(INFILTRADOS
II)
Já contei
aqui em prosa
Uma história
que ocorreu,
Um destemor
sem medida
Foi assim
que assucedeu,
Comigo e com
o Victor hugo,
Que esse
fato aconteceu.
Era o ano dois
mil e onze,
Jogo de
campeonato,
Jogavam
Ceará e Flamengo,
Um jogo de
fino trato,
Eu e meu
filho torcemos
Pelo Flamengo de fato.
Mas quem
quiser saber disso
Leia, pois
aqui não digo,
Ele está
escrito num livro,
Que carrego
cá comigo,
O nome do
livro informo
“O homem que
semeava amigos”.
Adianto que
se trata
De um fato
quase engraçado
Torcemos
pelo Flamengo,
O caso ficou
gravado,
Na torcida
do Ceará,
E quase
fomos surrado.
pois o mesmo
aqui se deu
Nesse
domingo passado,
Na arena
castelão,
Vi
rubro-negro caçado,
Correndo da Cearamor
Pra não ser
assassinado.
Quando fui
comprar o ingresso,
Havia
entrada sobrando
Na torcida
do Flamengo,
Mas eu logo
fui comprando
Na torcida
do vozão
Do passado
não lembrando.
No dia do
jogo saímos
Travestidos de
alvinegros,
Calção e
camisa escura
Não lembrava
um rubro-negro,
Semblante fechado
e duro
Como quem
guarda um segredo.
O trajeto
foi bem tenso,
Só se ouvia
discussão,
Torcedor correndo
atrás
De torcedor
do Mengão,
Chegamos no
estádio aflitos,
Era grande a
comoção.
O local tava
cheinho
De torcedor
do Ceará
A torcida do
Flamengo
Ficou do
lado de lá,
Bem feliz ela
torcia,
Eu medroso
do de cá.
Fez uma
festa medonha
A torcida do
vozão,
Ela toda era
risonha,
Lotou todo
Castelão,
E eu
balançando bandeira
Do mosaico
em formação.
Do lado oposto
a magnética
Gritando “vai,
meu Mengão,”
Era grande a
alegria
Da torcida
exaltação
E eu de cá
tinha que ouvir
“Pra cima
deles vozão”.
Também do
lado de cá,
Descobri um
torcedor
Com a camisa
rubro negra
No ombro sem
destemor,
Gritando
“vai meu Flamengo”
Demonstrando
seu amor.
‘Nossa, mãe,
que corajoso!’
Pensei eu aqui
comigo,
‘Ou seria só
loucura
Atacando
nosso amigo!’
Percebi uma
arrumação,
Vi ali
grande perigo.
torcedores brutamontes
Do alvinegro
o arrodeou,
Puxaram sua
camisa,
E uma arma
ele sacou,
Foi bala pra
todo lado
Mas ninguém
ele acertou.
Ouvindo
primeiro tiro,
Saltei
lances de cadeira,
No segundo e
no terceiro
Já estava na
carreira,
No quarto e
no quinto tiro
Era grande a
tremedeira.
Com muito
custo voltei,
O susto
tinha passado,
Era grande
esta tensão
O cara foi
desarmado,
Chamaram
logo a polícia,
Os homens
tinham chamado.
Chegaram os
homens da lei
E o levaram
com carinho,
O povo ficou
irritado,
E ele dava
era risinho
O soldado tinha
calma:
“Vamos lá,
capitãozinho”!
Logo vi que
ele não tinha
Loucura nem
um pouquinho,
Era mesmo um
fuleragem,
Um possível
bolsominho,
Que para
matar só quer
Que lhe deem
um pezinho.
Depois de
tudo acabado,
Depois que o
susto passou
A tensão foi
só do jogo,
No campo o fogo
pegou,
Flamengo fez
um a zero
E a Cearamor
se calou.
Por dentro
eu era feliz,
Por fora
grande tristeza,
Pois não
podia vibrar,
Aclamar a
realeza,
Mexia com a
cabeça,
Para ator
tenho destreza.
Mas o urubu
rubro-negro
Foi pra cima
do vovô,
Achando que
tava morto
E as garras
lhe enfiou,
Meteu dois e
meteu três,
Sua carne
descarnou.
Quando a
partida acabou,
Voltamos pra
casa inteiro,
Além da pisa
que deu,
O Flamengo era
o primeiro
Do sério
campeonato
Do certame
brasileiro.
Mas esse ano
ainda tem
Flamengo
contra o Leão,
Vou torcer no
lado certo,
Não vou ter
preocupação
Vou ser
feliz e gritar
“Pra cima
deles Mengão!”
(Alves Andrade, agosto de 19)
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