segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CIDADANIA: ESSE É O CAMINHO


A Semana > Entrevista Revista ISTO É
|  N° Edição:  2150 |  21.Jan.11 - 21:00 |  Atualizado em 27.Fev.11 - 12:45

Dom Manuel Edmilson da Cruz

"Votar em corrupto é votar na morte"
Bispo que rejeitou homenagem do Congresso lidera movimento para atrelar o reajuste dos parlamentares ao aumento do salário mínimo
Francisco Alves Filho
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INDIGNAÇÃO
Dom Edmilson diz que o brasileiro já

não suporta tanto desrespeito 

Os políticos costumam ser generosos quando seus salários são o assunto. Não há crise ou urgência de corte de gastos públicos que os constranjam. Invariavelmente, eles reajustam seus ganhos bem acima do patamar conseguido a duras penas pelos trabalhadores brasileiros. O último aumento auto-concedido pelos congressistas foi de nada menos que 61%, o que, considerando salários e benefícios, elevou para R$ 2 milhões o custo anual de cada um dos 81 senadores. Cada deputado federal passou a custar R$ 1,4 milhão anuais para o contribuinte. Mas este agrado ao próprio bolso, acertado com rapidez no final do ano passado, acabou provocando um movimento que se espalha pelo País: a defesa de uma lei que atrele o reajuste salarial dos parlamentares ao do salário mínimo e das aposentadorias.
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"O Congresso não tem ninguém do porte
de um Nelson Mandela, que baixou em
50% o valor de seus honorários”
No centro da articulação por esta nova lei está o bispo emérito de Limoeiro do Norte, no Ceará, dom Manuel Edmilson da Cruz. Ele vem recebendo e-mails de todo o País incentivando-o a assumir a liderança de uma campanha destinada a controlar o apetite dos parlamentares. Dom Edmilson, aos 86 anos, foi o responsável pela reação direta ao último aumento abusivo. Ele tinha sido convidado ao Senado, em dezembro, para receber a comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara, por sua luta em favor dos menos favorecidos do Nordeste. Da própria tribuna do Senado, no entanto, recusou a condecoração e deu um sermão nos parlamentares: “Isso (o aumento de 61%) é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte”, disse dom Edmilson. “A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Helder Câmara. Desfigura-a.” Com quase 50 anos como bispo e acostumado a enfrentar os poderosos do Nordeste – inclusive criticando frente a frente generais que pontificavam na época da ditadura militar –, ele afirma que o “representante do povo” que votou a favor do aumento não é digno de tal função. “Isso não é um parlamentar, é ‘para lamentar’.”
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“Qual candidato, por mais abortista que fosse,
iria dizer ao povo que era a favor? Foi inoportuno
tratar do aborto na campanha"
 

ISTOÉ - O seu discurso no Senado ainda repercute muito
Dom Edmilson – Recebo e-mails pedindo para que eu lidere uma campanha por todo o Brasil para tornar lei uma proposta segundo a qual os salários dos parlamentares devem ser reajustados pelo mesmo percentual concedido ao salário mínimo e às aposentadorias. Essa ideia está movimentando muitos grupos pelo País afora, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Rio de Janeiro, do Paraná, de Minas Gerais. É um movimento espontâneo, de cidadãos que sentem que não é possível continuar do jeito que está. A luta vai ser para transformar a proposta em projeto de lei. Por onde passo, recebo manifestações de apoio.

ISTOÉ – Qual seria o parâmetro para o aumento dos políticos?
Dom Edmilson – Concordo com a ideia de que o aumento dos políticos deveria ser o mesmo concedido ao salário mínimo. Isso daria um resultado muito grande como mudança de mentalidade. Passaríamos a fazer as coisas caminharem nos trilhos certos.
ISTOÉ – Alguns parlamentares defendem o percentual atual de aumento, dizendo que têm uma despesa muito alta...
Dom Edmilson – Isso não entra na minha cabeça. Tudo o que eles usam é pago com o nosso suor e o nosso trabalho. Há fatos que esses representantes fazem que não têm qualificação. Recentemente, um deles queria ressarcimento do erário público de uma noite de motel... Isso é razoável?? Uma pessoa tão bem remunerada cobrar do povo uma conta desse tipo? Não é possível aceitar uma coisa dessas

