sexta-feira, 13 de junho de 2014

BRASIL 3 X 0 CROÁCIA (QUE ME PERDOEM O MAU TOM)


O Brasil é um país moldado, preparado, destinado à corrupção. Infelizmente esse é o  diagnóstico a que chego depois de ter assistido à vitória do Brasil sobre a Croácia, neste 12 de junho de 2014. Estou deveras desapontado, e peço desculpa a qualquer um que venha ler essa crônica, ou que  pergunte minha opinião a respeito da estreia do Brasil.
Digo isso porque, logo após a partida, me dirigi à casa de  amigos e lá encontrei todos felizes soprando apitos,  balançando bandeiras, numa alegria que contrastava em muito com a minha frustração, meu humílimo desolamento , minha insaciável  necessidade de cidadania. É, eu sofro deste mal!  Pois bem. Lá chegando fui abordado por um amigo dos meus ex-amigos que, me abraçando, ao me ver com minha surrada camisa da seleção, herança ainda de 82, quando a única seleção que deveria ter ganho o mundial não o fez, me perguntou sobre a minha felicidade quanto à maiúscula vitória do Brasil sobre a Croácia. Eu então pedi desculpas e mostrei meu descontentamento sobre o resultado. Disse-lhes que entendia que esse era o grande momento da redenção nacional. Esse seria o verdadeiro grito do Ipiranga, digo, do Itaquerão, a verdadeira independência. Seria esse o  momento em que Fred diria ao juiz “Professor”, sim porque aqui só quem não é tratado por professor é quem realmente merece, “não foi pênalti, eu, sem querer, me joguei...”. Tudo bem que o jogador seja analfabeto e nunca tenha estudado nada sobre ética! Mas, e a torcida? Esta poderia ter entoado o brado retumbante de que não havia sido Pênalti. Mas como o juiz já estava com o pagamento na sua conta bancária – só agora entendo a afirmação do Sr. José Maria Marin, presidente da CBF, de que ‘só um milagre tiraria essa copa do Brasil’ –  essa torcida poderia ter pedido ao Neymar para que esse mandasse a bola na arquibancada, imaginem quanto seria maravilhoso, jogadores de seleção, exemplo de consumo neste país, sendo exemplo de comportamento e ética!!
Imaginem o Brasil ser redimido e só assim ficar independente! Duvido que houvesse protestos nos jogos seguintes, duvido que black-blocs tivessem a quem cooptar, duvido que não houvesse um brasileiro que não torcesse pela seleção. Mas não! Continuamos com nossa vocação para a corrupção. Vamos sorrir, gritar, comemorar nossa seleção que, para ganhar da incipiente Croácia, teve que contar com a luxuosa colaboração do árbitro, que há quatro anos deixou de marcar um pênalti a nosso favor e contra a Holanda (dívida?).
Fico às  vezes pensando, e aqui queria pedir desculpas profundas a todos que agem com retidão, que eu é que sou o corrupto por querer que o Brasil vença a copa em seu território de forma honesta, por querer corromper as pessoas para que deixem de ser espertas e tomem fila ao invés de espertamente furá-la, por querer que a honestidade se superponha ao jeitinho brasileiro e que o caráter seja mais valioso que o cretinismo. Queria honestamente sorrir com a desonestidade dos nossos comentaristas, que tentam justificar os erros de arbitragem, mesmo quando fica claro que não houve erro, mas mal intenção.
Mas quero me solidarizar com Valter Casa Grande Jr., quando este indagado pelo corrupto maior do esporte brasileiro, Galvão Bueno, se nunca havia simulado um pênalti daquela maneira, ele disse firmemente que não. O locutor mor da Globo, fez uma cara de desdém, como a dizer “otário”!

