sexta-feira, 8 de agosto de 2014

BOM DIA, COMO VAI... SIMPLES ASSIM





           
Todo ser humano precisa de carinho, de atenção. Se Cristo dizia para que amássemos uns aos outros, era porque sabia dessa necessidade humana. Sempre que conhecemos alguém, e se temos um pouco de sensibilidade, notamos sua fragilidade, sua ansiedade por ser amado. Esse amor a que Cristo aludia é um sentimento simples, como a atenção dispensada a alguém, uma palavra de conforto, um aperto de mão, um “tudo bem!”, um elogio, uma validação.
            Há alguns dias, enquanto acompanhava meu filho ao treino da escolinha de futebol, fiquei observando um cidadão conversando com outro, um amigo particular, a respeito de seu cãozinho, na verdade uma cadela,  que desaparecera. Ele falava da tristeza do filho e da filha, e em seu semblante eu percebi que lhe fazia bem ser ouvido, pois além de servir de lenitivo para a sua angústia de não poder resolver esse problema  familiar,  dava-lhe o amparo de que precisava para seguir sua rotina habitual e forças para continuar essa busca.
            Acompanhei sempre esses diálogos à distância. Até que um dia o amigo não veio. Percebi que o homem procurava por ele, imaginando que estava demorando, mas que logo chegaria. De súbito, percebi que o amigo daquele homem não viria e que nele ficaria o vácuo daquela ausência. Resolvi substituí-lo. Aproximei-me do homem e abordei-o sobre se havia encontrado o animal de estimação da família. Informei-lhe que havia escutado seu diálogo há alguns dias a respeito do sumiço do animal. Perguntei-lhe sobre os filhos... O semblante do homem desconhecido se iluminou, seus olhos brilhavam de tal forma que me senti feliz. Ele estava enormemente agradecido pelo fato de eu me importar com seu sofrimento. Em poucas palavras, me pôs a par do que estava acontecendo, e no final, antes de ir embora, me agradeceu com um efusivo aperto de mão.
            Assim todos os dias que nos encontrávamos, ele me chamavas para perto de si e do amigo, que voltou aos encontros rotineiros, e  nos punha a par de como estavam as buscas. Até que um dia a angústia acabou. Ele chegou, cumprimentou o amigo, chamou-me para perto de si, abraçou primeiro o amigo, depois a mim e, enxugando uma lágrima teimosa, contou que havia encontrado a cadelinha e que a família estava novamente completa.
            Depois desse dia, o homem sempre me tratou como amigo, me cumprimenta, pergunta como está minha família, conta sobre suas coisas. Se me encontra no supermercado, vai até mim, mantém um rápido diálogo e me convida para ir a sua casa para um churrasco. Infelizmente adio esse momento por motivos vários, mas um dia o farei, pois creio em que ele faz esse convite, não apenas por cortesia, mas porque me considera de fato seu amigo.   
(Professor Alves, há alguns anos.)

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