terça-feira, 9 de outubro de 2012

A LIBERTAÇÃO DE SI MESMO E A LIBERTAÇÃO DE OUTREM



(Para mim, no dia do meu aniversário)


          
         Hoje, 09 de outubro. Enquanto o café esfria, burilo no teclado para ver se saem uns versos, um parágrafo, quem dera apenas uma frase, uma frase de efeito que ficasse guardada nem que fosse somente na minha memória. É que hoje faço 47 anos. Já passei e muito da curva de Dante. Para minha sorte não acordei no inferno, mas estou deveras longe do purgatório e a possibilidade do paraíso me é impossível ver com os óculos, quem dirá a olhos nus.  
         Quando se é criança, nutem-se ilusões que se mantêm acesas na adolescência e que aos poucos se vão apagando até que não passam de uma luz tênue no final de um caminho o qual não sabemos definir. É mais ou menos nesse meio do túnel que me encontro. A luz me é tão parca que miro, retiro e torno a colocar os óculos do pensamento para ver seu vulto. É quando sabemos, percebemos que tudo é passageiro, efêmero. Até o trocador e o motorista do trocadilho. Pelo menos as carnes, as matérias, matérias brutas. É quando começamos a ver nos cabelos brancos, na protuberância abdominal, no cansaço involuntário dos pulmões e das batidas cardíacas que a partir desse ponto não  nos resta muito fôlego, como diria Rachel de Queiroz, estamos no meio do oceano e só o que resta é água funda comedeira, água amarga ao qual dia menos dia teremos que sucumbir...
         Lembrei-me agora de uma frase de Gandhi, quando indagado pela esposa a respeito dos resultados da campanha de libertação indiana do julgo inglês, que estava a todo vapor, ele apenas se limitou a dizer: “que libertação, se eu não consegui nem me libertar, como vou libertar milhões." Ela surpresa, exclamou: Mas como! "ainda não me libertei da escravidão de mim mesmo!” Fica então essa frase, já que não consegui produzir nada de mim, fica essa frase para reflexão. É preciso, antes de pensar em libertar o mundo, os semelhantes, libertarmos a nós mesmos para que tenhamos então força e sabedoria para lançarmos a voz ao espaço, aos mil alto-falantes palavras que realmente tenham sentido.
P.S. Só para lembrar, Gandhi se libertou de sua escravidão e só depois pôde libertar a Índia do julgo britânico.
(Professor Alves)

sábado, 29 de setembro de 2012

MORTE DE SEU MÁRIO A MORTE DE HEBE


       
    Ontem morreu seu Mário. Um dos grandes amigos de meu pai. Foi pedreiro, assim como meu velho. Depois de mais de um mil prédios construídos, depois de mais de uma tonelada de feijão comido ao ar livre, depois de mais de mil calos  entre os dedos.
       Tudo isso sem contar com as inúmeras humilhações sofridas, sapos engolidos a duras penas. Depois de criar, literalmente, nove filhos e não ver um sequer na universidade. Depois de ter votado num monte de salafrários e sentir o gosto amargo da traição. Isso sem contar os inúmeros livros que não leu, por ser analfabeto, dos inúmeros poemas que estiveram em seus lábios e não jorraram para o papel, pelos discursos que não saíram lábios a fora  por falta de oportunidades. 
      Ontem morreu seu Mário, mas isso não vai sair na televisão, a internet não vai se ocupar disso, porque seu Mário era um simples pedreiro. 
      Mas da morte de Hebe Camargo  todos querem saber, porque ela não construiu casa, ela não criou filhos ela não...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

