VII - Da Minha Aldeia
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanho)
Andrade Francisco Alves de Andrade Mantendo a mesma tônica do poema V "HÁ METAFÍSICA BASTANTE EM NÃO PENSAR EM NADA" , o poeta privilegia a visão, quando diz que "eu sou do tamamaho do que vejo".
Jarina Barbosa Este foi
exatamente o verso que mais me chamou atenção porque particularmente, acredito
muito nisso
Jarina Barbosa O
problema, a dor, a alegria, enfim, tudo é do tamanho do que vemos
Andrade Francisco Alves
de Andrade E ele ainda reforça "na cidade a vida é mais pequena".
Jarina Barbosa E eu acho
muito legal, porque isso é uma coisa que você decide: o tamanho das coisas que
nos cercam
Andrade Francisco Alves
de Andrade Verdade. Somos nós que damos a dimensão que as coisa tem.
Jarina Barbosa É pequena
porque, no caso "na cidade as grandes casas fecham a vista à chave"
Andrade Francisco Alves
de Andrade Logo, os olhos não têm grande alcance.
Jarina Barbosa Questão da
liberdade que nós não temos na cidade
Jarina Barbosa Sim
Andrade Francisco Alves
de Andrade E esse verso "E tornam-nos pobres porque a nossa única
riqueza é ver."
Jarina Barbosa É uma
visão bem simples, não é?
Andrade Francisco Alves
de Andrade Reforça a ideia de que não ver é mutilar-se.
Andrade Francisco Alves
de Andrade É apequenar-se.
Jarina Barbosa Mas em
total conformidade com o poema porque as coisas simples podem nos dar
felicidade
Jarina Barbosa Sim, nos
tiram os nossos olhos
Jarina Barbosa Cegueira,
sem visão, apequenar-se
Andrade Francisco Alves
de Andrade É um movimento de fora para dentro. Uma vez que o horizonte nos
permite ver a beleza da natureza e amplia nossa visão, nosso ser se engrandece.
Andrade Francisco Alves
de Andrade E ele inicia aqui um tema que (acho) será tratado mais à frente.
Esse tema é o da valorização do que temos. Ele dirá "O Tejo não é maior
que o rio que corre mela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela
minha aldeia"
Andrade Francisco Alves
de Andrade Aqui, ele já antecipa esse tema telúrico, bucólico e
engrandecedor daquilo que lhe pertence ao afirmar que "Por isso a minha
aldeia é tão grande como outra terra qualquer"
Jarina Barbosa É muito
rico a temática abordada, transcende a questão do amor à natuteza, vida simples
Jarina Barbosa É uma
mensagem pra nossa vida, do que temos
Jarina Barbosa Coisa que
quase sempre desvalorizamos
Jarina Barbosa Olhar o
que temos, geralmente damos mais importância ao que não temos
Andrade Francisco Alves
de Andrade Exatamente.
Jarina Barbosa Somos
viciados a valorizar o que não temos
Andrade Francisco Alves
de Andrade Daí tanta gente querendo conhecer os EUA e nunca foram a
Juazeiro ou a Ubajara.
Jarina Barbosa Sim, sim.
Em todos os sentidos.
Andrade Francisco Alves
de Andrade Esse é o grande papel da Literatura. A partir de uma abordagem
simples, elevar nossos pensamentos, nossas ansiedades e nos mostrar quão bela é
a vida de quando podemos refletir.
Jarina Barbosa E segundo
a metafísica, as coisas só vêm para quem tem
Jarina Barbosa Se você
sempre acha que não tem nada, o que virá é nada
Andrade Francisco Alves
de Andrade É por isso que Antônio Cândido afirmou: "Negar a fruição da
Literatura, é mutilar a humanidade".
Jarina Barbosa Como no
poema, se você valoriza o que tem, o simples, as coisas vão acontecendo
Jarina Barbosa É, a
literatura é a manifestação da vida
Andrade Francisco Alves
de Andrade E o movimento de fora para dentro engrandecerá o ser.
Jarina Barbosa Isso é
ricamente trabalhado nesse poema
Andrade Francisco Alves
de Andrade Com relação ao aspecto formal, vemos uma característica da
escrita de Alberto Caeiro, que é a falta de conhecimento gramatical.
Andrade Francisco Alves
de Andrade Ele diz "na cidade a vida é mais pequena".
Jarina Barbosa O Alberto
Caeiro, se ptestarmos atenção, trabalha muito essa questão da metafísica, do
simples, esse movimento de dentro pra fora
Andrade Francisco Alves
de Andrade Em vez de menor.
Andrade Francisco Alves
de Andrade E é ele mesmo que explica há metafísisca em não pensar.
Jarina Barbosa Kkkkkk,
bom
Andrade Francisco Alves
de Andrade Não precisamos passar o dia refletindo uma solução para a
humanidade. A solução se encontra em nós, nas coisas simples que nos redeiam.
Andrade Francisco Alves
de Andrade No nosso respeito pela natureza.
Jarina Barbosa Isso é
muito bonito. Tudo está em nós
Jarina Barbosa As coisas
estão aí acontecendo mas quem dá o tom somos nós
Jarina Barbosa Sim
Andrade Francisco Alves
de Andrade E com relação ao aspecto literário, temos a manutenção do
bucolismo, da tendência árcade.
Jarina Barbosa Sempre a
tendência arcade
Jarina Barbosa A
integração com a natureza
Andrade Francisco Alves
de Andrade E o panteísmo. Relação entre Deus e os elementos que estão na
natureza. mesmo sem citar, percebemos a bondade de Deus quando ele se põe a
mirar o horizonte e tornar-se grande.
Andrade Francisco Alves
de Andrade Essa questão de Horizonte, me lembrou a música de Roberto Carlos
Além do Horizonte.
Jarina Barbosa É, não me
atentei pra isso
Jarina Barbosa Kkkkk, ok
Jarina Barbosa Amei o
poema
Jarina Barbosa Tenho que
ir agora
Jarina Barbosa Foi ótimo,
Alves
Andrade Francisco Alves
de Andrade Certo. Valeu, pela companhia. Até a próxima.
Jarina Barbosa Até sábado
Andrade Francisco Alves
de Andrade See you in the next saturday.
Nenhum comentário:
Postar um comentário