terça-feira, 23 de agosto de 2011

ROSÁLIA


          Dia desses escrevi sobre o ciúme, que me assolou na adolescência, e prometi falar sobre o primeiro amor. Promessas são dívidas, e aí vai como se deu minha primeira história.
           Ela chegava em minha casa sempre pela noitinha. Tinha atividades na escola e só podia chegar por aí. Era linda! Assim dizia minha infantil criatura de apenas dez anos de idade. E foi aí que me apaixonei. Ela tinha quatorze anos e fumava. Era época em que o o hábito de fumar era “glamour”. Atrizes e atores nas novelas ostentavam grandes piteiras e baforavam pelas milhares de telas Brasil a fora. Era apenas mais um motivo para admirar a minha deusa e seu sorriso que me deixava sempre feliz.
         Chegou ao bairro por volta de 1973. A família vinda de Monsenhor Tabosa se instalara a um quarteirão onde morávamos. Para nós era novidade, pois havia poucas casas por perto. Havia um monte de gente nessa casa, marido, mulher, filhas (umas quatro), filhos (uns três). Mas eu só vira a ela, Rosália. Enquanto os trabalhadores do caminhão desbastavam os móveis, depois de quase duas horas de atoleiro no areal, ela apareceu. Sorriso franco, mascando um chiclete eterno, cujo cheiro me habituei a sentir misturado ao do cigarro.
         Logo, estavam minhas irmãs de amizade com a família recém-chegada. E eu a tiracolo, vendo-a, sorrindo, como se seu sorriso fosse eteno, pregado aos lábios. Todos falavam de tudo, principalmente da vida alheia, ela falava de nada, mascava e, às escondidas, fumava. E eu, sempre que possível, ao seu lado. Acho que foi numa quinta feira, era 7 de setembro, numa época em que a comemoração da semana da pátria era obrigatória, quando ela disse que “gosto de ti, Quim”. Apesar da sonoridade, foi a frase mais bela que já ouvi. Mas o gostar dela era gostar fraterno. Eu desconfiara, mas preferia não. Ela me levou à escola, pagava meu lanche, comprava revistinhas e às vezes me levava à Samasa, onde tomávamos “milkshake”.
         Era feliz, eu, até aquele dia negro, ruim, lúgubre em que a vi beijando outro garoto, da mesma idade dela. Foi quando percebi a tal fraternidade. Mas não sem antes subir num pé de árvore e ficar triste, com vontade de virar éter, abandonar o frasco físico e me mandar céu a fora. Não fiz nada compreendi e continuei a amá-la. Já um amor meio frouxo, esgaçado pelo vexame...
        Quando me formei em 1994, ela já não estava entre nós. Fora vítima, aos trinta e quatro anos, do seu amigo inseparável, o cigarro. Na formatura não compareci, pois havia decidido muito antes que ela seria minha madrinha de formatura. Mesmo casada, eu sempre soube onde ela estava. Um de seus irmão é meu amigo até hoje, os demais não sei do paradeiro. Quanto à formatura, só dias depois, ao pé do reitor recebi o canudo tão almejado, cujo maior responsável foi ela.        
(Professor Alves)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

BLACKOUT


        Sexta-feira, chego em casa a fim de descansar, assistir televisão, tomando uma cervejinha, já no congelador desde a tarde. Depois do banho, quando já me dirigia à deusa dos raios iluminados, como bem definiu Ignácio de loiola Brandão, puf! Faltou energia. Sempre que isso acontece, a luz volta quase de imediato. Ledo engano. Desta vez o furdunço que provocou a falta de energia foi maior. Como A bendita não tornava, fui para a cozinha acompanhado do meu filho que sentou-se e perguntou:
         ─ E aí, pai?
       Essa perguntinha, quase sem significado, está plena de questionamentos. Significa “e agora, o que eu vou fazer, sem energia? Como vou brincar no ps2? Como vamos assistir ao bate bola da ESPN? Como vou viver, sem a bendita eletricidade?” Tive uma ideia, acendi uma vela sobre a mesa, liguei o fogão para fritar umas asinhas de frango, que ele adora, abri uma cerveja e passei a lhe contar sobre como era quando não tínhamos energia elétrica. Os olhos dele se esbugalharam, como a indagar “você alcançou essa época?”. Ao que afirmei: “Sim, filho, quando era pequeno, da sua idade, não havia energia elétrica em nosso bairro, não tínhamos televisão nem geladeira, tampouco brinquedos eletrônicos. Assim nossas brincadeiras eram no quintal ou na rua. Fazíamos, por exemplo, um balançador numa goiabeira e nos embalávamos às alturas. De vez em quando o balançador quebrava e o brincante se espatifava no chão. Brincávamos de bandido e mocinho. Fabricávamos revólveres de madeira (à época não havia tanta maldade), virávamos bandido ou herói e saíamos por aí, “pei, pei”, só na boca. Difícil era convencer o outro que ele já estava morto de tanto tiro(risos).
          As asinha estavam já estalando, o cheiro invadira de vez a cozinha, a cerveja ainda estava fria e a atenção do Victor Hugo era o combustível para as minhas lembranças. “Continua, pai, tá legal! Continuei, falando e admirando o bruxulear da chama da vela. A noitinha, filho, íamos esperar por papai lá na calçada. Enquanto ansiava por vê-lo a distância com seu caminhar pausado e decidido, mamãe contava histórias, geralmente de assombrações, que à noite grande iam me torturar. Eram estórias e histórias... “Conta uma, pai!” Contei:
        “Era uma vez um homem, que tendo perdido a esposa, resolveu casar-se com sua cunhada, uma vez que precisava de alguém para cuidar da filha, uma linda menina cujos cabelos eram penteados pela mãe e cresceram lindos e brilhantes. Mas sua madrasta era má. Judiava muito da coitadinha. À noite quando o pobre homem chegava, encontrava sua filha triste, mas creditava esse sentimento à perda da mãe. Quando percebia algum machucado, causado pelo excesso de brutalidade, a esposa acudia a dizer que eram travessuras da pequena. Certa vez, porém, o excesso foi absurdo a ponto de a pequena morrer. A madrasta má enterrou-a no quintal. Quando o marido chegou, encontrou-a chorando, dizendo que a menina havia sumido. Muito triste o pobre homem , danou-se a procurar pela filha, até cansar. O tempo passou e da filha restavam apenas as lembranças em forma de brinquedos e atitudes. Certo dia, precisando de uma espaço para fazer uma horta, o homem percebeu que lá no fundo do quintal, onde pretendia construir a benfeitoria, havia uma enorme touceira de capim. Muito bonita por sinal. Tanto que ele não quis mexer ali. Mas não havendo outra saída, chamou um capineiro para o trabalho. Quando o homem ergueu o foice, uma voz se fez ouvir:
Capineiro de meu pai
Não cortes o meu cabelo
Minha mãe me penteou
Minha madrasta me enterrou
Perto da figueira
Que o passarinho beliscou”
O homem chamou o pai da garota, que entendeu tudo. Quando a madrasta viu que sua maldade fora descoberta, saiu correndo sertão a dentro e nunca mais foi vista. O pai desenterrou a filha e lhe deu um enterro decente.
         Enquanto, mastigava uma asinha, meu filho me olhava como a dizer “legal, conta outra”. E assim o tempo foi passando sem eletricidade. Víamos que não é tão ruim viver sem ela, que existia vida antes dela... de repente, Alice, minha esposa, que estava ao nosso lado desde o início, lembrou-nos que era o dia do último capítulo da novela (Insensato Coração) e que precisávamos saber quem havia matado Norma. Nos vestimos e procuramos um restaurante em que houvesse uma televisão. Mas foi bom ter lembrado do bom tempo em que não precisávamos da “deusa dos raios iluminados”.
(Professor Alves, 19/2011)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