À MEIA-NOITE E O CÁLICE



À MEIA NOITE
Cheguei à meia-noite em ponto.
O caso deu-se como eu conto.
Cheio de lúgubre mistério…
Pois ela disse: “Ao cemitério
Vamos à meia-noite em ponto.”
E eu respondi-lhe: “Conto, conto
Contigo à meia-noite em ponto.”
Como eu sabia, ela outro amante
Tivera em tempo não distante.
Era já morto: eu uma esposa
Tinha também sob uma lousa.
E ela sabia desse amante.
Jaziam um do outro distante
O amante dela e a minha amante.
Bem não chegamos, os ciprestes
Agitaram as verdes vestes
Como arrojando-se de bruços…
Que ais de tristeza e que soluços
Gemeram tão verdes ciprestes.
Gemia o vento pelas vestes.
Verdes dos vírides ciprestes.
Paramos de repente à porta:
Eu era um morta, ela uma morta.
Tal foi a cena branca e nua
Que nós, clareados pela lua,
Olhamos bem ao pé da porta.
Eu era um morto, ela uma morta,
Sem movimento junto à porta.
Diante de nós, em frente, diante,
O amante dela e minha amante,
Espectros vis num mesmo quadro,
Vinham vagar, hirtos, pelo adro,
Diante de nós, em frente, diante…
O amante dela e a minha amante.
Riram, passando para diante.
(ALPHONSUS DE GUIMARÃES, O HOMEM) 
O CÁLICE
A chuva benéfica e abundante cai dos céus
Mitigando a sede da terra.
Assim também, o Amado faz chover sobre os homens
Os poderes e as bênçãos.
No entanto, choras e desesperas...
Por que não recolheste a tempo a tua parte?
– Nada vi – responderás...
É porque teus olhos estavam nevoados na atmosfera do sonho.
O Senhor passa todos os dias,
Distribuindo os dons celestiais,
Mas as ânforas do teu coração
vivem transbordando de substâncias estranhas.
Aqui, guardas o vinagre dos desenganos,
Acolá, o envenenado licor dos caprichos.
O Amado é incapaz de violentar a tua alma.
Seu carinho aguarda a confiança espontânea,
Seu coração freme de júbilo,
Na expectativa de entregar-te os tesouros eternos...
Mas, até agora,
Persegues a fantasia e alimentas curiosamente a ilusão.
Todavia, o Amado espera.
E dia virá,
Na estrada longa do destino,
Em que estenderás ao seu amor infinito
O cálice do coração lavado e vazio 

(ALPHONSUS DE GUIMARÃES, O ESPÍRITO)




domingo, 9 de setembro de 2012

FRASES DE AUGUSTO CURY



é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.

A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram...

Todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as suas mãos para cultivá-las.
Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros.
Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles.
Um ladrão rouba um tesouro, mas não furta a inteligência. Uma crise destrói uma herança, mas não uma profissão. Não importa se você não tem dinheiro, você é uma pessoa rica, pois possui o maior de todos os capitais: a sua inteligência. Invista nela. Estude!
Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superavél;quando somos abandonados por nós mesmos,a solidão é quase incurável...
QUE VOCÊ SEJA ALEGRE,
mesmo quando vier a chorar.
QUE VOCÊ SEJA SEMPRE JOVEM,
mesmo quando o tempo passar.
QUE VOCÊ TENHA ESPERANÇA,
mesmo quando o sol não nascer.
QUE VOCÊ AME SEUS ÍNTIMOS,
mesmo quando sofrer frustações.
QUE VOCÊ JAMAIS DEIXE DE SONHAR,
mesmo quando vier a fracassar.
ISSO É SER FELIZ.
Que através deste livro você garimpe ouro dentro de si mesmo.
E SEJA SEMPRE APAIXONADO PELA VIDA.
E descubra que você é um
SER HUMANO ESPECIAL.

do site: http://pensador.uol.com.br/autor/augusto_cury/4/

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CARIDADE, A CURA DO MAL



 
         Quando Jesus nos ensinou a perdoar, concedeu-nos o máximo de poder imunológico para frustrar o contágio do ódio e do desequlíbrio, em nosso relacionamento recíproco.
          Perdoa a quem te persegue ou calunia, no veículo do silêncio, e situarás o agressor, na cela íntima do arrependimento, na qual se lhe transformarão os sentimentos para a cura espiritual que se lhe faz precisa.
            Perdoa, sem comentários, a quem te ofende e a breve tempo, te conscientizarás dos males que evitastes e das esperanças com que renovaste muitos dos corações que te partilham a vida.
            Se alguém te feriu, perdoa e silencia. Se alguém te prejudicou, silencia e perdoa sempre.
       Quando todos nós praticarmos o perdão que o Cristo nos legou, teremos afastado do mundo as calamidades da própria guerra, que, na seeência, é a cristalização do mal que nos induz a apoiar, voluntária ou involuntariamente, o extermínio de milhões de pessoas.  

                                                      Emmanuel 
DO SITE:  http://missionariosdaluz.webnode.com.br/products/caridade/ 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O VERDADEIRO ANALFABETO POLÍTICO




O verdadeiro analfabeto político
É entendido, segue os ditames de Bretch,
Abre o peito para dizer:
 ─ Eu voto, o voto é minha arma,
Sem ele as prostitutas se multiplicam,
A Saúde está morta,
A Educação não existe,
Meu povo não tem redenção.
Ou é ignaro para balbuciar:
─ Voto no candidato da mãe que vai me dar uma dentadura,
Um copo de cerveja e um prato de feijoada.

Desconhecem eles, míseros eleitores,
Que o verdadeiro analfabeto é o que vota,
É o que coloca a raposa no galinheiro.

