sexta-feira, 19 de junho de 2009

NOTAS DAS AVENTURAS DO PEQUENO PRÍNCIPE


O principezinho, depois de deixar seu pequeno planeta, chega a um outro não muito maior. Lá encontra o monarca absoluto e mantém com ele um diálogo, do qual subscrevo o seguinte trecho:

O principezinho, depois de deixar seu pequeno planeta, chega a um outro não muito maior. Lá encontra o monarca absoluto e mantém com ele um diálogo, do qual subscrevo o seguinte trecho:

“ ─ Majestade... sobre quem é que reinais?
─ Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.
─ Sobre tudo?
O rei com um gesto discreto, designou seu planeta, os outros, e também as estrelas.
─ Sobre tudo isso... respondeu o rei.
Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.
─ E as estrelas vos obedecem?
─ Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente. Eu não tolero indisciplina.
Um tal poder maravilhou o principezinho. Se ele fosse detentor do mesmo, teria podido assistir, não a quarenta e quatro, mas a setenta e dois, ou mesmo a cem, ou mesmo a duzentos pores-do-sol no mesmo dia, sem precisar sequer afastar a cadeira! E como se sentisse um pouco triste à lembrança do seu pequeno planeta abandonado, ousou solicitar do rei uma graça:
─ Eu desejava ver um pôr-do-sol... Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que se ponha...
─ Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como uma borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem – ele ou eu – estaria errado?
─ Vós, respondeu com firmeza o principezinho.
─ Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.
─ E meu pôr-do-sol? Lembrou o principezinho, que nunca esquecia a pergunta que houvesse formulado.
─ Teu pôr-do-sol, tu o terás. Eu o exigirei. Mas eu esperarei, na minha ciência de governo, que as condições sejam favoráveis.”
(O Pequeno Príncipe, Exupéry. tradução de dom Marcos Barbosa, Agir, 39ª edição, pp. 38 à 40)

Observemos que apesar de toda a autoridade nosso rei é sábio. Entende que as pessoas não são aquilo que queremos que elas sejam, nem as situações estão sempre favoráveis à nossa vontade. É preciso que haja condições para que tenhamos o que desejamos com tanta impaciência. É preciso esperar o momento adequado e que nossas vontades, sonhos sejam razoáveis.


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