sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

DOM QUIXOTE: UMA REFLEXÃO



E assim se deu lá na Mancha
Alejandro e seu amigo
Que chamava Sancho Pança
Sem temer mesmo o perigo
Saíram sem rumo certo
É, pois, isso que aqui digo.

De tanto  ele ler história
De tanto ver moça donzela
Dom Alejandro Quijano
Defensor de muita querela
Entrou, logo, em parafuso,
Foi, pois, numa tarde bela.

Imaginava- se ele
Destemido cavaleiro
O qual enfrentasse os monstro,
Que salvasse o mundo inteiro,
Era assim que tinha que ser
Decidiu-se o mancheiro.

Vestiu-se então a caráter
Pra com o mundo duelar
Arranjou pobre cavalo
Mas gostoso de montar
E sorrindo ele saiu
Foi o mundo desbravar.

Mas antes foi lá na vila
E lá buscou um escudeiro
Disse: vamos meu amigo
Correr os campos, ligeiro
Proteger moça donzela,
E salvar o mundo inteiro.

E Sancho deixou família
Duas vezes não pensou
Seguiu então o companheiro
Tudo para trás deixou
Com esperança nos olhos
Com o companheiro assim rumou.

Dom Quijano era fidalgo
Por isso o nome mudou
Pensou num belo pseudônimo
Não foi difícil e ele achou
Um singelo nome falso
Dom Quixote se chamou .

Precisava nosso amigo
De uma musa inspiradora,
Assim como os poetas,
De uma mola propulsora
Para os versos encantar
Encontrou em Dulcinéia
Uma dama sonhadora.

E logo ele encontrou
Pra dos seus olhos o gozo
Uma bela senhorita
Pro esp'rito belicoso
Pra sua musa escolheu
Dulcinéia del Toboso.

Perdoe-me caro leitor
Não é pensamento meu
Lhe contar essa história
Que há tempos Miguel contou
Noutra coisa meu amigo
Pensando aqui estou.

O que eu quero é refletir
Nesse mundo em que vivemos
Nos conflitos que enfrentamos
Nos problemas que aqui temos
Enfrentamos todo dia
São muitos, não são amenos.


Por nós é também sabido
Que Dom Quixote passou
Por muita humilhação
Muita gente o humilhou
Mesmo assim o cavaleiro
Sua cabeça não baixou.

E nós vivemos também
Tal qual esse cavaleiro
Passando por privações
Driblando o mundo inteiro
E em casa é que estamos
Duelando por primeiro.

Somos Quixote e Sancho
Sempre incompreendidos
Vítimas do preconceito
A que Miguel tem aludido
Defendendo a minoria
Na sua história defendida.

Somos também como ele
Andantes e cavaleiros
Em busca de um sonho
Somos todos brasileiros,
Criando casca dia-a-dia,
Valentes, fortes, inteiros.

Não importa que lhe digam
Palavras bem insinceras
Erga a lança de Quixote,
Construa suas quimeras
À revelia dos outros
Seja mui feliz deveras.

 (Professor Alves Andrade)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

HOMEM É COLHIDO POR ÔNIBUS E DEIXA OITO CRIANÇAS ÓRFÃS



AGUANAMBI

            O corpo franzino estirado no asfalto, no início da noite de ontem, em pleno horário de “rush”, em uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza, contrastava o homem que em vida buscou a discrição, principalmente nos últimos cinco meses, desde que perdeu a esposa por câncer, segundo colegas de trabalho.
            Carros luxuosos trafegavam em marcha lenta e até ousavam revelar os rostos de seus condutores, quando vidros escuros abaixavam para uma melhor visão do ser inanimado.
             Pessoas se arriscavam entre veículos de buzinas estridentes, para descobrir a identidade do homem que praticamente parou um dos sentidos da avenida Aguanambi e retardou o trânsito do outro trajeto.
            Era João Valdeci de Oliveira Matos, 46, que há 10 trabalhava como soldador de uma oficina de lanternagem nas proximidades. Ele foi arremessado alguns metros por um ônibus da linha Expresso BR-Nova, quando tentava atravessar a pista.
            No asfalto, mais do que o filete vermelho: o futuro incerto de oito crianças e adolescentes (a primogênita com 16 anos), agora completamente órfãos, em um intervalo de cinco meses.
            Foi o que lamentou o patrão do soldador, após cobrar de policiais militares o que lhe parecia devido. “O ‘passcard’ na carteira dele é meu”, reclamou, sem interesse pela velha identidade, a única outra coisa na carteira.
                    (Jornal O Povo, 01/08/2009)