ISTOÉ – O sr. acha que forma de reajuste será mudada em curto prazo?
Dom Edmilson – Houve repercussão às minhas palavras e espero que haja algum efeito. Não porque fui eu que disse, mas porque essa é uma reclamação que está na alma do povo brasileiro. Sinto que o povo não está mais querendo aceitar esse tipo de coisa. Há uma exigência indignada por mudanças. Isso pode ter consequências, como desordens e coisas parecidas

ISTOÉ – O sr. vai participar de manifestações públicas?
Dom Edmilson – Recentemente, alguns estudantes me ligaram para ir a um evento público. Eu disse que não iria, nem ficaria bem, já que haveria também a presença de líderes partidários. Não apoio nem partidos nem candidatos. Poderei participar de qualquer debate sobre a ideia se não houver vinculação a algum partido. Entendo que não é tempo de aliança da Igreja com poder nenhum, seja de forma implícita ou explícita. Mas é tempo de colaboração com todos os poderes pelo bem do povo.

ISTOÉ – Qual deve ser a participação da Igreja na política nos dias de hoje?
Dom Edmilson – Há muitas possibilidades e muitas respostas para esta pergunta. Penso que no momento devemos colaborar para a formação da consciência cívica do cidadão. Nós herdamos uma tradição multisecular que veio de Portugal e Espanha em que, algumas vezes sem querer e sem notar, agimos como corruptos. Vou dar um exemplo. Imagine um sacerdote novo, cheio de boa vontade, que fique responsável por uma paróquia no sertão distante. Se esse padre quiser manter um colégio naquele lugar, vai passar por muito sofrimento, já que os pais não têm dinheiro para pagar e não se pode dispensar o aluno. Digamos que algum político queira ajudar e dê uma subvenção de R$ 1 milhão por quatro anos. O padre, no entanto, recebe R$ 900 mil e deve assinar como se tivesse recebido o total anunciado. Isso não é corrupção? Claro que sim, mesmo que haja muita boa vontade de ajudar o povo. Isso, infelizmente, acontece.

ISTOÉ – O que o levou a recusar a comenda naquela solenidade do final do ano passado?
Dom Edmilson – Estamos em um momento em que as aposentadorias estão baixas, o salário mínimo é insuficiente, os reajustes dos trabalhadores são ínfimos, como aconteceu com os motoristas de ônibus de Fortaleza que pediam 26% e ganharam apenas 6%. Pois em meio a essas injustiças, os parlamentares aprovam aquele aumento (de 61%) em seus vencimentos. Aquilo é uma bofetada nos contribuintes brasileiros, que são quase 200 milhões. Isso é insensibilidade, é desrespeito a si próprio e ao povo.
ISTOÉ – O sr. também foi acusado de ter desrespeitado o Congresso.
Dom Edmilson – Foi em respeito à instituição que fiz aquilo. Não quis afrontar ninguém. É uma questão de convicção, tento colaborar para o bem de todos. A minha fala teve uma repercussão muito grande porque coincidiu com o sentimento da populaçã

ISTOÉ – Como os senadores receberam as suas críticas?
 
Dom Edmilson – Alguns ficaram de cara emburrada, outros não. O Cristóvam Buarque vibrou, aplaudiu na hora. Houve quem argumentasse que as críticas deveriam ser consideradas no futuro, quando houvesse um novo reajuste, mas eu disse que essa atitude deveria ter sido tomada agora. Outro parlamentar disse que minha manifestação poderia ter sido feita de outro modo, em outro momento. Não. Era para ser naquele momento e naquele lugar. Eu estava dando uma colaboração ao dizer algo que tem a concordância da maioria absoluta do povo brasileiro. A população não apenas concorda, mas reage indignada. Digo com toda a humildade e sem querer dar lições a ninguém: temos ali no Congresso pessoas competentes, boas pessoas, grandes homens, mas ninguém ainda do porte de um Nelson Mandela, que, ao tomar posse na Presidência de seu país, fez baixar em 50% o valor de seus honorários.

ISTOÉ – O que o sr. acha do político que votou a favor desse aumento abusivo?
Dom Edmilson – Essa pessoa não representa o povo. Estará causando a morte de muitos, já que vão faltar recursos para a saúde, para o transporte, para a educação. E as pessoas morrem por causa disso. O que está por trás desses aumentos é algo muito profundo. É uma atitude inominável.

