quinta-feira, 7 de outubro de 2010

FRASES DE CHÊ



8 de outubro é dia de se refletir sobre ser revolucionário. Nesse dia em 1969, Ernesto Guevara, o Chê, foi preso, para ser executado na manhã do dia seguinte,  a mando dos Estados Unidos da América. Abaixo algumas de seus célebres ensinamentos.

Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.

Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar.

Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética.

Derrota após derrota até a vitória final.

Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário.

O revolucionário deve sempre ser integral. Ele deverá trabalhar todas as horas, todos os minutos de sua vida, com um interesse sempre renovado e sempre crescente. Esta é uma qualidade fundamental.

As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera.

Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.

domingo, 3 de outubro de 2010

SONETO DA FÊMEA VII



(Para Clau, poetisa gaúcha)

Cuidado 
                meu amigo 
                                  muito cuidado
Não exponhas teu ser às suas flechas:
A mulher 
                fonte e abismo 
                                         barro e nuvem
É uma serva 
                       - quando desejante;
Uma tirana 
                      - quando desejada.
Ora pousa 
                      ora flana 
                                      indecidida.
Quer se doar:  
                         por tática se nega;
Quer se negar: 
                          por ímpeto se doa.
E se abandona 
                        sem nenhum recato;
E te abandona 
                        sem nenhum remorso.
Não quer ser objeto 
                                   mas mas se enfeita;
Luta por ser sujeito 
                                   mas se entrega.
Nem anjo é mais suave 
                                     quando ama;
Nem fera é mais cruel 
                                    depois de amar.
 (Pedro Lira, in Desafio: uma poética do amor)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E AGORA ZEZINHO



E AGORA, ZEZINHO
(homenagem ao músico
que enchia de ternura a solidão
dos outros)

Há um violão nun canto
esperando seu lento dedilhar
sem som, perdido no quarto escuro
as cordas mudas,
esticando-se na ânsia de um acorde

Há uma música no ar
que sonha com a tua voz
que quer ser tua alegria
que te acompanhou
por todos esses dias
Música, violão e voz
quanta falta é que nos farão
tua voz serena
teus dedos longos e aventureiros
buscando sons, melopeias
na solidão alheia.

Há mulheres, amigo,
solteiras, viúvas, órfãs
dos teus amores e de tuas risadas
Porque as deixaste
agora são indignas de compreensão
o abandono não se explica

Há amigos e até distantes
que nada entendem de vida
que nada entendem de morte
são vultos a se espelharem em ti
nesses olhos tristes, viajeiros,
caminhantes de um passado
andarilhos das noites vis.

Há dias distantes e agorais
dias plenos de tua pessoa
mas não há dias futuros
não te ouvirão
nada saberão de ti jamais
o vinho da festa já se foi

Só tua lembrança é que há
teus passos lentos
tua voz amiga
nem alegre nem triste
mas amiga de quem sequer te conheceu.

Não existes mais, Zezinho,
não entre nós
só o espírito renascente
esperando a hora de voltar
aqui só restou a solidão
a um canto triste de um violão.
(Professor alves, 01/10/2010)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

NEL MEZZO DEL CAMIN...



Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

(Mário Pederneiras, Poesias, Sarças de fogo, 1888.)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

