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Devemos andar sempre bêbados.
Tudo se resume nisso.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao [encontro da terra,
Embriagar-te sem cessar.
Mas com quê!
Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
A teu gosto.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na [solidão morna do teu quarto, no adro de uma catedral ou sob o sol causticante da [caatinga tu acordares com a embriaguez atenuada ou desaparecida,
Pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se cala, a tudo o [que grita, a tudo o que canta, a tudo o [que fala;
Pergunta-lhes que horas são:
"São horas de te embriagares.
Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, injustiçado dos homens,
embriaga-te, embriaga-te sem cessar.
Ma como quê!
Com vinho, com Poesia. com a virtude".
A teu gosto!
(Baudelaire, adaptado)
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