ISTOÉ – Qual a responsabilidade do eleitor na má qualidade dos políticos brasileiros?
 
Dom Edmilson – Vingou a ideia do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que muitos diziam ser um grande administrador, mas que outros tantos também acusavam de roubo. E ele dizia: “Roubo, mas faço.” Agora, o pessoal pensa que todos os políticos são corruptos e os eleitores votam no candidato que acham que vai fazer alguma coisa, querem resultados. Com muita frequência, este político, depois de eleito, despreza a saúde, a educação... Aqui em Fortaleza temos pessoas em estado terminal espalhadas no corredor do Hospital Geral. O que o médico pode fazer, com 20 pessoas esperando por ele e sem recursos? Situações parecidas acontecem em outras cidades, até capitais. Isso ocorre porque a contribuição que deveria ir para a saúde é desviada. É uma coisa cruel demais. Por isso, cunhei a frase: votar em político corrupto é votar na morte.

ISTOÉ – Como o sr. viu a participação maciça de grupos religiosos na última eleição presidencial?
Dom Edmilson – Acho que os religiosos, sejam eles católicos, sejam evangélicos, tinham o direito de se manifestar contra o aborto. Mas, falar sobre o assunto naquela hora, puxar o assunto na campanha presidencial, achei inadequado. Naquele momento, qual o candidato, por mais “abortista” que fosse, que iria dizer ao povo brasileiro que era a favor do aborto? Criou-se um mal-estar desnecessário, foi inoportuno. Aborto não é um assunto religioso, é um assunto humano, é assunto relativo à vida.

ISTOÉ – Como o sr. vê o crescimento das denominações evangélicas? Estão tirando o espaço da Igreja Católica?
Dom Edmilson – Há muitos fiéis que saem das igrejas católicas, mas há muitos fiéis que saem também das outras religiões. O importante é que vejo que há uma sede de Deus, talvez pela insegurança que a população vem sofrendo. Observo que vez ou outra um engenheiro, um arquiteto, não apenas o povo mais humilde, pede ao padre uma bênção. Outro dia, uma senhora grávida pediu para que eu pusesse a mão em sua barriga para que abençoasse a criança que vai nascer. Mesmo em meio ao progresso tecnológico, ainda se mantém a fé, essa busca pela segurança divina.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

JESUS, O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU


(Princípios Espirituais)