         Li essa notícia casualmente, agora em 2012. Mas fui arremessado ao dia em que ocorreu o acidente, a fatalidade. E refleti como a sociedade é interesseira, curiosa, sem pudor diante da desgraça alheia. Mas o que me chamou a atenção foi a sensibilidade do repórter ao captar todos esses sentimentos, numa áurea de confusão em que se encontrava, no registro da ocorrência. Infelizmente o pedaço de jornal em que vi a notícia era apenas um pedaço de jornal e não havia o nome do jornalista responsável pelo texto. Mas gostaria parabenizá-lo pela eficiência na leitura que ele fizera da situação.
(Professor Alves, janeiro de 2012)

A FALTA INEXPLICÁVEL

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Como a falta do que nunca tivemos?
É realmente singular! Às vezes
Me pego tonto nestes devaneios:
Onde está o maremoto jamais visto,
As folhas na noite, verdes e escuras,
O frio primitivo Neandertal?
E choro por urbes que não habitei,
Ou pelas varas no lombo do burro
Enxotado pelo velho Quasímodo,
Retrato na estranha  parede da memória!

Antes o que me falta é a tua presença,
Lembra-me o teu cheiro, madrugadinha,
As discussões por dá-cá-aquela-palha,
Os teus mornos beijos de boa-noite,                                                       
                                                                                     
E esta saudade inexplicável!
Me leva adiante, a teu passo lento,
Partes, paciente, o teu braço no meu.
Como! não tenho, nem tive! terei?

Sinto-me assim como um peixe de aquário,
Coitado, sem ter visto rio ou mar,
Carece das profundezas abissais!
                       (Professor Alves, 16/08/2005) 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LIBERDADE PRA QUE TE QUERO


Liberdade pra que te quero!

Pra correr nas veredas da infância
em busca do destino incerto

Pra sentir no peso da puberdade
o cálido hálito do primeiro beijo

Pra sofrer nas incertezas adolescentes
a busca de uma identidade

Pra sonhar o futuro
que me abre os braços da juventude

Pra regar com o suor dos dias
a vinha que  garante o sustento adulto

Pra esperar paciente o fim dos dias
pra voltar em um novo sonho de Liberdade!
  (Professor Alves)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO



Cortar o tempo

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente


            Essa extraordinária reflexão do poeta mineiro me levou a uma reflexão nem tão extraordinária, talvez nem chegue à medíocridade.  Mas fico imaginando como é interessante chegarmos ao fim de um ciclo e termos a oportunidade de reiniciá-lo, tentarmos de novo, procurar reinventar o nosso ser e nossas atitudes; chegarmos ao fim de um dígito (2011) e começarmos um novo (2012). Há quem se iluda, achando que algo de excepcional vai acontecer, que sua vida terá um novo impulso, uma nova dinâmica. Entretanto, salvo os revezes ou as fortunas que não ocorrem amiúde porque são revezes e fortunas, nada mudará o curso de nossas vidas. A não ser que queiramos e que façamos algo para que de fato isso ocorra.

            Fico pensando no grande número de pessoas que estão nesse momento fazendo matrícula em academias porque decidiram perder peso, e muito peso; nas pessoas que estão se matriculando em escolas de supletivo porque querem voltar a estudar; nas pessoas que estão fazendo as contas para ver se dá para concluir à faculdade; e até mesmo naquelas que estão vendo o preço do aluguel do “kit net” porque agora vão-se livrar do estorvo, que lhe obstrui a felicidade. Não obstante, logo que se iniciam os dias seguintes e a rotina se torna rotina, todo planejamento vai por água abaixo. E mais uma vez esperamos pela troca dos números para auspiciarmos novas oportunidades.
            Mas, o que me incomoda nesse contexto são os jovens, a final sou educador e eles e elas são o meu alvo de ação e reflexão. Porque eles, mais do que nós, estão iludidos pela mudança dos dígitos. É com eles e elas que os dígitos são mais furiosos e opressores, pois se conosco eles apenas nos frustram, neles deixam marcas. Uma vez que, como bem afirma Drumond, se a idéia de fatiar o tempo foi humana, a idéia de cobrar do tempo  é inumana. E a cada dígito que muda na eternidade, muda outro, na nossa insignificante existência, e na efêmera juventude, assim quem é jovem hoje, com quinze aninhos, logo será adulto com pelo menos vinte. E se o jovem de hoje não fizer algo pela sua idade adulta, preconizada pela eterna dança dos números, chegará lá com imenso débito intelectual e de vida. Não estudou, não namorou, não se divertiu, não se preparou. Será portanto um trabalhador com baixos salários, será um adulto adúltero, será um pândego fora de hora.   

