sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amigo não é jogo de azar


AMIGO


“Como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.”
(Exupéry)

Amigos são assim! Não é prêmio de jogo de azar, mas também não são escolhidos. Vêm-nos como que atraídos por nós, por nossa esfera astral, ou pela química resultante do acúmulo de ansiedades, valores e realizações de cada um. Quando se vão, ou quando se-nos esquecem deixam um vazio que, para citar Djavan, nem que bebêssemos o mar encheria o temos de fundo.

E por que os amigos se vão ou nos viram as costas? Os motivos não sabemos, podem ser vários. Uma palavra mal dita, um gesto desavisado, um pedido, uma deprecação. Depois é que nos vem a lembrança de que amigos não gostam de exigências, de solicitações, apesar das palavras de Exupéry (“És eternamente responsável por aquilo que cativas.”).

Só nos resta então sofrer o abandono e buscar a razão da ausência, inimiga. E quanto mais buscamos o motivo, mais esquecemos os verdadeiros porquês. E o vazio continua aumentando a cada momento. Quem já teve um amigo para depois vê-lo apenas na distância da memória sabe do que estou falando.

Não importa quão cheia a nossa casa esteja. Ela está sempre carente da presença do amigo fujão, e quando todos se vão ou espontaneamente ou cortesmente convidados, o que nos fica rememorando não são os diálogos interessantes nem as gafes inexoráveis, são as lembranças do amigo “pródigo” que não estava presente.

Hoje senti saudades de você. Minha casa está cheia, porém falta você, falta sua palavra comum, porém imprescindível, seu sorriso meigo, seus olhos viajantes, sua voz silenciosa.
(Professor Alves, 04/07/2008)

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