Mark W. Baker escreveu esse livro para ser lido por toda humanidade. É daquelas obras que revolucionam, não porque o autor o quis assim, mas porque sua índole, iluminada por Deus, assim o fez. Aconselhamos todos a lerem-no e terem-no sempre por perto. Pois uma leitura apenas não basta. Faz-se mister que o leiamos amiúde, na fila, no ônibus, sob uma árvore, nos bancos das praças, enfim, nos intervalos íntimos. Não se trata de um livro de autoajuda, apesar de ajudar a nos compreendermos, conhecermos os outros e nos tornarmos melhores; não é um livro sobre religião, mas nos abre a mente para nossa verdadeira vocação: a crença em Deus; não é um livro de Psicologia, entretanto é impossível não querermos nos aprofundar nessa ciência após sua leitura. Enfim trata-se de um livro que vai nos levar ao encontro de Jesus e de Deus; do consciente e do inconsciente; de nós e dos outros; da Vida e da vida.
Abaixo seguem os Princípios Espirituais (resumos de cada abordagem) elaborados pelo autor:
  1. Aprendemos as verdades mais profundas através dos nossos relacionamentos.
  2. Busquem mais a sabedoria do que o conhecimento.
  3. Não confundam a sinceridade com a verdade; vocês podem estar sinceramente errados.
  4. Ao julgar os outros, nós nos condenamos.
  5. A autoconfiança envolve a crença em uma mentira a respeito de nós mesmos.
  6. Acreditem na verdade com convicção; aproximem-se dela com humildade.
  7. A humildade é a força sob controle.
    A humildade é a força sob controle.
  8. A terapia é mais do que um processo; é um relacionamento.
  9. O dogma não deve se tornar seu mestre.
  10. Roubar os outros furta alma do ladrão.
  11. Não podemos escapar do nosso eu, mas podemos encontrá-lo.
  12. Os bons ouvintes fazem as pessoas serem melhores.
  13. O indivíduo é uma parte do todo.
  14. Às vezes tratamos aqueles que amamos como nunca trataríamos nossos amigos. Devemos pedir perdão por isso.
  15. A imagem de Deus em nós é a nossa capacidade de nos relacionarmos.
  16. A boa moralidade se origina nos bons relacionamentos.
  17. Nós nos salvamos restaurando os relacionamentos.
  18. As pessoas sábias estão sempre abertas a novas ideias e crenças, e até a respeito de si mesmas.
  19. O conhecimento de nós mesmos é fruto do conhecimento pessoal.
  20. Os donos da verdade precisam conhecer a verdade a seu respeito.
  21. Quando achamos que já chegamos, paramos de avanças.
  22. Aqueles que não aprendem com o passado vivem presos a ele.
  23. Até mesdmo aqueles que conseguem o que quere3m precisam pedir o que necessitam.
  24. A coragem não é a ausência do medo e sim a presença da fé apesar do medo.
  25. A mudança nem sempre é hóspede bem vindo.
  26. As mudanças rápidas são frequentemente temporárias, mas o crescimento transforma profundamente.
  27. O egoísmo é pedado e psicopatologia.
  28. Pecado é afastar-se de Deus e dos outros.
  29. As pessoas sábias estão sempre preparadas para mudar de ideias e de atitudes; as tolas, jamais.
  30. A culpa motivada pelo amor cura mágoas; a culpa baseada no medo só faz escondê-la.
  31. O perfeccionismo o é uma máscara e não uma meta.
  32. Às vezes o pecado é um problema que existe entre as pessoas e não dentro delas.
  33. Os rituais nos ajudam a lembrar o amor.
    Uma alma perdida é encontrada e não consertada.
  34. Os rituais nos ajudam a lembrar o amor.
  35. Os rituais favorecem o amor; eles não o substituem.
  36. A saúde começa com o reconhecimento de que não somos Deus.
  37. A verdadeira religião fortalece a compaixão e a ligação com Deus e com os outros.
  38. O problema não é a religião, mas a rigidez religiosa.
  39. Quando o amor é a lei, nós nos apoiamos nela para nos desenvolvermos.
  40. Nenhum substituto do amor perdura.
  41. O problema das drogas é que elas nos fazem sentir melhor – mas só temporariamente.
  42. Os viciados veneram um deus egoísta.
  43. A religião é um caminho e não um destino.
  44. A terapia é um processo de dependência saudável.
  45. Ter necessidades não nos torna carentes.
  46. As pessoas verdadeiramente serenas nunca estão sozinhas.
  47. O amor cura.
  48. Amar os outros é a expressão visível de Deus.
  49. Os atos infantis afastam, quanto que as ações próprias das crianças atraem.
  50. A identidade de uma criança forma-se mais no coração que na cabeça.
  51. A intimidade que vem de um coração puro é essencial no relacionamento de um casal.
  52. O sofrimento é tolerável se não tivermos de suportá-lo sozinhos.
  53. O tempo por si só não é capaz de curar.
  54. Justificamos na mente o que decidimos no coração.
  55. Os hábitos fundamentados no medo corrompem as tradições baseadas no respeito.
  56. Se você pensa rigidamente que está certo, reveja seu pensamento.
  57. A mudança duradoura acontece de dentro para fora.
  58. Não podemos vencer uma luta contra nós mesmos.
  59. O ódio aos outros frequentemente é sintoma de uma ferida interna em nós mesmos.
  60. A mudança nos pontos de vista tem o poder de mudar a história.
  61. A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros tem origem no medo de sermos inferiores.
  62. Os ensinamentos que encerram amor são aprova da verdadeira religião.
  63. Não mude para ser amdo; cresça a partir do que você é.
  64. As diferenças não precisam significar divergências.
  65. É mais fácil desculpar as pessoas do que perdoá-las; mas, para o nosso crescimento, o ideal é perdoar.
  66. Abrir-se para o amor é o que nos realiza.
    O poder pessoal é o poder com outras pessoas e não sobre elas.
  67. O conhecimento pessoal é criado entre as pessoas e não dentro delas.
  68. A maior expressão de empatia é sermos compreensivos com alguém de quem não gostamos.
  69. A compaixão é um precioso instrumento de transformação.
  70. Ser politicamente correto muitas vezes encerra um alto preço pessoal.
  71. A confiança fortalece, ao passo que a arrogância subjuga.
  72. Nós nos tornamos retos quando nos entimos amados, mesmos quando estamos errados.
  73. Venerar a própria mente é venerar um deus muito pequeno.
  74. Existem momentos em que perdoamos a nós mesmos é o mais árduo ato de amor.
  75. O amor por si mesmo e o amor aos outros – um não pode ser praticado sem o outro.
  76. Abrir-se para o amor é o que nos realiza.
     Por Professor Alves