Por isso é tão importante a reflexão a respeito do tempo e suas efemérides, suas mudanças. Em breve seremos libertos desses insensatos pensamentos, assim como Drumond o foi. E ficarão para as gerações futuras as palavras divinas do mineiro, que nos encantou com sua poesia simples. E para todos um FELIZ ANO NOVO, de verdade.
(Professor Alves)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

UM PRESENTE DO TAMANHO DE UMA VIDA


         Era dezembro, véspera de natal,  de cujo ano não me lembro. Devia ser por volta de 1970, 1972, não sei mais. Há época, o tempo não corria, apenas andava e a passos lentos. Tão lentos que achávamos os anos eternos, ou porque não tínhamos o que fazer ou porque os dias tinham realmente 24 horas e não apenas 16 como aparentam ter hoje. Eu e meu irmão, um pouco mais velho que eu, íamos sempre à tarde para a esquina do quarteirão da rua onde morávamos e ficávamos até perto do anoitecer, quando voltávamos  a casa para esperar papai chegar.
            Havia um rapazinho, 12 ou 14 anos, que passeava de bicicleta rua acima rua abaixo. Era um dos pontos para os quais nossos olhos sonhadores se voltavam. Era bela a bicicleta vermelha, com o moço a conduzi-la, pra lá e para cá. Era possivelmente presente de natal antecipado, e nós nos contentávamos em sonhar com um presente daqueles, digo sonhar porque estava acima das posses de nossos pais. O moço era simpático e sempre sorria em nossa direção.
            Um dia daqueles, quando o sol já abaixava a guarda, ele sorriu e nos disse que no dia seguinte nós iríamos fazer um passeio com ele. Foram mágicas as suas palavras. Naquele dia não dormi, ansiava pelo passeio tão bem anunciado. No dia seguinte a ansiedade aumentava desproporcional à lentidão das horas. À tarde, mais cedo que antes, lá estávamos nós com o coração palpitando. A aceleração dos batimentos cardíacos era grande, tão grande quanto a nossa alegria ao vê-lo se aproximar, colocar-me na garupa e seguir. Não me importava o tamanho da viagem, tampouco o destino. Era grande a alegria que invadia meu ser. Depois foi a vez do meu irmão, em  seguida a minha de novo. E assim se seguiu aquele restante de tarde.

            Não me lembro se esses passeios se repetiram em outras tardes, mas para mim se repetem até hoje. Talvez tenham se repetido de fato, ou não. Não importa, o que importa é o tamanho da alma daquele garoto ao proporcionar tamanha alegria a crianças estranhas. Era natal, e não me lembra ter recebido um presente tão grande e significativo para minha existência.
            Um dia desses me encontrei casualmente com o homem em que se transformou aquele jovem. Estava sentado sozinho em um café. Por alguns instantes hesitei se devia cumprimentá-lo. Fi-lo e recebi um largo sorriso de agradecimento, como se estivesse devolvendo a ele o mesmo presente que me deu há tanto tempo.
    (Professor Alves)

           

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A NACIONALIDADE DE JESUS



Chefes de vários países se encontraram. Todos defendiam que Jesus tinha nascido em seus respectivos países e indicavam as seguintes provas:


a) 3 provas de que Jesus era judeu:
- Assumiu os negócios do pai;
- Viveu em casa ate os 33 anos;
- Tinha certeza de que a mãe era virgem e a mãe tinha certeza de que ele era Deus.

b) 3 provas de que Jesus era irlandês:
- Nunca foi casado;
- Nunca teve emprego fixo;
- O último pedido dele foi uma bebida.

c) 3 provas de que Jesus era porto-riquenho:- Primeiro, o nome dele era Jesus;
- Sempre teve problemas com a lei;
- A mãe dele não sabia quem era o seu pai.

d) 3 provas de que Jesus era italiano: - Falava com as mãos;
- Tomava vinho em todas as refeições;
- Trabalhou no comércio.

e)  3 provas de que Jesus era californiano:
- Nunca cortou o cabelo;
- Andava descalço;
- Inventou uma nova religião.
 
f) 3 provas de que Jesus era francês:
- Nunca trocava de roupa;
- Não lavava os pés;
- Não falava inglês.

g) 3 provas de que Jesus era brasileiro:
- Nunca tinha dinheiro;
- Vivia fazendo milagres;
- Se ferrou na mão do governo.

Não foi possível chegar a um consenso sobre a nacionalidade de Jesus, mas todos concordaram com uma coisa:

- Judas, com certeza, era Argentino...