(Francisco Alves, junho de 2014)

domingo, 25 de maio de 2014

Fagner - Beleza (Album 1979)

Milton Nascimento - "Canção da América" (1980)

TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA


http://imguol.com/c/noticias/2014/05/15/15mai2014---professores-da-rede-municipal-de-sao-paulo

Quem são esses senhores e essas senhoras que se arregimentam em verdadeiras legiões pelas ruas, descendo de ônibus lotados, ou guiando seus automóveis, invadindo espaços diversos, seja segunda ou seja domingo? São professores e professoras, dedicados cidadãos e cidadãs, que abandonam suas famílias para a construção daquilo que chamamos vulgarmente de saber.
Ó, como é lindo vê-los entrando em salas de aula, riscando no quadro branco, outrora negro, palavras de sabedoria, de conhecimento ou simplesmente aquilo que se encontra nos currículos. Belos são seus lábios pronunciando verdadeiras filosofias de vida, entre uma reprimenda ou apenas numa acolhida individual. São pais e são mães que, colocando-se no lugar do outro, sabem, com doçura na voz, conduzir destinos, sem muitas vezes conhecer a própria sina.
Ó, como é maravilhosos ver esses senhores e essas senhoras felizes quando encontram “seus filhos” encaminhados. Olham para os seus próprios rebentos e se sentem radiantes quando veem que valeu a pena tê-los abandonado momentaneamente para a construção do caminho daqueles que lhe foram confiados.
Mas não se iludam, senhores e senhoras! Esses cidadãos e essas cidadãs, corajosos e destemidos, não ficam tristes, infelizes, quando no final do mês veem seus minguados salários. Eles e elas sabem que terão que apertar sempre mais e mais o orçamento para poderem sorrir para seus alunos, para seus colegas e para si mesmos. Longe de serem infelizes, esses Senhores e essas senhoras destemidos são conscientes de sua missão, e é por isso que invadem também as ruas, as praças nos fins de semanas sem descansarem. Estão sempre em busca de algo mais que possa melhorar-lhe o ganho mensal, pois também precisam de ter motivos outros para sorrir, porque sabem que “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.

(Professor Alves, maio de 2014)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

TEXTOS E CONTEXTOS (Blog do Professor Alves): DE SONHOS E DE CAIXAS

TEXTOS E CONTEXTOS (Blog do Professor Alves): DE SONHOS E DE CAIXAS: http://1.bp.blogspot.com/-4qr248_rzCg/Tl2o3qpdkDI/AAAAAAAABJY/YKMnfSDjieA/s1600/Fatos+surpreendentes+sobre+snhos.jpg Em cima do gua...

DE SONHOS E DE CAIXAS


http://1.bp.blogspot.com/-4qr248_rzCg/Tl2o3qpdkDI/AAAAAAAABJY/YKMnfSDjieA/s1600/Fatos+surpreendentes+sobre+snhos.jpg


Em cima do guarda-roupa há uma caixa
Nessa caixa um monte de cadernos
Nesses cadernos estão meus sonhos
Nesses sonhos meus desejos
Nesses desejos, a vida
Nessa vida meus desejos
Desejos que refletem meus sonhos
Sonhos que os pus em cadernos
Esses cadernos, pu-los dentro de uma caixa
Que  pus em cima do guarda-roupa

E hoje miro, os meus sonhos que não voaram
Que permanecem comigo,
Juntinhos de mim, num trânsito infinito
Entre a caixa em cima do guarda-roupa
E mim, e minha mente, e minhas ações

Alguns já envelheceram, se aposentaram
Outros nascem todos os dias
Brincam com os avós,
Os avós lhes dão conselhos:
“Não envelheçam, busquem voar,
Ir para longe, se realizar,
Pois só os sonhos que não correm
Que não voam, envelhecem, se aposentam...”
Mas os sonhos netos,
São crianças, são teimosos
Amam os sonhos avós
Não os querem abandonar

Assim a família cresce
Família de sonhos
Gerações que se sucedem
Que são felizes, por não fugirem
Ficam perto de mim,
Juntos de mim
Vou então transportando-os para cadernos
Para livros que escrevo
Que não publico
E assim vão para a caixa
A caixa em cima do guarda-roupa!
(Francisco Alves, maio de 2014)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