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AUSÊNCIA


De repente na luz parca do horizonte
A luz de ouro do poente surge
É o arrebol que vem enfeitar o fim do dia.

Mas não há lua, não há beleza

O que há?

Não, não há.
Não há beleza. Mas não se assuste
Não é também o fim do mundo.

Este não virá.

O que acaba é o homem
O homem e sua mesquinhez
Porque só ele se imagina insubstituível.

E eu fico triste
Porque você fica triste
Seu semblante não me assusta
Nem me alegra.

Nós refletimos
Porque você é linda
E eu queria que o mundo também o fosse
Para que juntos
Pudéssemos navegá-lo.

(Professor Alves)10.04.02

sábado, 19 de fevereiro de 2011

VIVA COMO AS FLORES



- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.

- Pois viva como as flores, advertiu o mestre.

- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.

Repare nestas flores, continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas.
Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.

Desconhecido (ENVIADO PELA AMIGA Mirian Semeraro)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

PENA DE MORTE INSTITUÍDA NO BRASIL, SOMENTE PARA OS CIDADÃOS

12/02/2011




A pena de morte é proibida no Brasil, exceto em tempos de guerra, conforme a Constituição Federal, que no artigo 5, inciso XLVII, aboliu a pena de morte, "salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX".
A última execução determinada pela Justiça Civil brasileira, segundo pesquisa no Wikipédia, foi a do escravo Francisco, em Pilar, Alagoas, em 28 de abril de 1876.
Em crime de grande comoção nacional é comum o tema voltar à tona. Recentemente em 2007, o caso do menino João Hélio fez os meios de comunicação reacenderem a discussão sobre a reintrodução da pena de morte. O governo brasileiro, no entanto, vem demonstrando pouco ou nenhum interesse em reintroduzir a prática que já não é utilizada há mais de 135 anos, apesar de que o apoio popular ao uso da pena capital aumentou drasticamente no país graças à maciça divulgação do citado crime.
No entanto, pela legislação aprovada pela bandidagem, a pena capital há muito tempo está em pleno vigor, e com altos índices de execução. Pela lei implementada pelos marginais, ao contrário do que ocorre quando eles são presos, não há amplo direito de defesa tampouco é estabelecido um Tribunal do Júri. O julgamento é rápido e a execução é sumária não levando mais do que 1 minuto, em média. Para que isso ocorra,  não é necessário entender e nem argumentar os infindáveis artigos previstos no Código Penal, basta o cidadão esboçar uma ingênua reação e a sentença está decretada, fato ocorrido recentemente com Jesus Bezerra Bonfim que, desarmado, fez menção de tirar a “sua” carteira do bolso para entregar aos latrocidas. Foi o suficiente para o juiz do caso entender que ele estaria burlando o código da bandidagem e oferecendo perigo para a comunidade do crime e por isso não poderia mais viver. Foi alvejado impiedosamente com 3 tiros à queima-roupa, sem chances de defesa, o que não deverá acontecer com esses bandidos caso eles sejam presos, pois terão um julgamento “justo”, prolongado, podendo demorar vários dias e a instrução do processo,  anos. Sendo que ainda poderão voltar às ruas. Ao contrário do Jesus Bonfim.
O que dizer do caso Monteiro que abalou nossa comunidade. Monteiro, depois do dia estafante como tantos outros, estava sentando no aconchego do alpendre  de sua residência. Quando chegam dois assaltantes e anunciaram que queriam os seus pertences. Aflito, Monteiro tenta adentrar na sua residência. Mais uma vez o Tribunal do Crime entra rapidamente em ação. Os desalmados interpretam como atitude não condizente com o Código e em menos de minuto julgam e condenam. A pena foi de morte através de um tiro certeiro e mortal no tórax.
Desço do salto para dizer uma expressão utilizada de bate - pronto nesses momentos: “É de lascar!!”
Portanto, se faz necessário que leis rigorosas e atitudes enérgicas das autoridades legalmente constituídas possam coibir o avanço dessa espécie de Tribunal, sob pena da aplicação de mais um código em nosso ordenamento jurídico, no caso, o Código Hamurabi que tem como princípio basilar "olho por olho, dente por dente". Infelizmente.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ANGÚSTIA E DESESPERO


No pequeno espaço de três dias fui sacudido por duas notícias no mínimo terríveis: dois latrocínios, assalto seguido de homicídio.