A política é a resina que molda a volúpia por poder.
A política, unifica todo ser, mais que a morte.
Torna a todos escravos da ganância,
E lhes instala no peito o vírus da corrupção,
Que embota as mentes, antes honestas(?)
Individualiza interesses coletivos,
E como uma pandemia se espalha
Escolas, fábricas, sindicatos, bairros, cidades, países, galáxias.
Não há política nem politicalha, como queria Rui.
O que há é a ciência do descaso, da mentira, da usura.

E o povo?
Torna-se vítima desses interesses.
E aí sim surgem mais miseráveis
Que se multiplicam feito tapurus na carne podre,
Prostitutas desfilam suas almas enviesadas nas vielas da solidão,
Professores mal pagos destroem horizontes infantis,
Morre-se, é irônico, nas filas dos hospitais.
E quando vem a chuva arrasta consigo destinos
E se é tempo de seca, sinas são tragadas pela terra.

E os petistas, tucanos, pefelistas, bispos, verdes, comunistas
Estalam o açoite nos palacetes da devassidão
Entre risos, lagostas e uísques.
Enquanto a turba pede esmolas, educação, saúde.
A quem de seus votos se fartara,
Tudo graças ao verdadeiro analfabeto, político. 
                                           (Professor Alves)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

OS INFILTRADOS




Jogão! Flamengo e Ceará, digo Ceará e Flamengo. Eu meu filho torcemos pelo glorioso Ferrim. Que tá ruim que dói. Logo vamos muito pouco ao estádio. E torcemos também pelo Mengão. “Vamos assistir ao jogo, né pai?” Disse Victor Hugo. Assim que soube que os ingressos estavam à venda, corri para o ponto mais próximo. Cheguei atrasado. Só havia ingresso na torcida do Vozão. Fazer o quê. Os outros chegaram rápido. Apenas mil ingressos para os milhares de torcedores do Mais querido do país. Comprei os ingressos e avisei ao meu filho. Vamos fingir que torcemos Ceará. Meu filho foi logo lembrando que a torcida do Ceará é cruel, mais ainda que a torcida do Iraque quando sua seleção joga contra o Irã. Tudo bem, filho, o importante é estarmos lá para vermos nossos ídolos.
Chegamos ao estádio quase na hora do jogo. Depois de muito empurra-empurra, entramos. Logo de cara, vimos e ouvimos o Ronaldinho sendo esculhambado pela torcida do vozão: “Gaúúúcho, biiicha”. Era cruel, e logo nós que o amávamos tanto. Um cidadão distinto, vestido a caráter, que mais parecia o vovô mascate, me cutucou. “Né bicha ele?” E eu ensaiei: “gaúcho bicha”. Muito fraquinho. O outro me olhou desconfiado. Meu filho então entoou: “Leeeo Moura, bichiiiinha”. E me olhou como dizendo “é assim que se finge”. Segue o jogo e meus olhos seguem os jogadores do Fla. De repente bola na área do Ceará, Tiago Neves cabeceia na trave. Soltei o palavrão acompanhado de um gesto de cabeça. Um Parrudão me olhou, e eu disse: “Pode não, vozão, dá moleza” e sorri amarelo. Meu filho me cutucou, como quem diz: “não brinca, pai”. De súbito passam por mim uns quatro “pitbulls”. Um deles diz: “ali, ó!” e aponta para um senhor de de blusa vermelha. Correm até lá e vejo o senhor se explicando, depois de levar uns safanões dos brutamontes. Eram caçadores de flamenguistas. Aí eu tive mais certeza do risco que estávamos correndo. Mas o vovô é ruim demais. Mengão na área, Tiago Neves cruza, Deivid faz 1x0. Alegria contida tem gosto de fel, sal e doce misturados.
Depois do intervalo depois de ouvir um monte de torcedor discutindo sobre o acontecido, enquanto comem caiduro, voltamos para o segundo tempo. Agora a vítima era o juiz: “bicha vagabunda, não toma o jogo do meu vozão”, dizia um. Outro me cutucava e apontava para o árbitro e eu tinha de xingá-lo também. E a gritaria era grande. Lá do outro lado estavam mil flamenguistas felizes, e eu morrendo de inveja. Meu filho mais ainda. A tortura continuava. O Flamengo atacava o ceará se defendia, e eu não podia vibrar com meu time.
De repente os “pitbulls” voltaram. Desta vez empurravam e davam tapas num homem. E gritaram para alguns que estava atrás de mim: “esse estava ali infiltrado, fingindo torcer pelo vozâo”. Nesse momento, ciente do risco, comecei a gritar a plenos pulmões: “Ôôô, Vai pra cima deles, vovôôô!”
(Professor Alves)