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segunda-feira, 19 de abril de 2010

O POVO X IRONIA

O Povo


Não posso deixar de concordar com tudo que dizem do povo. É uma posição impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo o que se tem dito dele. E muito mais. 

As opiniões recentemente emitidas sobre ao povo até agora foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo, não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo. 

O povo se comporta mal em toda parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô em escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar. 

A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente suicida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos grandes centros se deve ao povo. As lamentáveis favelas que tanto prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo, que as mantém contra os preceitos da higiene e da estética. 

Responda, sem meias palavras: haveria os problemas de trânsito se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo. 

É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares que, justamente por agradarem ao povo, não podem ser boa coisa. 
O povo é pouco saudável. Há, sabidamente, 95 por cento mais cáries dentáries entre o povo. O índice de morte por má nutrição entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sendo atropelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo. 

O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou escrever. O povo não viaja, não se interessa por boa música ou literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo, prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se não fosse o povo nossa economia funcionaria como uma máquina. Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O povo deveria ser eliminado. 

Luis Fernando Veríssimo 

Há muito tempo conheço esse texto, e ele sempre me pareceu normal, normal, normal (como diria Jessier Quirino). Nessa semana, procurando-o na internet, encontrei-o em alguns blogs. Há muitos comentários a seu respeito. Em todos eles, o autor, Veríssimo, é defenestrado, em alguns casos até menoscabado, pela sua suposta visão de povo. Quem não conhece o autor, pela obra é claro, lendo esse texto e não parar para fazer análise da figura de linguagem denominada IRONIA, com certeza vai ter atitude semelhante à daqueles que fizeram os comentários supracitados. é preciso que vejamos nele a ideia, não do autor, mas a da elite encarnada nele. Como o poeta é capaz de se travestir, de se multiplicar a si mesmo(desculpem a redundância), Veríssimo trai o seu nome (verdadeiro ao extremo) para fazer o mesmo.  Essa é a visão que a elite tem do povo, das massas, para ela o causador de todos os males sociais é o povo. Quando Veríssimo enfatiza isso, surge então toda sua ironia de deboche contra a burguesia, que fede, mas que tem dinheiro pra comprar perfume.   

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

As lágrimas de Lula e o espírito olímpico de Tostão



14/10/2009
Por Edilson Silva* – http://twitter.com/EdilsonPSOL, em 12.10.2009 


Lula chorou no anúncio da vitória do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Não há razões para se duvidar da honestidade das lágrimas do presidente, afinal de contas, lá no seu íntimo, ele deveria estar pensando algo do tipo: “nunca antes na história deste país…”
As emoções fazem parte do espírito olímpico. Ali, naquele momento, era como se o presidente estivesse num pódio, recebendo uma coroa de louros, como na Grécia Antiga. A superação, a vitória! As lágrimas foram inevitáveis. 
Mas o espírito olímpico do presidente parece resumir-se às lágrimas que percorreram o mundo na velocidade da luz. Enquanto a comitiva brasileira, composta de notáveis como Pelé e Paulo Coelho, comemorava a vitória em Copenhage, e outros tantos milhões de corações brasileiros vibravam onde estivessem, mas certamente com mais força na praia de Copacabana, onde uma grande festa acompanhava a definição do resultado, o governo Lula ia costurando um proposta que em nada se assemelha ao espírito olímpico. 
A tal proposta prevê a premiação com cerca de R$ 400 mil a cada um dos campeões mundiais de futebol pela seleção canarinho. Somente aos campeões e somente para a modalidade futebol. A primeira e contundente reprovação veio do sóbrio Tostão, campeão e craque de bola da seleção de 70, em artigo publicado em jornais de grande circulação:“(…) Podem tirar meu nome da lista… (…) O Governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? 

Sobra espírito olímpico em Tostão. Há um déficit razoável deste espírito na turma do governo Lula. E não só por conta desta proposta, mas pelo que foi feito no Pan, por exemplo, realizado também no Rio de Janeiro em 2007. Para o governo, os esportes são negócios capitalistas, onde os campeões conseguem se virar e os derrotados devem amargar a dor da pobreza e da falta de condições mínimas para serem “tão somente” atletas representantes de seu país. 
Mas Tostão não se limitou a recusar o prêmio e criticar o seu casuísmo. Deu pistas de onde o governo poderia investir o dinheiro e depositar sua vontade de contribuir para os esportes: (…) O que precisa ser feito pelo Governo, CBF e clubes por onde atuaram esses atletas é ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores e suas famílias, como pensões e aposentadorias. É necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para terem condições técnicas e emocionais de exercer outras atividades. A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda (…)”.
É um craque, dentro e fora das quatro linhas. Quem sabe o Lula não se emociona também com mais este golaço do Tostão? 
Presidente do PSOL/PE