No primeiro, próximo de onde moro, houve um assalto a uma van de passageiros. Dois indivíduos, armados, anunciaram o assalto e passaram a recolher os pertences das vítimas. Quando já iam descer, dois jovens, 22 e 27 respectivamente, de comum acordo ou não, resolveram segurar os bandidos, que atiraram quatro vezes, deixando, dois mortos, duas mães desesperadas, amigos angustiados, namoradas em desalento e a população inteira aflita.

O segundo caso chocou mais porque ocorreu a uma pessoas conhecida da família. Jesus Bonfim, natural de Independência, homem pacato como o pai, residente no Montese, próximo ao Extra, vinha com o filho de uma padaria ou de um supermercado, não importa, quando foi abordado por três bandidos que anunciaram o assalto. Segundo consta, os energúmenos já haviam assaltado algumas mulheres no ponto de ônibus. Ao colocar a mão no bolso traseiro da calça para retirar a carteira, Jesus foi fuzilado pelos facínoras, na frente do filho de seis anos.

O que me incomoda não é a morte, mas o medo de viver sem saber até quando vou ter o direito de continuar respirando sobre esse chão. Em que momento vou ser abordado por bandidos, que se multiplicam nesta fortaleza de insegurança onde moramos, para entrar num estranho jogo de roleta russa. O que fazer? Falar com os elementos, para informar-lhes que vou tirar minha carteira do bolso? Levantar as mãos para cima e esperar que eles esvaziem os bolsos, arranquem o relógio do braço e levem o celular? Entregar, sem olhar para eles, a pochete com os pertences e pedir desculpas por não ter o suficiente para satisfazê-los? Entrar em desespero, começar a chorar, enquanto me desfaço dos pertences, entregando-lhos? Nenhuma das formas como nós agirmos, nos dará a certeza de salvar a nossa vida, pois estaremos a mercê do humor desses indivíduos, que agem a qualquer hora do dia e da noite sem serem molestados pela polícia.
É angustiante sair de casa e não saber se estaremos vivos quando formos vistos novamente por nossos familiares. Já cheguei ao desespero de dizer para meu filho que esteja preparado, caso uma desgraça como a citada acima venha a me acontecer. Disse a ele que onde estiver, amá-lo-ei como se estivesse ao seu lado e para ele crescer e ser um cidadão de bem, solidário, amigo, responsável. Ele, na sua tenra idade, não me entendeu direito, mas para me ver tranquilo disse que “tudo bem, nada vai acontecer, pai!”. E eu fico imaginando o desespero daquela criança de seis anos ao ver o pai morto daquela forma, que trauma!

Tenho certeza que como eu há uma legião de desesperados, cuja vontade é aquartelar-se em casa, sem nenhuma vontade de sair para o espaço sem lei que são as ruas dessa cidade cruel. Enquanto isso, soltos por aí estão os assaltantes, desfilando, frequentando restaurantes, padarias, supermercados, passeando livremente armados, só esperando o momento de agir e, se for preciso, ceifar mais uma vida inocente.
(Professor Alves, 11/02/2011)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS D REENCARNAÇÃO


“A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito(...). a vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.”
(Alan Kardec)

