(Por Alves
Andrade)
“Mulher,
irmã, escuta-me: não ames!
Quando
a teus pés um homem terno e curvo
Te
jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias,
não, mulher. Ele te engana!
As lágrimas
são as galas da mentira
E o juramento,
o manto da perfídia!”
(Macedo)
Queria aqui
refletir,
Sobre coisa
acontecida,
Quisera ser
coisa boa,
Não é de
morte morrida,
É sim de
morte matada,
Que abre em
corações ferida.
U’a matança
de mulher,
Tal qual
fosse planejada,
No Brasil de
norte a sul,
Não tem
classe desejada,
Pobre e rico
mata e morre,
E a justiça
não faz nada.
Porém isso
não é de hoje,
Desde que
era pequenino,
Sabia
histórias assim,
Morte ao
sexo feminino
Executada
por homens
Desse sexo
masculino.
***
Creusa, uma
linda mulher,
Cujo marido
a matou,
Foi com
lâmina afiada
Que o crime se
perpetrou.
Faz tempo que
aconteceu
Minha
infância o relembrou.
Ela, nossa
conhecida,
Mulher de
muita alegria,
O marido um
capadócio,
Vida rastrera
vivia,
tinha ciúmes
da esposa,
Nada pra
ver, e ele via.
A notícia,
divulgada
Pelas rádios
da cidade,
Monstro
abalo onde morávamos,
Grande a
infelicidade,
Moça mui bonita
e jovem
Vítima de atrocidade.
***
No ano de
setenta e seis,
Fato triste
ali se deu:
Musa,
libérrima e audaz,
Ângela Diniz
morreu.
O assassino
endiabrado
Era o companheiro
seu.
Este fato
foi pior
Porque o canalha
saiu
Da prisão
dias depois,
O país
inteiro viu
Dizer-se pra
todo mundo:
Ela o marido traiu.
Falo de
Ângela Diniz,
De Doca
Street companheira,
Dizimada
então por ele
Teve a
imagem na lameira
Mas isso
mexeu com a turma
Feminina
brasileira.
A tese dessa
defesa
Acusava-a de
adultério,
Prostituta e
muito mais.
Vejam só que
despautério!
Denegriu a
imagem sua,
Às portas do
cemitério.
Foi grande a
iniquidade,
Foi tamanha a
covardia,
O caráter
dessa musa
Foi tratado
à revelia.
O bandido fora
preso
Mas já é livre
hoje em dia.
***
Mil
novecentos e um,
Início de um
tempo novo,
O orbe não
tinha acabado,
Era bom o
preço do ovo
Havia muita esperança
Na face
rubra do povo.
A mulher
bonita e jovem
Na casa de
jogo entrou,
Foi lá
buscar o marido,
Que o
dinheiro ali jogou.
Surrou-a
perante todos
E em casa ele
a matou.
Esse fato
aconteceu
No sul do
nosso Brasil,
Foi em
Caxias do Sul
Que esse indivíduo
vil
Matou sua
amada esposa
E o albor do
século viu.
***
Há pouco uma
empresária,
Aqui mesmo
em Fortaleza,
Morreu de
morte matada,
Foi bem
grande a malvadeza,
Todo mundo
sabe disso,
Mas é grande
a safadeza.
O bandido
advogado,
Querendo o dinheiro
seu,
Matou logo a
coitadinha
Pelo amor
que ela lhe deu,
Não foi nem
por um ciúme
Que o crime ele
cometeu.
Foi tudo
pela ganância
Que o
bastardo praticou
Feminicídio
violento,
De suicídio
ele chamou,
E a justiça
cearense
No calhorda
acreditou.
Tenho pena
da família
Daquela
pobre criatura,
Filho chora
noite e dia,
A pobre mãe
inda atura
A face desse
indivíduo
Mentindo
tanto que jura.
***
Vê como a
justiça é falha,
Numa praia
mesmo aqui,
Um indivíduo
assassinou,
Na praia do
Icaraí,
A filhinha e
a mulher,
Já está
solto por aí.
Mesmo tendo
confessado
Como o crime
consumou,
O juiz
mamanaégua
Logo logo
ele soltou,
Incentivando
outros crimes.
Nem mesmo
nisso ele pensou?
***
Um indivíduo
seboso
Na cidade
Pedra Branca
Matou uma
bela menina
Muito rica e
muito franca
Porque ela decidiu
Acabar com
sua banca.
O homem
nojento e feio
Chegou na
fazenda lá,
Se fazendo
de bonzinho,
Começou a
trabalhar,
Se botou
para a menina
Que o mandou
coquim catar.
A besta fera
queria
Seus desejos
afogar,
Planejou um plano
velho
Para a
coitada estuprar,
Até dinheiro
o matador
Conseguiu
ele ajuntar.
Depois do
fato consumado,
Não ainda
satisfeito,
Matou a bela
menina,
Porque era
um mau sujeito,
Foi embora
pro sertão
Onde foi
preso, com efeito.
***
Esses são apenas
casos
Que ecoam
pela mídia,
Mas há
milhares no olvido
Repletos de
igual perfídia,
Perpetrados
por maldade,
Feitos com
toda insídia.
Todo dia é
uma loucura
O que vimos
na telinha,
Notícia de
mulher morta
Por doutor
ou flanelinha,
Ninguém
escapa da fúria
Desse trem
fora da linha.
Não é de
hoje não
Que acontece
coisa assim,
Mas os casos
eram vistos
Tal coisa
banal, enfim,
Homens donos
de mulheres,
Era uma coisa
ruim.
Mas ao longo
da história
Bastante
coisa mudou,
A mulher
saiu de casa,
Foi à rua e lutou,
Bateu o pé, disse
não,
Seu direito
conquistou.
Entretanto o
bicho homem
Indignado se
tornou
E na recente
história
Endiabrado
ele ficou,
Arrogância
lhe sobrando
A
companheira ele ceifou.
A justiça
então criou
O termo
feminicídio,
Que não deve
ser tratado
Como mero
homicídio,
E não se deve
ter dúvida
De que não
foi um suicídio.
É quando o
homem assassina
A
companheira ou namorada
Por ciúme ou
baboseira
Ou pra ter a
alma lavada,
Agora vai
pra cadeia,
Vai curtir
cela fechada.
Entretanto
me parece
Que o efeito
não surtiu,
Pois duzentas
mulheres
Morreram de
forma hostil,
Apenasmente
neste ano!
Perda que o
filho sentiu.
Pela ira do
assassino,
A morte elas
encontraram
Por todo
tipo de arma,
Facão e
pistola usaram,
Pau, pá, enxada
e pedra
Até pelas
mãos mataram.
É preciso
que a justiça
Deste Brasil
imenso
Pare esse
rio de choro
Que encharca
do filho o lenço
Mostre ao
homem mau
Que a mulher
não lhe pertence.
Peço assim
divulgação
Para esse
apelo chegar
A milhares
de consciência
E o homem
mentalizar
Que o amor
de uma mulher
Não dá pra
se apropriar.
Que é bom
esquecer o passado
Quando a lei
estipulava
Que a mulher
era submissa
Ao homem com
quem casava,
Mesmo se era
infeliz
Mesmo quando
mal passava.
Mas hoje os
dias são outros,
Mulher e
homem iguais,
Esteja junto
ao marido,
Seja na casa
dos pais,
É bom ir se
conformando,
O tempo não
volta mais.
Fim!
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