22 DE SETEMBRO, DIA DA JUVENTUDE BRASILEIRA



Ser jovem 
Ser jovem. Quem não gosta de permanecer jovem?
Ser jovem é amar a vida, cantar a vida, abraçar a vida, perdoando até as pedradas que a vida nos joga em rosto.
Ser jovem é Ter altos e baixos, entusiasmos e desalentos. É vibrar com os momentos bons e passar por cima do que nos machuca, com um sorriso fácil apagando os percalços.
Ser jovem é apiedar-se dos mais fracos, não ter vergonha de fazer um sinal da cruz em público, cantarolar uma canção em pleno ônibus. E apreciar uma piada gostosa.
Ser jovem é escrever diário, às vezes. Copiar poesias de amor e remetê-las ao namorado, à namorada, com assinatura própria.
Ser jovem é compadecer-se de quem sofre, com aquela vontade imensa de fazer o milagre da cura, de restituir a saúde àqueles que a gente estima e ama.
Ser jovem é beber um lindo pôr-do-sol, ar livre e noites estreladas. Não se intrometer na vida alheia, fazer silêncios impossíveis, ficar ao lado das crianças, gostar de leitura, Ter ódio de guerra e de ser manipulado.
Ser jovem é Ter olhos molhados de esperança e adormecer com problemas, na certeza de que a solução madrugará no dia seguinte.
Ser jovem é amar a simplicidade, o vento, o perfume das flores, o canto dos pássaros. Ter alegria ao dramático, ao solene. E duvidar das palavras.
Ser jovem é vibrar um gol do time, jogar na loteria esportiva, emocionar-se com filmes de ternura e simpatizar secretamente com alguém que a gente viu só de passagem.
Ser jovem é planejar praias no fim do ano, sonhar com um giro pela Europa e uma esticada pela Disneilândia... algum dia.
Ser jovem é sentir-se um pouco embaraçado diante de estranhos, não perder o hábito de encabular, tremer diante de um exame e detestar gente gritona e resmunguenta.
Ser jovem é continuar gostando de deitar na grama, caminhar na chuva, iniciar cursos de inglês e violão, sem jamais terminá-los.
Ser jovem é não dar bola ao que dizem e pensam da gente. Mas irritar-se, quando distorcem nossas melhores intenções.
Ser jovem é aquele desejo de fazer parar o relógio, quando o encontro é feliz, quando a companhia é agradável e a ventura toma conta do nosso ser.
Ser jovem é caminhar firme no chão, à luz dalguma estrela distante.
Ser jovem é avançar de encontro à morte, sem medo da sepultura e do que vem depois.
Ser jovem é permanecer descobrindo, amando, servindo, sem nunca fazer distinção de pessoas.
Ser jovem é olhar a vida de frente, bem nos olhos, saudando cada novo dia, como presente de Deus. Ser jovem é realimentar o entusiasmo, o sorriso, a esperança, a alegria, a cada amanhecer..
"Ser jovem é acreditar um pouco na imortalidade, em vida. É querer a festa, o jogo, a brincadeira, a lua, o impossível.
Ser jovem é ser bêbado de infinitos que terminam logo ali. É só pensar na morte, de vez em quando. É não saber nada e poder tudo.
Ser jovem é gostar de dormir e crer na mudança. É meter o dedo no bolo e lamber o glacê. É cantar fora do tom, mastigando depressa, mas engolir devagar a fala do avô.
Ser jovem é embrulhar as fossas no celofane do não faz mal. É crer no que não vale a pena, mas ai da vida se não fosse assim.
Ser jovem é misturar tudo isso com a idade que se tenha, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, setenta ou dezenove. É sempre abrir a porta com emoção. É abraçar esquinas, mundos, luzes, flores, livros, discos, cachorros e a menininha, com um profundo, aberto e incomensurável abraço feito de festa, dentes brancos e tímidos, todos prontos para os desencontros da vida. Com uma profunda e permanente vontade de ser" (Artur da Távola).



Nossos alunos do 9° ano da EEFM Professor paulo Ayrton resolveram dar uma pequena colaboração ao nosso grande escritor, e escreveram algumas frases sobre SER JOVEM:

  • Ser jovem é rir de qualquer besteira
  • Ser jovem é gostar de msn e adorar orkut
  • Ser jovem é detestar relógios
  • Ser jovem é ter preguiça de manhã e à noite está alerta
  • Ser jovem é ter pouca idade com pensamentos e ideias maduros
  • Ser jovem é rir de quem ri, falar gírias e sonhar incondicionalmente
  • É curtir a vida, como se não houvesse amanhã 
PARABÉNS JOVENS BRASILEIROS !!!

HISTORIETA SEM GLAMOUR


Nasci em Fortaleza
Vivi sempre em Fortaleza
Morei no Jardim Iracema
Entre areias e sapo, chuvas e barro.
Para brincar havia o corrente e o cinto a vergalhar as costas.
Da vida bucólica só tinha inveja
Do retorno às aulas da casa da avó do interior dos outros.
Vida de citadino é triste, sô,
Sem pesca nem caça
Sem luar do Sertão,
Sem quermesse na praça.
Até que um dia conheci Independência
E a liberdade da caatinga.
Foi adoção à primeira vista.
Hoje da infância só trago uma saudade:
É dos colegas de colégio a quem eu deveria narrar as férias que nunca tive.
(Professor Alves)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SONETO DA FÊMEA I



Massa de carne 
                           pronta 
                                       pro banquete
Da farsa antropofágica, 
                                           da guerra
Que chamamos de amor.
                                          Solta
                                                     Passível
Ela dança na nuvem 
                                   provocando
O gesto decisivo do carrasco
Que forja e teme
                             que deseja e tolhe
Mas tem que permitir:
                                      contrita,
                                                     esponja
Em forma humana, 
                                ela ressuma
                                                    e ainda
Se perfuma
                    se adorna
                                     se camufla
(Isto é: se tempera)
                                 e preparada
Se deixa devorar 
                             feita uma fruta
Arena ensanguentada 
                                     após o jogo
Ela queda
                  - invadida  ressentida,
E ele prossegue
                           - isento e triunfante.

      (Pedro Lira, in Desafio, uma Poética do amor)

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...