terça-feira, 17 de junho de 2008

ONDE É O SEU LUGAR

ONDE É O SEU LUGAR

UM JOVEM, NEM TÃO JOVEM, SE APROXIMOU DO PROFESSOR E LHE DISSE, COM AR CANSADO E ENTRISTECIDO:
─ MEU AMIGO, EU ESTOU PENSANDO EM IR PARA SÃO PAULO. AQUI EM FORTALEZA A VIDA NÃO TÁ LEGAL. NÃO TENHO EMPREGO, NÃO TENHO NAMORADA, NÃO TENHO AMIGOS. NEM A MINHA FAMÍLIA GOSTA DE MIM. SERÁ QUE LÁ EM SÃO PAULO EU VOU ME DAR BEM?
O MESTRE OLHOU, ATIROU UMA PEDRA, QUE FOI ESTACIONAR LENTAMENTE PRÓXIMO A UMA OUTRA, E LHE RESPONDEU:
─ APESAR DE TUDO DE QUE VOCÊ RECLAMA, MEU JOVEM, AQUI AINDA É O MELHOR LUGAR PARA VOCÊ ESTAR. SÃO PAULO É UMA CIDADE MUITO GRANDE, LÁ VOCÊ SE PERDERÁ NO TURBILHÃO DE PESSOAS E PRÉDIOS, AS DIFICULDADES SE REDOBRARÃO E VOCÊ SERÁ MUITO MAIS INFELIZ. SENTE-SE AÍ E REFLITA.
O RAPAZ SENTOU-SE, POIS A MÃO NO QUEIXO E FICOU REFLETINDO SOBRE O QUE O MESTRE HAVIA FALADO. NESSE MOMENTO CHEGOU UM OUTRO HOMEM, COM AR EXALTADO E UM SEMBLANTE, DIGAMOS, BRILANTE DE SATISFAÇÃO. SENTOU-SE E FOI LOGO DIZENDO:
─ MESTRE, MESTRE, EU ESTOU PENSANDO EM IR PARA SÃO PAULO. AQUI EU TENHO TUDO, TRABALHO, NAMORADA, AMIGOS. MAS EU QUERIA CONHECER OUTRA CIDADE, MAIOR, BUSCAR OUTRA POSSIBILIDADE DE SUCESSO. O QUR O VOCÊ ACHA?
O PROFESSOR, SEM DESVIAR OS OLHOS DO LIVRO QUE LIA, RESPONDEU:
─ VÁ. SÃO PAULO É A CIDADE DAS OPORTUNIDADES. LÁ SUAS CHANCES DE SER FELIZ SERÃO MUITO MAIORES. COMO DIRIA CAETANO: SÃO PAULO É O MUNDO TODO. NÃO ESQUECENDO OS QUE ESTÃO AQUI TORCENDO POR VOCÊ, VÁ E SEJA FELIZ.
ENQUANTO O MESTRE ENCERRAVA SEU DISCURSO, O OUTRO JOVEM O OLHAVA ATURDIDO, COMO A SE PERGUNTAR “E POR QUE EU NÃO SERIA FELIZ EM SÃO PAULO?”

O problema não está no lugar em que estamos, mas nas nossas atitudes com que conduzimos nossa vida. Conheci muitos alunos que mudaram de escola na tentativa de formar grupos de amizade, ou até melhorar as notas. Entretanto depois de algum tempo retornaram às suas escolas de origem, pois perceberam que não era a mudança de escola que iria mudar sua condição. E poucos são os que têm essa humildade de reconhecer onde está o verdadeiro erro: em si. Outros viram as costas para si mesmo e vão levando a vida aos tombos, sem olhar paras trás nem de lado. Esses são os piores que há, não reconhecem as próprias dificuldades e se as reconhecem se fazem de durões. Pra quê? Para não dar o braço a torcer.
Muitas gentes outras conheci que utilizam a mudança dos dígitos anuais como tábua de salvação. Pensam: “Ano que vem vai ser diferente, vou concluir meus estudos, vou parar de fumar, vou deixar de maltratar minha/meu namorada/o. Vou enfim ser feliz.”
Em ambos os casos, na se dão conta de que a mudança está dentro de cada um. É preciso reflexão. Por que a mudança estaria no lugar ou no dígito? Estamos nos aproximando de mais um final de ano e já tem um monte de gente planejando mudanças mágicas para as suas vidas. Mas poucos, muito poucos estão buscando o seu íntimo para saber o que lhes está dando errado. Poucos estão se perguntando “como eu estou na escola, por que eu não tenho minha “tribo”, por que fulano é feliz e eu não, ONDE EU ESTOU FALHANDO? No meu trabalho, como estou realizando minhas atividades, como trato os meus colegas, como gasto o meu dinheiro?...”
É preciso que mantenhamos um diálogo amiúde com nós mesmos. É preciso que tenhamos humildade para descermos até o nosso infinito e de lá tirarmos as verdadeiras respostas para a nossa busca da felicidade. Reflitamos, façamos uma viagem interior, sejamos os desbravadores de nosso próprio sertão, como diria Guimarães Rosa, e...




...SEJAMOS FELIZES!

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