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A PERENIDADE TEXTUAL

A PERENIDADE TEXTUAL
(Por Professor Alves)

        

    É incrível como alguns textos conseguem ser eternos. Essa perenidade, entretanto, não é privilégio de todos os escritos. Apenas alguns conseguem ser perpétuos. Entre eles está O Último Discurso, de Charles Chaplin. Talvez quando o autor o compôs não tivesse o intuito de perpetuar as ideias nele presentes. Quiçá o fizera apenas para seguir as orientações americanas contra o Nazi-facismo. A atualidade de seu programa, bem como a existências de governantes inescrupulosos responsabilizaram-se pela eternidade do discurso.
            O texto é na verdade um apelo à união dos povos contra as tiranias e uma apologia das qualidades humanas. Isso está claro na afirmação “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo.” Mais a frente Chaplin vai-nos lembrar que a tecnologia (à época, a aviação e o rádio; hoje, a televisão, a telefonia, a internet) é “um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós”, e na sequência arremata “lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais”.

 

            Não obstante o fato de essas ideias percorrerem o globo dia após dia, hoje, mais do que nunca, se propaga a cultura do indivíduo, do egoísmo. Hitleres há em toda parte, embora camuflados de democratas, pseudo-realidade do mundo moderno. Em função da cultura do eu. Querem um exemplo? No seu comentário esportivo de hoje (28/09/2007), Juca Kfouri iniciou dizendo:
            − 27 de setembro de 2007, dia de Marta. Numa referência ao bom futebol exibido pela atacante brasileira contra a seleção dos Estados Unidos. Não é de se estranhar que quando um repórter a entrevistou ela tenha proferido:
            − EU sou assim...
Claro! Se os comentários exibidos no dia anterior já a individualizaram, tornaram excelência perante as outras, enalteceram o indivíduo em detrimento do coletivo! É óbvio que ela também o faça. Esquecem-se de que o grupo poderia vencer sem ela, ela não o faria sem o conjunto. Pois são como formigas, que só realizam prodígios em conjunto. Sozinhas são ínfimas; unidas, porém são imbatíveis e eficientes. É assim que somos.

            É assim que políticos (meu objetivo é este sim), colocando-se como representantes do povo, desprezam amiúde o coletivo, agem peremptoriamente em proveito próprio, a ponto de um senador, quando da absolvição do outro, cujo nome me dá nojo até digitá-lo, disse a uma emissora de rádio que os senadores não podiam atender ao apelo popular e assim cassar o facínora porque o povo não sabe o que quer, "o povo não está por dentro do que acontece dentro do Congresso"

.
 
            E é assim que políticos de todas as cidades do país se preparam para uma guerra particular que desenvolverão em 2008 (hoje 2010) para atingir seus interesses particulares. É por isso que a prefeita de Fortaleza listou 21 projetos que executará em 2008 (o mesmo agora acontece em 2010), ano de eleição (por que não os realizou antes?). Isso está acontecendo também na sua cidade! Mas o pior de tudo é que os de sempre estão se preparando para a eleição e arregimentando o povo para defendê-los em praça pública. O Povo ingenuamente vai para as ruas brigar, discutir, morrer pelos seus candidatos, esquecendo-se de que eles sãos os mesmos que, na eleição passada, prometeram lutar por interesses coletivos, ofereceram melhor Educação, Saúde e Segurança e nada fizeram.



                        É por isso que nos sentimos no direito de parafrasear as palavras de Charles Chaplin: Eleitores não se entreguem a esses brutais... que os desprezam... que os escravizam... que arregimentam as suas vidas... que ditam os seus atos, as suas idéias e os seus sentimentos! Que os fazem votar no mesmo passo, que os submetem a uma alimentação regrada, que os expõem à violência, que negam a seus filhos o direito a uma Educação de verdade, que os tratam como um gado humano e que os utilizam como marionetes! Vocês não são irracionais! Humanos é que são! E com o amor da humanidade em suas almas, saberão finalmente encontrar o caminho, que não o do voto, mas o da união, da solidariedade, da cooperação.
(28/09/2007)

Esse texto, que foi escrito em 2007, como atesta a data, poderá ser publicado em 2020, se não nos cuidarmos, continuará atual. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O SAL DA TERRA


O SAL DA TERRA

“Vós sois o sal da terra. E se o sal é insípido, com que se há de salgar? Servirá apenas para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.”

