E assim se deu lá na Mancha
Alejandro e seu amigo
Que chamava Sancho Pança
Sem temer mesmo o perigo
Saíram sem rumo certo
É, pois, isso que aqui digo.
De tanto ele ler história
De tanto ver moça donzela
Dom Alejandro Quijano
Defensor de muita querela
Entrou, logo, em parafuso,
Foi, pois, numa tarde bela.
Imaginava- se ele
Destemido cavaleiro
O qual enfrentasse os monstro,
Que salvasse o mundo inteiro,
Era assim que tinha que ser
Decidiu-se o mancheiro.
Vestiu-se então a caráter
Pra com o mundo duelar
Arranjou pobre cavalo
Mas gostoso de montar
E sorrindo ele saiu
Foi o mundo desbravar.
Mas antes foi lá na vila
E lá buscou um escudeiro
Disse: vamos meu amigo
Correr os campos, ligeiro
Proteger moça donzela,
E salvar o mundo inteiro.
E Sancho deixou família
Duas vezes não pensou
Seguiu então o companheiro
Tudo para trás deixou
Com esperança nos olhos
Com o companheiro assim rumou.
Dom Quijano era fidalgo
Por isso o nome mudou
Pensou num belo pseudônimo
Não foi difícil e ele achou
Um singelo nome falso
Dom Quixote se chamou .
Precisava nosso amigo
De uma musa inspiradora,
Assim como os poetas,
De uma mola propulsora
Para os versos encantar
Encontrou em Dulcinéia
Uma dama sonhadora.
E logo ele encontrou
Pra dos seus olhos o gozo
Uma bela senhorita
Pro esp'rito belicoso
Pra sua musa escolheu
Dulcinéia del Toboso.
Perdoe-me caro leitor
Não é pensamento meu
Lhe contar essa história
Que há tempos Miguel contou
Noutra coisa meu amigo
Pensando aqui estou.
O que eu quero é refletir
Nesse mundo em que vivemos
Nos conflitos que enfrentamos
Nos problemas que aqui temos
Enfrentamos todo dia
São muitos, não são amenos.
Por nós é também sabido
Que Dom Quixote passou
Por muita humilhação
Muita gente o humilhou
Mesmo assim o cavaleiro
Sua cabeça não baixou.
E nós vivemos também
Tal qual esse cavaleiro
Passando por privações
Driblando o mundo inteiro
E em casa é que estamos
Duelando por primeiro.
Somos Quixote e Sancho
Sempre incompreendidos
Vítimas do preconceito
A que Miguel tem aludido
Defendendo a minoria
Na sua história defendida.
Somos também como ele
Andantes e cavaleiros
Em busca de um sonho
Somos todos brasileiros,
Criando casca dia-a-dia,
Valentes, fortes, inteiros.
Não importa que lhe digam
Palavras bem insinceras
Erga a lança de Quixote,
Construa suas quimeras
À revelia dos outros
Seja mui feliz deveras.
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