DAS COISAS E DAS MUDANÇAS


Libetas quae sera tamem!
Das coisas e das mudanças, há três tipos. Aquelas que não podem mudar; as que podem, mas não devem mudar; as que devem mudar e não mudam.
No primeiro caso, está o guarda-chuva. Imaginem um guarda-chuva com a concavidade para cima! Ia ser um destroço total. A água se acumularia, o peso aumentaria a tal ponto que o indivíduo não iria suportar. E se suportasse a água iria transbordar. Desastre total. Definitivamente o guarda-chuva não pode mudar.
No segundo caso temos os nomes de ruas, de cidades, de países. Não devem mudar porque se fixam na cultura e na memória das pessoas. Quando mudam causam transtorno. Um exemplo mais significativo aqui em Fortaleza foi a mudança do nome da Avenida Estados Unidos para Senador Virgílio Távora. Imagine o transtorno que foi para a população que conhecia a avenida com o primeiro nome! Com o tempo se acostuma. Mas não deveria ter mudado. Nome de países, então! Confundem a cabeça dos estudantes, pois dá a impressão de que há mais Estados do que existe na realidade. Lembremos a cidade de São Petersburgo, na Rússia, que passou para  Petrogrado, depois mudou para Leningrado e voltou a ser São Petersburgo. Que confusão. E quando as ruas homenageiam personalidades e depois mudam para homenagear outra. Aí a confusão é maior, pois dá a ideia de que o homenageado perdeu a personalidade.
Por último temos as que devem mudar e não mudam. A embalagem do Redoxon, aquele efervescente da Bayer recomendado para gripe ou para seu combate. Aquela embalagenzinha cilíndrica, com a mesma espessura do comprimido, que fica, coitado, comprimido, rezando para ser liberto. Coitado também do usuário, que precisamos ficar batendo o cilindro na mão até aparecer o papel prateado, onde está escondido o remédio, e o pior é que às vezes caem todos no chão. Isso deve mudar, mas não muda.
Outra coisa que deveria mudar, mas não muda é a sala de aula, a aula e a própria educação. Ninguém aguenta tanto tempo essa mesmice. Professor, alunos enfileirados, quadro, cuspe e pincel. Alguém pode dizer: “ah, mas antes era giz!”. Sim mais o cuspe é o mesmo, e o pincel faz o mesmo papel do giz, com exceção do pó. É preciso, urge que a Educação se modifique. Não apenas com parelhos eletrônicos ou informáticos, mas em toda sua essência. Professores devem se transformar realmente em orientadores, mas profundos conhecedores daquilo que orientam; estudantes, em pesquisadores, ouvintes de palestras, buscadores de conhecimentos. Os conhecimentos por sua vez devem mudar e serem utilidades em vez de meros enxertos de livro e cadernos. Estes últimos precisam se transformar em chips, pois não é mais admissível em pleno século XXI, perdão 21, cortarem-se árvores, florestas inteiras para transformá-las em material didático. Por fim as salas de aula também precisam mudar e serem transformadas em verdadeiras salas de estudo.
Infelizmente essas mudanças que devem ocorrer não serão feitas enquanto o homem, principal agente da mudança, não se transformar. Enquanto continuarem visando ao lucro, a interesses particulares e políticos, não haverá coragem para se dizer “basta de enganação, a quem estamos ensinando e o que estamos fingindo que ensinamos, sabemos por acaso que isso não funciona, vamos parar com essa farsa chamada Escola!”. É preciso essa coragem para que realmente haja transformação social, desalienação, libertação. É preciso coragem para se fazer do ato de aprender aquilo que Paulo Freire veio nos ensinar: AUTONOMIA!
(Francisco Alves, maio de 2014)

NA ESCURIDÃO MISERÁVEL

FERNANDO SABINO  “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o m...