As aulas na faculdade se iniciaram no começo de fevereiro, portanto nesse mês não tive tempo para nada. Era mais ou menos pelo dia vinte quando Ernani me telefonou para dizer que o tal psiquiatra americano já estava em Fortaleza e que marcara o início das sessões de regressão para o sábado. Nos dois dias que antecederam a essa data eu me desdobrei para não deixar nenhuma atividade acadêmica para esse final de semana. Dessa forma sábado chegou, e nos reunimos na casa de Ernani para a já famigerada sessão. O médico explicou os procedimentos a serem executados e os problemas que poderiam ocorrer. Disse que mesmo nunca tendo presenciado ou tido notícias de efeitos negativos nos pacientes, era possível que eles ocorressem. Por isso o marido de Aliel teve de assinar um termo de compromisso, que foi guardado metodicamente pelo homem que se chamava Bob, apelido de Robert. Ele ainda perguntou a Aliel sobre seus traumas, suas fobias. Ela fez referência ao medo de tomar comprimido, “pois eles sempre ficam atravessados na garganta.” E colocou as duas mãos no pescoço e pôs a língua pra fora, fingindo estar sendo enforcada. Todos riram de sua atitude. Disse por fim um pouco séria sobre o principal motivo de estarmos ali, que era sua obsessão em achar que muitas pessoas as quais nunca vira parecerem-lhe familiares.
Depois dessa conversa que se deu de forma bem descontraída, o homem ligou o gravador e, em seguida, levou Aliel ao estado de hipnose. Aos poucos ela foi relatando o que via. Como se assistisse a um filme de trás pra frente. Chegou a idade de cinco anos e nos relatou alguns maus tratos infligidos pela mãe, que numa tentativa de mostrar às pessoas que a filha era normal, dava-lhe beliscões por baixo das mesas ou bicava suas pernas com a ponta da sandália. Nesses momentos Aliel parecia estar consciente e não hipnotizada, demonstrou bastante tristeza ao se referir aos fatos. Depois ela encolheu-se toda e ficou em posição fetal e pôs o dedo médio na boca. Aos poucos foi-se estirando novamente e em seus lábios apareceu um breve sorriso, que desapareceu dando lugar a uma expressão séria. E começou a falar:
“Eu ando por uma rua estreita, iluminada à luz de lampiões. Eu sou um homem, estou vestindo um terno azul, trago um chapéu na cabeça e tenho uma enorme barba. Entro por uma porta estreita e vejo meus camaradas, que me esperam. Estão todos taciturnos, preocupados. Todos me chamam de “o Escolhido” e também atendem por pseudônimos análogos. Há o Redentor, o Pensador e outros. O lugar onde me encontro é um espécie de bar e alguns gritam alto em espanhol “ ¿En este bar no hay nadie para servirnos?” E riem sem muita explicação. Do interior aparece uma mulher atarracada com algumas garrafas de vinho que distribui pelas mesas. Ao passar por nós ela diz algo como “Éste es vino de la medianoche”. É um código secreto. Agora eu me lembro, somos todos seguidores de Simon Bolívar e temos um plano de nos unirmos ao seu exército em Caracas. Entretanto há um mal estar, entre o grupo. Temos que esperar a meia-noite. Temos que aguardar com naturalidade para não despertar suspeitas nos outros frequentadores do ambiente. Um dos camaradas retira do paletó um jogo de cartas e jogamos, outros bebem, mas pouco, mesmo assim a tensão não passa. Agora a porta se abre com violência e homens fardados e armados com carabinas entram no salão. Todos vamos presos. Fomos traídos pela taberneira que vai mostrando ao chefe dos fardados quem faz parte do grupo e quem não faz. Ficamos então sabendo que Simon já está refugiado em um país vizinho. Os soldados se aproximam de nós e com suas adagas cortam-nos a garganta. É grande o transtorno dos outros colegas vendo nossos corpos estrebucharem pelo chão coberto de sangue...”
Nesse instante Aliel tornou-se ofegante, com grande dificuldade de respirar. Ela por algumas vezes levou a mão em direção ao pescoço, mas seu ofego foi diminuindo, seu rosto se iluminando. Ela nos contou que fora levada por uma luz e que permaneceu nela um tempo que julgava infinito. Depois começou a espernear como fazem os bebês e nos narrou mais uma de suas vidas. Nesta ela era uma religiosa em missão de caridade numa comunidade pobre no sul da áfrica. Lá sua grande inimiga era a fome que consigo trazia toda sorte de moléstias físicas e morais, narrou-nos seu sofrimento ao ver o semblante da miséria estampada nos olhos e corpos daquelas criaturas desgraçadas. Contou-nos também de sua morte aos oitenta anos rodeada pelas pessoas que tanto ajudara, uma morte, como ela mesma descreveu, feliz.