EU TE AMO!


Eu te amo, não porque és mulher de carne e osso
mas porque tens alma
és feita da mesma essência do amor!

Eu te amo, não porque és branca
como a lua nas madrugadas
mas porque tens os olhos do arrebol e do ocaso!

Eu te amo, não porque és negra
mas porque como todos nós
tens o sangue das argênteas gerações!

Eu te amo, não porque és linda
mas porque navegas como as mentes raras
num mar manso  rumo ao infinito!

Eu te amo porque sou eu que refletes
quando me olhas, e te reflito
quando te vejo!
(Porfessor Alves, agosto de 2011. Poema inspirado em um sonho)

domingo, 14 de agosto de 2011

FELIZ DIA DOS PAIS!

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Em 1950, o publicitário Sílvio Bhering criou no Brasil
o dia de lembrar - e, claro - homenagear o pai. Porém,
a ideia de homenagear o pai tem suas origens há muito
mais tempo. Há quatro mil anos, o jovem Elmeseu
esculpiu em argila o primeiro "cartão" desejando
ao pai boa sorte, saúde e vida longa.

"Às vezes, presentes e incentivadores, por vezes,
distantes, provedores da nossa sobrevivência ou,
até, completamente ausentes. a verdade é que
pai presente é muito importante na formação
dos filhos."

MENSAGEM ENVIADA PELO ORKUT POR EUNICE LANDY

sábado, 13 de agosto de 2011

A MALDADE É HUMANA OU DIABÓLICA?



        Qual o limite da maldade humana? O mal existe por se só? Ou só existe no coração de um ser que chamamos de HOMEM? Muitos incriminam um ser espiritual chamado SATANÁS! Será que todos os erros da espécie humana são decorrentes da famosa TENTAÇÃO do "Ser das Trevas", o DIABO?...Às vezes me questiono isso.
           Tudo é esse tal de DIABO..."ELE ENTRA NO CORAÇÃO DO HOMEM E O CONTROLA COMO SUA MARIONETE"...? Muitas vezes me pergunto quem pode ser pior que o homem...BICHO RACIONAL...e ao mesmo tempo frio e horripilante em suas atitudes para com o seu semelhante...! Tudo será o Diabo por detrás de tudo ou simplesmente o homem é o próprio diabo que se deixa revelar...esquecendo que também tem uma parte divina? Trocando essa parte divina por seu lado diabólico e incompreensível ao afeto do bem. ESSA É UMA PERGUNTA QUE NÃO CONSIGO RESPONDER! ÀS VEZES PARECE MAIS SIMPLES E ÓBVIL QUE "O GRANDE AGENTE DA MALDADE" É O HOMEM E NÃO UM SER ESPIRITUAL CONHECIDO COMO SATANÁS... QUE NUNCA FOI VISTO ESTUPRANDO UMA CRIANÇA OU TIRANDO DO POBRE ATÉ O QUE ELE NÃO TEM E POR FIM MASSACRAR UM INDEFESO SEM LHE DAR DIREITO DE SEQUER PEDIR UMA SÚPLICA!


Esse vídeo mostra mais ou menos o que eu estou querendo falar !!!



Essa mensagem foi enviada por um amigo do orkut cujo perfil é: DEUS! me ajude ! sozinho...ñ consigo !!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

NÃO TE RENDAS



Não vem, que eu bato!
Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, porque eu te amo.

(Mario Benedetti)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O TEMPO E O AMOR



        Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.
(Pe. Antônio Vieira)