“Eu te amo.” É a frase mais dita e
ouvida no mundo inteiro. Mas o interessante é como se diz: “Eu te amo...”
baixinho, quase sussurrando, deprecando, quase implorando ao ser amado que
devolva esse amor. Ou então “EU TEAMO!” arrogante, mandando, exigindo que a
pessoa amada também o ame e propague ao mundo esse amor. Já ouvi, acho que numa
música, um “Eu te amo, porra.” Esse não é arrogante, é intimidador, ameaçador. “Não
vai me amar...? tente pra ver o que lhe acontece...” Coitado do ente ‘amado’. Já ouvi num desses cartõezinhos que são veiculados na rede um "Sorria, eu te amo". Dá pra perceber a importância do ser amado! Nenhuma. Importante aí é quem ama, pois é o motivo da alegria de quem é amado, quando deveria ser exatamente o contrário. E
assim vai.
Durante o Romantismo, refiro-me ao
período do século XIX em que predominou esse estilo de época, dizer “Eu te amo”,
era um bom negócio. A sociedade estava precisando de ‘bons casamentos’ para
produzir ‘boas famílias’. Mas “eu te amo” também era dito a beira de penhascos,
em bosques ermos. E nos dois casos se a resposta fosse “mas eu não te amo”, o
precipício seria a morada derradeira do amante não correspondido. Ou se dizia “eu
te amo” entre quatro paredes, a sós, sem ninguém para ouvir. Só o amante e sua
solidão. E assim já sabemos como fica o verbo amar.
Já no período em que a máscara dos
amantes caíra, refiro ao período do Realismo, dizer “eu te amo” era um caso de
adultério, pois só as amantes casadas ouviam de seus amantes e não dos maridos “eu
te amo”, flácido, apenas com interesses que não eram financeiros.
Mas foi talvez no período das
novelas televisivas iniciadas já na década de sessenta que dizer “eu te amo”
tornou-se moda. E todos repetem inspirados nas novelas das seis, sete... “eu te
amo”, mas sempre com tons suplicantes, arrogantes, ameaçadores. E o amor assim
se torna moeda de troca ou de compra ou de mando. Não vamos mexer em jornalismo,
mas quantas pessoas morreram só nos últimos anos ou mataram porque quem era
amado não correspondia a esse estranho amor!
O certo é que ninguém doa amor,
ninguém ama para amar e ser feliz. Ninguém diz “eu te amo, obrigado”. Obrigado
pelo quê!? Pela pessoa amada existir. Ninguém fala: “Eu te amo, obrigado por
você existir, por eu ter a quem amar. Minha vida era tão sensabor, inodora,
incolor até que você apareceu e eu encontrei um motivo para viver, um motivo
para respirar. Minha vida hoje é um arco íris cujas cores alegram e enfeitam o que antes não tinha sentido. Que alegria ter você no
mundo. Não, não precisa me amar, viu. Seria ótimo se você me amasse, mas não dá,
eu sei. Valeu mesmo, muito obrigado.”
(Professor Alves,
04/12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário