maior espetáculo da terra: teu sorriso.
(Professor
Alves)
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