sexta-feira, 22 de junho de 2012

O SEGREDO DA FELICiDADE

            
        Há uma maravilhosa fábula sobre uma garotinha que está andando pelos prados, quando vê uma borboleta espetada em  um espinho. Muito cuidadosamente, ela a solta e a borboleta  voou para longe, para então retornar transformada numa linda fábula. "Por sua bondade", ela diz à garota, "vou conceder-lhe seu maior desejo."
           A garotinha pensou um pouco e disse: "Quero ser feliz." A fada inclinou-se até ela e sussurrou algo em seu ouvido e desapareceu subitamente.
         A garota crescia, e ninguém na terra era mais feliz do que ela. Sempre que alguém lhe perguntava qual era o segredo de sua felicidade, ela sorria e dizia: "Eu escutei uma fada boa."
          Quando ela ficou bem velha, os vizinhos temeram que seu segredo morresse com ela. "Diga-nos, por favor, qual é o segredo de sua Felicidade, o que disse a fada", instaram todos à agora amável velhinha. Ela simplesmente sorriu e disse:
         "A fada me disse que todas as pessoas, por mais seguras que pudessem parecer, precisavam de mim.
                
(Trecho do livro AMANDO UNS AOS OUTROS, editora Record) 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

QUATROCENTOS ANOS EM QUADRA





                
                       O poeta faz suas reflexões sobre     
                       as comemorações dos quatrocentos               
                       anos do seu estado natal.

Seara, Siará Grande, Ceará!
Nome, forma e métrica pouco importam,
porque doravante o que importará
é rimar tudo que o denigre e exorta.

Nesses quatrocentos anos de existência,
desde que Martim Soares esteve aqui
e amou Iracema com grã decência
E tiveram um filho de nome Moacir

esta terra de opulência e imensidão
tem crescido e se desenvolvido
sendo portanto o mais sublime torrão,
assim diz quem aqui já tem vivido.

É claro que essa história não é só de alegria,
temos secas em ciclos e muita miséria,
era morte o que naquele ano se via
naquela famigerada seca deletéria.

(Neste momento me foge a inspiração,
ao lembrar o flagelo que Rodolfo narrou
em seu livro que me despertou paixão,
o qual de Fome ele o denominou.)

Mas deixemos disso, que sejam sutis
esses versos que nesse papel caírem
sobre este Ceará de céus de anis
e praias que entontecem aos que as virem.
  
Falemos desse povo gentil e hospitaleiro,
que não tem pejo de ser cabra-da-peste
que muito respeita os demais brasileiros
mas ama sua terra de leste a oeste.

É certo que os do poder são interesseiros.
Seu Tasso combateu uma oligarquia
e implantou outra, e isso é verdadeiro,
hoje mandam os capitalistas, todavia.

A Educação por isso não anda bem,
a Saúde bem outrossim não está
mas a fortuna deles cresce e ninguém
sabe aonde o Iguatemi parará.

Mas voltemos a falar de beleza
que não faltam no meu Ceará,
terra que não sabe o que é tristeza,
se alguém duvida, é só vir para cá.

Falando em cultura, somos imbatíveis,
exportamos de todas as áreas talentos,
que na arte de inventar são infalíveis
e estão na tevê em todos os momentos.

Citemos o grande Fágner, Raimundo
Ednardo, Belchior e Raquel de Queirós
e os humoristas que daqui ganham o mundo
todos eles dando imensa alegria a nós.

Numa estrofe vamos homenagear
o nosso maior poeta e passarinho,
Patativa que com Deus deve estar,
fazendo versos e alegrando anjinhos.

Mas nós não podemos nos esquecer
dos dragões que maculam nosso estado:
políticos corruptos, ai, é de doer,
analfabetismo e fome de todo lado.

Em cada sinal é muita tristeza,
criança e velho pedindo esmola,
e isso não é só em Fortaleza,
de norte a sul a indigência assola.

A grana do povo isso não combate.
com ele se faz metrô e Castanhão,
ou se gasta tudo comprando iate
e a gente, essa, fica sempre na mão.

Há deles que roubam merenda escolar,
esses têm coragem de na mãe dar fim,
se Deus pra essa terra não olhar
os larápios hão de dar descaminho.

Mesmo assim somos orgulhosos
de termos nascido neste torrão,
apesar de eles, os ambiciosos,
minarem um pouco nossa paixão.

Pois o grande herói é o nosso Povo,
que luta e ri sempre com força e raça
se cai, levanta e segue a lida de novo,
sem nunca perder a sedução e a graça.

Aqui termino esse trabalho lírico
e ao Ceará quero parabenizar,
mesmo em tom um pouco satírico,
é a verve do artista que às vezes dá.
                  (Professor Alves,
                    agosto de 2003)