quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O PEQUENO PRÍNCIPE: A ROSA

Mas aconteceu que o Pequeno príncipe , tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.
- Bom dia! - disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Bom dia! - disseram as rosas.
Ele as contemplou. Eram todas iguais a sua flor.
- Quem sois? - perguntou ele espantado.
- Somos as rosas - responderam elas.
- Ah! exclamou o principezinho...
E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o universo. E eis que havia ali cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
"Ela teria se envergonhado", pensou ele, "se visse isto... começaria a tossir, simularia morrer, só para mehumilhar, ela seria capaz de morrer de verdade..."




Depois refletiu: "Eu me julgava rico por ter uma uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe poderoso..."
E, deitado na relva, chorou.
(Saint Exupery, O Pequeno príncipe, Agir, 48a ediçã)
O Principezinho possui em seu minúsculo planeta uma rosa de quem cuida com muita dedicação e a quem a ama por ser única. Ao descobrir que no universo ela não passa de apenas mais uma, ele se entristece. E assim acontece conosco. Muitas vezes nos decepcionamos com nós próprios por não admitirmos que existam mais exemplares daquilo que temos e do ser que amamos. Mas precisamos compreender que daquilo que temos, das pessoas que amamos não há outros exemplares. Quem amamos é singular em suas particularidades, quem amamos não se repete. É por isso que amamos, é o nosso desejo de sermos únicos e encontrarmos o nosso outro eu, a nossa singularidade. O principezinho se esquece de lembrar os diálogos que manteve com sua rosa, se esquece de lembrar o perfume único de sua flor, se esquece de que só ele conhece as rugas que se formam nas faces de sua amada, e que só ela conhece de fato a ele. Sua flor é única em sua própria essência.

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