Nos dias que se seguiram, as sessões se repetiram. Esse trabalho durou exatamente dez meses e aliel regrediu a mais de cinquenta encarnações. Umas sem grande importância, outras contribuíram de forma decisiva para que ela e nós entendêssemos todos os males que a afligiam, todas suas angústias e temores foram desvendados nessas regressões. Entretanto para mim a mais significativa foi quando ela regrediu há aproximadamente mil anos e se viu como Ranjicniami. Nesse período eu estudava fora de horário e até de madrugada para não perder essas sessões, que depois eram cuidadosamente analisadas por nós e pelo psiquiatra, e das fitas eram tiradas, com o consentimento do casal, cópias, para, segundo ele, quando tivesse coragem, publicar um livro com essas experiências e assim enfrentar a comunidade cientifica.
Foi possivelmente, não lembro bem, na décima quinta sessão que Aliel lembrou pela primeira sua vida como Ranjicniami. Falou do nascimento, da infância, das ameaças do pai, das angústias, do medo que todos na ilha tinham das ondas gigantes. Na segunda vez ela relatou o nosso encontro e novamente lembrou seu nascimento e as ameaças do pai. Foi com grande aflição que, em uma outra sessão, relatou nossa morte causada pelas ondas gigantes que nos arremessaram contra as pedras. Às vezes ela passava inúmeras sessões sem lembrar dessa encarnação, seu ser se voltava para momentos sem grande importância como brincadeiras de infância ou simples discussões familiares. Depois ela voltava a lembrar-se de quando era Miciane e eu Daniel. E já nas últimas reuniões ela só regredia a duas vidas: como Ranjicniami e como Miciane. Essas duas existências de aliel eram os elos que nos ligavam, formavam aquilo que antes era o mistério de nossas vidas. Nós nos amávamos de duas formas diferentes, mas que se completavam. Eu a amava e a protegia enquanto ela era Miciane, e a amava, queria-lhe como um louco enquanto Ranjicniami. Entretanto não pude concluir aquilo que poderíamos chamar de nossa missão. Há mil anos fomos arrebatados pelas águas do oceano e tivemos nosso destino interrompido. Como seu irmão, coincidentemente com o mesmo nome que tenho agora, Daniel, não pude protegê-la das maldades perpetradas pela nossa tia, pois morri precocemente em um acidente de trem. Agora era diferente. Nesta vida tínhamos toda a oportunidade de nos realizarmos, de concluirmos aquilo que talvez seja o motivo de nossa estada aqui na terra: amarmos um ao outro em toda sua plenitude. Somos almas gêmeas que precisamos nos completar, somos as metades da laranja separadas pelo fio da faca do destino e que precisamos nos unir para que nossas almas tenham finalmente paz.
No mês de novembro, encerraram-se as reuniões. O americano deu seu trabalho por concluído. As vidas de Aliel haviam sido dissecadas, se havia uma ou outra que não vieram à tona eram sem grande importância. O próprio médico fez referência ao fato de o mistério de nossas existências estar na análise dessas duas vidas. Ernani sabia disso, mas sabia também que seu destino não o havia colocado diante de aliel por acaso, inclusive ele aparecia mais em suas outras vidas do que eu, era sempre seu pai, amigo, avô, confidente. Ele sabia da importância de seu papel na consecução do destino da esposa. Ele a amava e não abriria mão de seu amor. Ela compreendia agora todo o carinho que nutria pelo marido, com quem se dava muito bem. E isso é amor. Além do mais, conhecia seus compromissos como pessoa socialmente comprometida, não podia abdicar de seu matrimônio. Além de tudo isso, havia entre todos nós o Destino como mediador, diante do que foi visto durante todo esse tempo, nós sabíamos que infringir as suas leis era quebrar uma corrente que fora elada há milhões de anos e que, portanto, não havia nada que pudesse ser feito. Tudo devia continuar como estava: Aliel casada e amando seu marido; eu amando-a e respeitando sua condição; Ernani amando a mulher e sendo amada por ela, sendo meu amigo e crendo na minha fidelidade. Só uma coisa mudara, aliás duas: a cura definitiva de todos os males que acometiam Aliel e a nossa compreensão de tudo o que nos cercava. E só uma coisa não sabíamos: em que teias o futuro, que enreda destinos silenciosamente, nos iria jogar. 
(Professor Alves, De Vida, de sonhos e de Encontros