Voltando para casa, sete e meia da noite, mais ou menos, vejo um furdunço urbano. Uma turba jazia ante um cadáver, sobre o qual profissionalmente já se debruçava o fotógrafo da “perícia”. Ladeando a cena, dois carros do já famigerado “Ronda do quarteirão”. Passando lentamente, mais por curiosidade que por impedimento, pude vislumbrar o pé do ex-vivente. Era um pé pequeno, desses que ainda não trilharam muitos caminhos nem o farão por já não terem futuro. Era uma criança. Quantos anos? Não importa. Era uma criança. Causa mortis? Bala. Motivo: tentativa de assalto. Não, ele não foi assaltado. Tentou fazê-lo e o resultado foi esse.

Infelizmente, não se trata de um fato isolado. Acontecimentos como esse ocorrem todos os dias numa cidade como Fortaleza. O que me leva a narrá-lo aqui, a dedos frios e coração palpitante foi o fato de me virem à mente naquele momento as palavras do mestre: “Vós sois o sal da terra...” E se o sal não tem sabor? Na verdade, quando Jesus disse isso não estava pensando em salvar almas, mas estava dizendo para todos os jovens, que são o sal da terra, a luz da vida. Mas infelizmente cada vez mais o sal está perdendo o sabor, e a luz, o brilho. Sem educação, sem orientação, o sal já não serve para dar sabor à vida, somente para ser pisado, humilhado, manipulado pelos outros.

Minha ignorância diante de algumas coisas me constrange às vezes. Uma vez, ante uma prateleira de supermercado, ainda lembrando as palavras do sábio filho de José, fiquei impressionado com a variação de preço do sal. Ao que um senhor me acorreu explicando que o valor do sal oscilava de acordo com o grau de pureza, ou com a procedência. Quanto mais refinado, mais caro se torna. Pensei assim que mesmo aqueles jovens que ainda têm algum sabor precisam ser refinados, pois mesmo que não sejam jogados fora, serão mal aproveitados, serão discriminados na prateleira do mercado de trabalho. Não sei como um país quer alcançar o topo onde se encontram os países de primeiro mundo sem refinar seu sal, sem lhe tirar as impurezas, sem lhe acrescentar a quantidade de iodo necessária!

Infelizmente, enquanto não houver vergonha na cara das autoridades, nossa juventude será sal grosseiro, daquele manipulado por mãos rudes, molhado no sal das lágrimas e suor. A falta de iodo no refino levará ao bócio social. Um grande número, crescente a cada dia, sem gosto, será jogado fora, pisado pelos homens; alguns servirão para enrijecer a argamassa que se multiplicará em prédios país a fora; e só alguns poucos servirão para a mesa do “chef” francês.

(Professor Alves)

terça-feira, 29 de julho de 2008

NÃO PRECISAMOS VOTAR




O VERDADEIRO ANALFABETO POLÍTICO

O verdadeiro analfabeto político
É entendido, segue os ditames de Bretch,
Abre o peito para dizer:
─ Eu voto, o voto é minha arma,
Sem ele as prostitutas se multiplicam,
A Saúde está morta,
A Educação não existe,
Meu povo não tem redenção.
Ou é ignaro para balbuciar:
─ Voto no candidato da mãe que vai me dar uma dentadura,
Um copo de cerveja e um prato de feijoada.

Desconhecem eles, míseros eleitores,
Que o verdadeiro analfabeto é o que vota,
É o que coloca a raposa no galinheiro.

A política é a resina que molda a volúpia por poder.
A política, unifica todo ser, mais que a morte.
Torna a todos escravos da ganância,
E lhes instala no peito o vírus da corrupção,
Que embota as mentes, antes honestas(?)
Individualiza interesses coletivos,
E como uma pandemia se espalha
Escolas, fábricas, sindicatos, bairros, cidades, países, galáxias.
Não há política nem politicalha, como queria Rui.
O que há é a ciência do descaso, da mentira, da usura.

E o povo?
Torna-se vítima desses interesses.
E aí sim surgem mais miseráveis
Que se multiplicam feito tapurus na carne podre,
Prostitutas desfilam suas almas enviesadas nas vielas da solidão,
Professores mal pagos destroem horizontes infantis,
Morre-se, é irônico, nas filas dos hospitais.
E quando vem a chuva arrasta consigo destinos
E se é tempo de seca, sinas são tragadas pela terra.

E os petistas, tucanos, pefelistas, bispos, verdes, comunistas
Estalam o açoite nos palacetes da devassidão
Entre risos, lagostas e uísques.
Enquanto a turba pede esmolas, educação, saúde.
A quem de seus votos se fartara,
Tudo graças ao verdadeiro analfabeto, político.
(Professor Alves)

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...