─ Professor, durante o debate o senhor deixou transparecer que viver é melhor que sonhar. Faça também um texto, argumentando sobre essa sua visão do tema e nos apresente na próxima aula.
Eu não tinha escolha a não ser justificar o ponto de vista denotado. Ficou mais ou menos assim:
Viver é provar, é tocar, é sentir, é utilizar-se dos sentidos. É vivenciar os acontecimentos sob suas duas faces: o bem e o mal. Viver é, portanto, aprender a se dar bem e a se dar mal. É aprender a ganhar, a jogar e a perder. Porque a derrota também é um aprendizado.
Sonhar é imaginar, é achar que se está vivendo. É como se trancar no quarto e ficar assistindo ao mundo através da janela. Ver o calor do sol e não senti-lo; ver o brilho do orvalho e não se umedecer nele; ouvir a melodia da natureza e não dançar essa música da vida.
Entretanto o sonho é o alimento, é o combustível das ações. Sonhar com algo hoje e empreender sua realização amanhã é o que impele o vencedor e a vencedora à vida, é o que os torna diferentes dos demais. O sonhar deve ser o recheio das frestas da existência, é com que devemos preencher os momentos vãos que se intercalam às sólidas ações.
Na edição de novembro de 2006 da Superinteressante, há uma matéria intitulada “E se... não sonhássemos”. Vejamos o primeiro parágrafo dessa matéria:
"Caso o homem não tivesse a capacidade de sonhar, você não estaria lendo esta revista, pois provavelmente ainda estaríamos na pré-história – na melhor das hipóteses. O sonho, que surgiu há mais ou menos 140 milhões de anos, quando os mamíferos se desenvolveram a partir dos répteis, é importantíssimo no processo de aprendizado."
(Superinteressante, novembro de 2006, pág. 64)
Nessa interessante matéria, os cientistas discorrem a respeito do sonho definido como fenômeno que ocorre enquanto dormimos, não o sonho de que estamos aqui tratando. Entretanto é fácil perceber a relação entre esses dois sonhares. Para os cientistas o fenômeno, que ocorre na fase REM do sono, foi crucial para o desenvolvimento intelectual da humanidade. Segundos esses estudiosos, sem a capacidade de sonhar, os homens primitivos, por exemplo, não teriam aprendido a enfrentar seus inimigos, como os tigres-dente-de-sabre entre outros.
Assim também ocorre com a nossa necessidade de sonhar com o sentido de querer, almejar, planejar nossas ações. Entretanto é preciso agir para que nos sintamos realizados. O mundo está cheio de pessoas-quase, que são aquelas que vão dizer para os seus netos: “eu quase isso... eu quase aquilo...” Tudo porque passaram a vida sonhando e, de tanto sonhar, esqueceram-se de realizar, de viver.
Assim é preferível viver a sonhar. Viver é a própria realização da existência; sonhar, o plano, a pedra que se lança, os marcos de cada ação.
Sonhe, VIVA e...
SEJA FELIZ!
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