(baseado em
fatos reais)
Foi no
mercado central,
Que aconteceu
esse fato,
Um caso constrangedor,
Ua mulher
de fino trato,
Protagonista
distinta,
Dum
acontecimento chato,
Todo mundo
estremeceu
Com a
catinga medonha
Do peido
que a branca deu.
Não se
ouviu nenhum barulho,
Foi tudo
silencioso,
Pareceu bomba
de neutro
Aquele pum
criminoso,
Quase mata toda
gente
Aquele
cheiro horroroso
Meu Deus,
como fedeu,
Dentro do
elevador,
O peido que
a branca deu.
Uma criança
que ali estava
Os olhos
esbugalhou,
A boca dele
se abriu
O chão todo
vomitou,
Ajoelhou-se o coitado,
As mãos pro
céu levantou,
Por pouco ele não morreu
Por causa
daquele pum,
Do peido que
a branca deu.
Até mesmo o
elevador
Não suportou
e se abriu,
Um urubu
que ali passava
Tapou o
nariz e fugiu,
As asas
bateram forte,
Pra muito
longe partiu
Pra bem longe
escafedeu,
Tão fedida
era a catinga
Do peido
que a branca deu.
Os andares
do mercado
Se encheu
daquele fedor,
Todo mundo
então olhando
No rumo do
elevador,
Olhava pra
senvergonha
Que não tinha
nem pudor,
Mas se
sabia que era seu
O rabo
daquele peido
O peido que
a branca deu.
A catinga então
saiu
Pelas ruas
da cidade,
Na praça
gerou espanto:
“Que é
isso, por caridade?”
Perguntou
uma senhora,
“É a bomba
da maldade”!
Um militar respondeu,
Uma estátua
se assustou
Com o peido
que branca deu.
Somente
dias depois,
É que se
foi o mau-cheiro,
Muita gente
ficou pálida,
Eu fui sendo
o primeiro
Porque estava
perto dela
Vendo seu
ar sobranceiro,
Quando o
fato aconteceu,
Senti grande
mal estar
Com o peido
que a branca deu.
Era uma
mulher vistosa,
Parecia uma
princesa,
Vestida com
distinção,
Era de rara
beleza,
Na cabeça chapéu
caro,
Mas para
grande tristeza
A riqueza
não escondeu
A fedentina
que tinha
O peido que
a branca deu.
O peido
quando saiu
Pela porta
do intestino
Ardeu o
canal anal,
Destruiu o
reto fino,
Queimou a
boca do cu
O orifício
pequenino,
Uma
bactéria morreu,
O resto não
escapou
Com o peido
que a branca deu.
Um estudo
sobre o caso
Descobriu,
dias depois,
Tudo que
foi ingerido,
Primeiro
feijão com arroz,
Salada bife
a cavalo,
O velho
baião de dois.
Muito mais
ela comeu
Pra ter
aquele fedor
O peido que
a branca deu.
Como ela
era de fora,
Resolveu
experimentar
Aqui da
nossa terra,
Todos os
frutos do mar:
Camarão,
lagosta, polvo,
Tudo queria
provar.
Muito mais
ela comeu
E o
resultado sabemos
Do peido
que a branca deu.
Bolinho de
bacalhau,
Pastel de
carne moída,
Espeto de
piabinha,
Coxinha no
óleo cozida,
Queijo coalho
e azeitona,
Ovinha n’água
fervida.
Algo mais
ela comeu
E o resultado
conhecemos
Do peido
que a branca deu.
Repolho com
muito azeite,
Cebola n’óleo
fritada,
Queijo
passado na brasa,
Linguiça na
brasa assada,
Picolé de
coco e umbu,
Franga no
forno torrada.
Ainda mais
ela comeu
E o
resultado é sabido
Do peido
que a branca deu.
Sarrabúi,
sarapatel,
Pão de alho
e dobradinha,
Carneiro
com jerimum,
Muito pirão
de farinha,
Feijoada de três dias
‘Té um recruta da marinha.
Tudo isso
ela comeu,
Logo fez grande destroço
O peido
que a branca deu.
Essa
história é verdadeira,
Nunca soube
eu inventar,
Baseada na
verdade,
Pude pouco
acrescentar.
Você deve
ter sentido,
Independe onde
morar,
Talvez nem
se apercebeu,
Mas o fedor você sentiu
Do peido
que a branca deu.
Com esse
fato me vingo
De uma
mentira contada
Pelo poeta Otacílio,
Por sinal
mui bem narrada,
Que fala do
peido da nega,
Nega muito
depravada
Que nua
cidade viveu,
Foi muito
grande o escarcéu
Do peido
que a nega deu.
Mas ela traz
no seu bojo
Preconceito
mais racismo,
Bem comum
neste país
Que valoriza
o egoísmo,
Trata mal a
minoria
Com
bastante debochismo.
Mas é fato
e ocorreu
A história
que aqui narrei
Do peido
que branca deu
(Alves
Andrade)